Prédica: Romanos 15.4-13
Leituras: Isaías 11.1-10 e Mateus 3.1-12
Autor: Werner Brunken
Data Litúrgica: 2º. Domingo de Advento
Data da Pregação: 10/12/1995
Proclamar Libertação – Volume: XXI
Tema: Advento
1. Considerações Gerais
a) O presente texto ainda não foi comentado na série de auxílios de Proclamar Libertação.
b) Encontrei o presente texto em auxílios homiléticos na língua alemã para o 2º e 3º Domingo de Advento.
c) Usarei o texto incluindo os vv. 10-13, pois se tem uma visão mais ampla da mensagem.
d) O 2o Domingo de Advento neste ano coincide com o Dia da Bíblia, o qual merecerá atenção na celebração.
e) A mensagem para a época de Advento encontramos na esperança da reconciliação, que acontece através de Jesus Cristo, a raiz de Jessé.
2. Contexto
Desde 14.1 até 15.13 o apóstolo Paulo esclarece e orienta um desentendimento existente na comunidade de Roma. A presente perícope resume o motivo do desentendimento e abre os horizontes para além da comunidade. No texto é tratada a reconciliação em Jesus Cristo para a vivência cristã em comunidade. Mesmo sentir de uns para com os outros; acolhei-vos uns aos outros — são colocações claras para viver a reconciliação através de Jesus Cristo.
A situação em Roma estava marcada por dois grupos de pessoas com suas convicções diferentes: 14.1 — Paulo denominou um grupo como os fortes (15.1) e o outro como os fracos (14.1ss.). Os fracos diferenciavam entre puro e impuro (14.14). Viviam mais como vegetarianos, desistindo de tomar vinho e observando dias de festas e de jejuns (14.2-21). Os fortes não observavam essas leis. Paulo lhes deu razão quando afirmou: Eu sei e disso estou persuadido no Senhor Jesus, que nenhuma cousa é de si mesmo impura, salvo para aquele que assim a considera (14.14,20).
Mesmo expressando que os dois grupos tinham razão na sua maneira de pensar e de agir, Paulo procurou ajudar a resolver esse conflito, dando as seguintes sugestões:
a) Os fracos não julguem os fortes (14.3,10,13).
b) Os fortes não desprezem os fracos; pelo contrário, precisam ir ao encontro deles, participando da comunhão de mesa e desistindo de comidas que possam escandalizar os fracos (14.3,10,21).
c) Fracos e fortes se aceitem mutuamente e vivam como comunidade unida para o louvor de Deus (15.1-7).
3. Refletindo sobre o Texto
Mesmo que na perícope (15.4-13) não apareçam os fracos e os fortes, o assunto está presente quando Paulo pede que as pessoas se acolham mutuamente. Para pedir que as pessoas se acolham, deve haver um motivo. E este foi a problemática entre fortes e fracos descrita desde 14.1. O apóstolo recorre às Escrituras, afirmando que tudo que foi escrito o foi para que pela paciência e consolação tenhamos esperança. E esta paciência e consolação vêm de Jesus. Ele é o autor de uma nova vida, na qual não há necessidade de competições nem de condenações, mas de aceitação mútua, onde se vivem em grupo a paciência e a consolação. Pensando bem, são duas palavras bem apropriadas para a nossa convivência. Paciência — é ter a humildade de escutar o outro, olhar para ele, procurar compreendê-lo na sua maneira de pensar e viver. Consolação — saber levar uma palavra de compreensão, uma palavra amiga, uma palavra acolhedora. Tudo para que nesse Deus da paciência e consolação possamos ter o mesmo sentir de uns para com os outros (v. 5).
Onde se vivem esse sentir e aceitar, aí a uma só voz será glorificado o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (vv. 6,9-12).
Deus em Cristo chegou bem perto de nós (Natal) e quer que vivamos esta proximidade entre nós (v. 7). Neste Deus, que está bem perto de nós, podemos viver a sua alegria e a sua paz. Podemos considerar-nos ricos de esperança no poder do Espírito Santo (v. 13), que nos ilumina no caminho de nossa vida.
