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“Posso fazer tudo o que quero. Sim, mas nem tudo me convém.
Posso fazer tudo o que quero, mas não deixarei que nada me escravize.”(1Co 6.12)

Estamos a poucos dias do Carnaval, festa conhecida como sinônimo de liberalidade, em que parece não haver limites para a descontração, em que muitos foliões se despem de preocupações cotidianas e procuram viver a fantasia de ser e fazer tudo aquilo que normalmente não é permitido ou tolerado.

Diante do Carnaval há vários tipos de opiniões e manifestações: há pessoas que ficam escandalizadas com tanta falta senso de responsabilidade e por isso procuram ficar alheias a tudo o que se relaciona ao Carnaval; há outras que simplesmente ficam indiferentes ou assistem a tudo pela televisão como meros expectadores; há quem condene com total veemência o Carnaval, como símbolo de depravação e evidência da perdição das pessoas que tomam parte nesta festa, então optam por participar de retiros de espiritualidade, onde, através de palestras, orações, cantos e comunhão, procuram um crescimento na fé; há, ainda, aquelas pessoas que adoram o Carnaval e esperam ansiosos por sua chegada, quando terão a oportunidade de viver muitas de suas fantasias ou coisas que normalmente não se sentem encorajadas a fazer. Como cristãos, vale a pena perguntar: qual é a melhor postura diante do Carnaval? Dá para conviver com ele, tomar parte em certa medida ou o melhor é empenhar-se por combatê-lo?

Embora esta festa possa ter tido em suas origens ou ao longo de sua história um caráter religioso, o que não se pode negar é que atualmente o Carnaval é marcado por muita descontração, mas também por muitos abusos, geralmente relacionados ao uso um tanto irresponsável do próprio corpo, por exemplo: no consumo exagerado de bebida alcoólica, no relacionamento íntimo e inconseqüente entre pessoas totalmente desconhecidas, no desgaste físico decorrente de vários dias e noites seguidas de folia, praticamente sem dormir e, ainda, de muitas outras formas.

Para nós, luteranos, conhecidos por gostarmos de dançar, fazer festas alegres, por não termos proibições com relação ao uso de bebidas alcoólicas, cigarro, roupa e assim por diante, também não existe proibição quanto à adesão ao Carnaval. O que não podemos perder de vista é que, como cristãos, somos chamados a ser bons administradores de tudo o que recebemos de Deus: vida, saúde, inteligência, criatividade, alegria, disposição, trabalho, bens, amigos, família … Se reconhecemos que tudo o que temos e somos é graças a Deus, isso também deve se refletir na nossa responsabilidade para com tais bens.

A dica do apóstolo Paulo, encontrada no versículo que orienta nossa reflexão serve bem como guia para nossas decisões e atitudes: “Posso fazer tudo o que quero. Sim, mas nem tudo me convém. Posso fazer tudo o que quero, mas não deixarei que nada me escravize.”(1Co 6.12) É desejo de Deus que sejamos livres e não escravos, por isso, desejo que todos recebamos, pelo Espírito Santo, sabedoria suficiente para vivermos nossa liberdade cristã, sem nos tornarmos justamente escravos dela.

Que Deus abençoe você!

P. Aneli Schwarz