A cada mês tenho, na qualidade de pastor luterano, esse contato com os leitores deste veículo de comunicação. Sem dúvida, um privilégio por causa da minha função e um desafio ecumênico como pessoa que compreende o Corpo de Cristo, a Igreja, na sua dimensão ecumênica, de horizonte aberto onde o acolhimento fraterno mútuo não é problema.
Nesses últimos dias eu deparei sobre uma das mesas de trabalho do Sínodo Norte Catarinense o caderno de orientação visando à próxima Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Será esta ação comum, um exercício do ecumenismo de base, do povo que constitui as igrejas e que luta por objetivos comuns em nosso país ou será o chamado à Oração pela Unidade dos Cristãos uma ação mais ampla coordenada pelas lideranças eclesiásticas vinculadas às suas instituições, uma prática ecumênica das cúpulas?
Em Joinville, a defesa tão necessária dos direitos humanos que aponta à unidade em torno de objetivos humanísticos, além dos propósitos culturais e ecológicos, acontece de forma ecumênica. Esse empenho é promovido pelo ecumenismo de base ou será uma ação coordenada pelo ecumenismo de cúpula.?
Como distinguir ecumenismo de base e ecumenismo de cúpula? O primeiro é subentendido sendo expressão das instituições eclesiásticas, por isso considerada lenta, conservadora e sujeita às tradições. ( G. Brakemeier)
O ecumenismo de base parte de compromissos éticos, da luta por justiça, desafios motivados por questões que geram angústia, marginalidade e violência na sociedade.
Importa sublinhar que ecumenismo de cúpula e ecumenismo de base não são polos concorrentes entre si. Ambos coexistem e carecem de um exercício de aprendizagem mútua.
O sujeito último do ecumenismo é o próprio Deus, nós somos apenas cooperadores, responsáveis perante o seu juízo (G. Brakemeier). A qualidade do ecumenismo sempre dependerá deste indicativo e pressuposto do Evangelho de Jesus Cristo.
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville – SC
Diocese Informa – 03/2003