4. Meditação
Diferenças gritantes entre pessoas, grupos, povos e raças é o que verificamos diariamente ao nosso redor ou através da televisão, de revistas e jornais. Diferenças que levam a desentendimentos, brigas, mortes e separações sem fim.
Também na vida das comunidades cristãs vamos encontrar pessoas e grupos que se excluem mutuamente, se julgam e se condenam. Às vezes tais diferenças estão no que se pode comer ou não. Outras vezes estão na área do vestir, fumar, dançar, pensar, raças, tradições, situações econômicas. Vemos o quanto pessoas sofrem por causa da incompreensão dos outros.
Essa situação de incompreensão entre grupos o apóstolo Paulo encontrou na comunidade de Roma: pessoas se excluíam mutuamente por causa da comida e das tradições festivas, impondo tradições judaicas aos cristãos provenientes dos gentios. O texto expressa que Paulo tinha muita compreensão para com todas as pessoas: sabia entender os fracos e os fortes. Cada grupo tinha sua razão. Mas pediu que na paciência e na consolação, que vêm de Jesus, se aceitem mutuamente, convivam bem e glorifiquem o Pai.
Toda orientação vem de Deus, testemunhado na Sagrada Escritura — hoje é Dia da Bíblia — motivo para agradecer e louvar a Deus, que vem ao nosso encontro na sua palavra. Ele fez a promessa de mudar a relação entre os seres humanos e animais — tudo para que haja aceitação mútua e vivência na paz (Is 11.1-10).
E no texto de Mt 3.1-12 o evangelista descreve este Deus, que em Jesus Cristo está presente. Ele é o Senhor e Salvador da humanidade.
Se este Senhor já veio (Natal) e viveu a reconciliação, somos desafiados a colocar em primeiro lugar o acolher uns aos outros e não as diferenças que constatamos nos outros.
Também nestes dias de Advento, que é tempo de espera, vamos exercitar esse acolhimento mútuo, não só dentro da comunidade, mas para fora, estendendo as mãos num gesto de aceitação mútua. E onde acolhemos uns aos outros, aí vamos sentir suas necessidades e passaremos a agir em favor das pessoas.
5. Celebração e Pregação
1. Damos as boas-vindas a todos neste 2° Domingo de Advento, que é ao mesmo tempo o Dia da Bíblia. Queremos viver neste encontro o Deus da esperança, que nos enche de todo o gozo e paz no nosso crer.
2. Nesta esperança do Deus que veio e que está vindo ao nosso encontro, convido para cantar o hino 132 (HPD — Hinos do Povo de Deus): Fonte da celeste vida… (ou outro hino que expresse a importância da Bíblia).
3. Lembro que toda paciência e consolação para uma vida de aceitação mútua vêm do Senhor, Criador do céu e da terra. A ele rendemos graças e adoramos, quando a Bíblia testemunha a respeito dele: que a sua palavra é como uma lâmpada para os nossos pés e uma luz a iluminar os nossos caminhos. Por isso, convido para enaltecer este Deus na sua Trindade, cantando Glorificado seja teu nome… (HPD 253) ou hino idêntico.
4. Comunidade: Glorificado seja teu nome…
5. Diante deste Deus, que é o único que merece adoração e gratidão, reconhecemos nossa imperfeição. Por isso, confessemos os nossos pecados: Deus Pai! Tu vieste e estás vindo a este mundo através de Jesus Cristo. Tu estás bem perto de nós, e até dentro de nós. Tu nos reconciliaste contigo para vivermos esta reconciliação uns com os outros. Mas a realidade muitas vezes é outra: julgamos uns aos outros, condenamos, excluímos — às vezes por motivos insignificantes. Perdoa-nos pelo sangue de Jesus e fortalece-nos por teu Espírito, para vivermos mais o acolhimento mútuo também neste Advento. Humildemente pedimos-te: Tem piedade de nós, Senhor!
