|

As águas de janeiro confundem-se com águas da esperança. Nas águas da esperança, a classe governante no País está promovendo um banho, cujos efeitos deixarão marcas profundas. Os poros encobertos pela poeira da angústia, do medo, da violência e da fome, da insegurança estão sendo reativados e purificados. Desobstruir os poros para uma melhor oxigenação do corpo todo é preciso! Assim haverá maior coragem, mais liberdade e ânimo, maior alegria, mais verdade, e confiança e sobretudo haverá perspectivas de paz..

Queira Deus que esse banho continue e que as águas não escorram, sutilmente embora, quando no futuro próximo os grandes temas mundiais e continentais serão outros.

Na qualidade de comunidade cristã, o autor e a fonte de toda esperança é Jesus Cristo. Essa certeza não é fruto de especulação humana, não é expressão ideológica, mas é consequência dos acontecimentos que marcaram e continuam marcando a história de Deus junto dos seres humanos.

O cheiro do Natal nos deverá acompanhar durante toda a trajetória de vida e de projetos existenciais em 2003! Aliás, Jesus Cristo aos olhos da fé é o maior projeto histórico de Deus.

A esperança no Antigo Testamento. Foi esse conceito que conferiu sentido e conteúdo ao povo da Antiga Aliança, o povo de Israel. Esse povo viveu da esperança que Deus, o Senhor, cumprirá as suas promessas, a fim de que a sua vida e o seu futuro estivessem assegurados. A sensibilidade e a humanidade do Deus israelita fizeram com que Ele libertasse o povo de Israel da escravidão. O profetismo em Israel trouxe a sensação de uma brisa vital, brisa esta proveniente do futuro de Deus. O futuro é anunciado sendo um novo tempo, em que vigorarão valores novos: em especial, a justiça e a paz (Isaías 9 e 11). A promessa de salvação, razão para a esperança, acontecerá em todos os níveis: pessoal, coletivo, político, também no meio ambiente (Isaías 58. 6 e seguintes)

A esperança do Novo Testamento. Mais do que o Antigo Testamento, o Novo Testamento é o livro da esperança. A mensagem cristã continua marcada pela esperança por um novo céu e uma nova terra. Sinal da existência cristã é, por excelência, a esperança. A fé verdadeira e a esperança andam de mãos dadas. Jesus Cristo é a amostra-grátis daquilo que esperamos. Ele é o primogênito do Novo Mundo; é a primícia da ressurreição. O mundo de Deus, grávido, gerou o primeiro fruto: Jesus Cristo.

A esperança da família cristã voltada para o futuro de Deus não substitui a ação. É esperança prática, dinâmica, não conduz a atitudes passivas, frutos de uma quietude irresponsável. Não compete a cristãos fixarem apenas o céu. Olhamos para frente e para os lados, tornamo-nos ativos e intrépidos.

A esperança de discípulos/as coopera na transformação do mundo. Por essa razão é preciso apoiar todas ações políticas, sociais, econômicas e culturais que visam a mudanças e que visam ao bem-estar e à paz para todas as pessoas!

Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville – SC
Jornal ANotícia – 31/01/2003