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Nesta sexta-feira se inicia, em Joinville, a 6ª Assembléia do Sínodo Norte-catarinense. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, para promover agilidade de serviços, aproximar a direção da IECLB com as comunidades e paróquias, organizou 18 sínodos. O encontro mais abrangente dos representantes sinodais é promovido anualmente nas assembléias sinodais. É lugar de avaliação, de planejamento, de busca de prioridades de ação, e também lugar de estudo e de congraçamento..

O tema de reflexão da 6ª Assembléia Sinodal do Sínodo Norte-catarinense é o seguinte: O mundo, jardim de Deus, lugar para viver e servir. O mundo, um jardim! É verdade? Jardins são espaços prazerosos, lugares agradáveis para passear, locais que, quando bem cuidados, causam encanto. Convido os/as leitores/as deste artigo a um passeio. Atentos/as, de olhos abertos e sensíveis, será possível descobrir que se trata de um belo lugar. Há plantas e árvores, detalhes interessantes que enchem os olhos e dão paz à alma, fazendo muito bem aos olhos. Em meio ao verde do jardim, descobrimos flores e também espinhos; flores multicoloridas espelham vida e alegria. A seu lado, crescem ervas daninhas, vem o inço e se espalham os espinhos; fazem parte da realidade do jardim. Flores e espinhos, lado a lado! É soma de uma paisagem que desenha a realidade humana.

A história do cotidiano está resumida nessa paisagem. Flores nascem para embelezar nossos quintais, alegram as pessoas com suas cores vivas e atraentes, seu cheiro é agradável e são as flores que representam o último e único gesto possível no fim da vida. Numa determinada época do ano, Joinville é visitada por muitas caravanas de pessoas atraídas pela Festa da Flores. Flores causam admiração; as crianças gostam de brincar em jardins, rolar sobre a grama, andar no meio das flores.

Cremos num Deus que faz sua história de muitas maneiras. Lembramos, entre outros exemplos, que a Igreja cristã em Atenas, na Grécia, nasceu num mercado público. Lugar central da cidade onde se realizavam as manifestações do povo. Os cidadãos de Atenas exteriorizavam ali a variedade das expressões culturais, manifestavam as formas de vida, discutiam ali a vida política e administravam naquele lugar público a jurisprudência.

Jesus fala da terra, dos campos e das flores. Lembra também os espinhos que ameaçam a boa semente. Com os seus discípulos, caminha na roça e colhe espigas, isto em dia santificado, no sábado. Jesus observa a beleza dos lírios do campo. Admoesta aqueles que lhe pareciam escravos das preocupações e afirma que nada se compara à beleza dos lírios, apesar de não contribuírem em nada para serem tão belos. Deus mesmo cuida das flores e coloca nelas sua formosura.

Jardins causam encanto e admiração, quando bem cuidados e organizados com carinho. Mas jardins também levam à frustração e ao desencanto, se desleixados, abandonados e tomados por ervas daninhas e espinhos.

Desde o início da criação, o ser humano foi colocado num jardim, o Éden. Foi colocado ali para cultivá-lo e guardá-lo. O mundo não está pronto. Precisa da cooperação das mãos, do coração e da sabedoria humana. O jardim de Deus, o mundo, necessita de co-criadores e de recriadores. A infidelidade que marca o relacionamento humano com o Criador motivou sua expulsão do jardim do Éden. Apesar da desobediência, Deus é extremamente zeloso e cuida graciosamente de suas criaturas. Pessoas humanas continuam vivendo entre flores e espinhos neste mundo, o jardim de Deus. Até mesmo, nós nos assemelhamos a flores e espinhos. O povo de Deus é escolhido para refletir a realidade do jardim, que sabe encantar ou gera frustração e desencanto. Antes de tudo, seres humanos são eternos aprendizes da misericórdia divina, e totalmente dependentes da graça de Deus!

Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville – SC
Jornal ANotícia – 23/05/2003