6. A comunidade canta do hino 150 (HPD) as estrofes l e 2: Se sofrimento te causei, Senhor… se a meu irmão não demonstrei amor… (ou outro hino que expresse o sentimento de culpa e a certeza do perdão).
7. Valorizando o Dia da Bíblia, convido para ouvirmos o seu testemunho registrado no livro do profeta Isaías 11.1-10, que nos traz a esperança de uma convivência de paz (duas pessoas lêem alternadamente com a comunidade).
8. A estas palavras a comunidade responde com o hino 201 (HPD): Enquanto, ó Salvador, teu livro ler…
9. Outro testemunho da importância que tem a vinda de Deus em Jesus para nós está registrado no Evangelho segundo Mateus 3.1-12 (uma pessoa lê).
10. A comunidade repete a estrofe do hino do item 8.
11. Oração: Eterno Deus! Somos-te gratos por podermos estar reunidos em teu nome e experimentar a comunhão, o perdão, a reconciliação e o amor que provêm de ti. Somos gratos por tua palavra testemunhada por pessoas e que veio a nós através da Bíblia. Concede que a comunhão contigo nos leve a vivermos o acolhimento mútuo aqui e lá fora. Por Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Amém.
12. Comunidade que se sabe aceita por Deus testemunha também a sua fé neste Deus. Por isso, convido para expressarmos nossa fé com as palavras do hino 158 (HPD): Da terra a plenitude, dos astros o esplendor… (ler ou cantar).
13. Espaço para avisos, boas-vindas, recolhimento de ofertas, batismos.
14. A comunidade canta o hino l (HPD): Como hei de receber-te, benigno Redentor?.
15. Leitura: Rm 15.4-13.
16. Reflexão sobre o texto:
a) Colher opiniões sobre diferenças na vida das pessoas: na família, no trabalho, na escola, no clube, na Igreja. Como as pessoas lidam com essas diferenças?
b) O apóstolo Paulo também encontrou diferenças entre os cristãos. Descrever quem eram os fortes e quem eram os fracos.
c) Como Paulo trabalhou com essas diferenças? Não as desprezou nem as julgou. Cada um podia viver na sua maneira de ser.
d) O conselho de Paulo foi: a partir da presença de Deus em Jesus Cristo, que expressa paciência e consolação, acolher uns aos outros nas suas diferenças.
e) Onde se vive a comunhão com Cristo há esperança de que as diferenças não se tornem motivo de tropeço e separação.
f) Na esperança da vinda de Jesus Cristo exercitar o mesmo sentir de uns para com os outros e acolher-se uns aos outros.
g) Onde se consegue colocar a convivência acima das diferenças, aí o resultado é o glorificar a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que torna possível o acolher uns aos outros.
17. A comunidade canta o hino 5.1-3 (HPD): Erguei os arcos triunfais ao Rei dos reinos celestiais!.
18. Oração: Pai Eterno! Obrigado porque tu ages conosco na tua paciência e consolação. Obrigado porque vieste trazer a reconciliação a este mundo. Por este teu grande amor, te louvamos e glorificamos. Agradecemos pela Bíblia, pois ela nos transmite a tua vontade, e hoje nos desafia a vivermos as diferenças, acolhendo-nos uns aos outros na tua paciência e consolação. Por Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, que nos ensinou a orar:
19. Todos: Pai nosso, que estás nos céus…
20. Bênção: O Espírito do Senhor sempre te revestirá; segura na mão de Deus e vai! Jesus Cristo prometeu que jamais te deixará; segura na mão de Deus e vai!
21. Hino final: 2 (HPD): Todo o mundo louve a Deus, que a promessa cumpre aos seus….
6. Bibliografia
MACK, Ulrich. In: Neue Calwer Predigthilfen; 4. Jahrgang. Stuttgart, Calwer, 1981.
STECK, Karl Gerhard. In: Herr, tue meine Lippen auf. Wuppertal, Emil Müller, 1959. vol. 2.
VOIGT, Gottfried. Homiletische Auslegung der Predigttexte; neue Folge; Reihe IV. Göttingen, Vandenhoeck & Ruprecht, 1981.
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia