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O movimento ecumênico é um movimento que prevê muito diálogo e também práticas comuns entre as Igrejas.

Através do diálogo, do estudo, do debate se quer chegar a uma atitude de respeito e a uma convivência saudável entre as Igrejas sérias e responsáveis. Dois eixos do conhecimento do outro devem basear o diálogo ecumênico: 1) entender o que nos aproxima do outro, o que se tem em comum; 2) respeitar o que nos diferencia, o que nós temos de diferente um do outro.

Uma das práticas que prevêem e exigem muito diálogo é o Ensino Religioso nas Escolas. Desde 1997 existe uma Lei Federal que determina ser o Ensino Religioso …parte integrante da formação básica do cidadão, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil…. No Estado de Santa Catarina existe uma entidade que se ocupa de promover o diálogo entre as diversas denominações, inclusive com as igrejas e movimentos não-cristãos. Esta entidade chama-se CONER-SC (Conselho de Ensino Religioso do Estado de Santa Catarina). Deste Conselho participam a Igreja Católica bem como a Igreja de Confissão Luterana, ao lado do Hinduísmo, Budismo, Afro-brasileiros e outros. Sem dúvida, uma experiência muito importante, pois tem em vista a sala de aula, a professora, os alunos, a vida bem concreta. Através do Ensino Religioso pode-se, então, aprender melhor o que outros irmãos e irmãs pensam e pregam, como vivem sua fé, o que temos em comum e no que caminhamos separados.

Sem dúvida, como está registrado nos Parâmetros Curriculares, o ser humano constitui-se num ser em relação. Na busca de sobreviver e dar significado para sua existência ao longo da história, desenvolve as mais variadas formas de relacionamento com a natureza, com a sociedade e com o Transcendente, na tentativa de superação da sua provisoriedade, limitação, ou seja, sua finitude. Portanto, uma aula de Ensino Religioso dada dentro da perspectiva da Lei Federal, vai contribuir enormemente para o diálogo, para a tolerância, para uma convivência pacífica entre diferentes.

Embora cada um nós considere a forma de sua Igreja a mais completa, a que preenche as carências espirituais e reponde às perguntas existenciais, não deixa de ser um exercício muito construtivo o de aceitar que para outras pessoas isto é diferente e que o diferente não é pior nem melhor, mas um universo que faz sentido e dá significado à vida daquelas pessoas.

Meu desejo é que queríamos e possamos sempre aprofundar o diálogo para que a prática traga frutos de Paz e de Harmonia na sociedade em que vivemos.

Carlos Musskopf
pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville – SC
Diocese Informa – 05/2003