O sufoco promovido pelo Natal teve as suas marcas específicas e aconteceu no seu devido tempo. Os momentos de grande expectativa, as expressões de alegria, a euforia dos presentes, o capricho do preparo, as homenagens programadas, as surpresas acontecidas e também as frustrações fazem, agora, parte da história que passou. O brilho da festa já cedeu de novo lugar à realidade do cotidiano. À nossa espreita encontram-se os compromissos assumidos, as incertezas do dia de amanhã, os medos e as preocupações com os desafios futuros. Sentimentos que talvez ainda se mesclem com os bons desejos enunciados na virada do ano, por sinal, ano novo, governo novo, projetos políticos que sugerem alternativas e caminhos diferentes!.
Passado o episódio histórico, em Belém, face ao nascimento do Salvador, o Messias de Deus, a realidade volta ao normal, também na região de Belém. A manjedoura naquela estrebaria já não serve mais de berço para a criança salvadora. Os anjos provenientes das regiões celestiais, portadores de uma mensagem espetacular, se ausentaram, e os pastores como os primeiros ouvintes da mensagem divina retornaram ao trabalho diário, cuidando das ovelhas nos pastos em volta de Belém.
Será que a paz anunciada e a esperança semeada com o advento desse menino, o Deus-conosco, de fato nos completaram, preencheram as nossas expectativas, nos convenceram diante das dúvidas e dos anseios humanos por mais vida? Que lições podem ser tiradas do acontecimento natalino?
O evangelista Lucas (Lc 2, 22-38) nos apresenta duas pessoas interessantes: Simeão, homem justo e piedoso e Ana, a profetisa. Ambos descobrem nessa criança a concretização das esperanças que alimentavam as suas vidas, o tempo inteiro.
Bendizem o momento em que podem enxergar o recém-nascido e tocar o menino que é consagrado a Deus, no templo, segundo a tradição judaica. Enquanto na história do Natal é anunciado o envio ao mundo do Filho amado de Deus, existe uma mudança de curso dos fatos: agora o Filho unigênito, o menino Jesus, é devolvido ao Pai, através do rito da consagração. Simeão louva a Deus e exclama: Os meus olhos viram a tua salvação, por isso despede o teu servo em paz!
A oferta preciosa do Natal continua, aliás, deve continuar presente! Essa oferta única de Deus nos traz uma consolação impagável. Seu conteúdo é muito claro: O mundo tem jeito; nosso país tem jeito! A confiança no Cristo, presente em todos os espaços da vida e dos relacionamentos, é motivo de grande esperança. É certeza que promove a abertura das janelas da vida para que a Luz do mundo, Jesus Cristo, por elas possa penetrar e produzir através do nosso engajamento, frutos da justiça, do perdão e da paz! Uma lição especial e existencial para o novo ano! Por isso, paz e bem em 2003!
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville – SC
Jornal ANotícia – 03/01/2003