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Talvez você já tenha ouvido falar no povo indígena Deni relacionado com sua luta pela demarcação de terras, apoiada por entidades nacionais e internacionais, como o Comin, da IECLB, e o Greenpeace. Os Deni compõem uma tribo de cerca de 660 índios que ocupam uma área remota no Amazonas de 1,53 milhão de hectares de floresta nativa. São quatro aldeias no rio Cuniuá (afluente do Purus) e outras quatro no rio Xeruã (afluente do Juruá). A demarcação do território Deni começou a ser discutida em 1985 e teve início, depois de muitas dificuldades e demora, em junho deste ano. 

Nos últimos anos, a integridade da área correu sérios riscos. O Greenpeace denunciou, em 1999, a compra de 313 mil hectares de floresta virgem pela gigante indústria madeireira malaia WTK. A madeireira pretendia explorar a área para produção de compensados destinados à exportação por sua subsidiária Amaplac, empresa sediada em Manaus. A compra de boa parte das terras pela WTK, do empresário amazonense Mário Moraes se sobrepunha ao território Deni – ou seja, eram, na verdade, terras indígenas e não poderiam ter sido negociadas. Depois de uma campanha de pressão internacional, a WTK abriu mão de explorar a região.
O Comin está presente através da Missão Deni – Rio Xeruã, uma iniciativa que busca contribuir com a autonomia, questões de saúde, educação, demarcação das terras e organização dos indígenas. Dentro desta proposta, recebeu apoio da Fundação Luterana de Diaconia para financiar um projeto de produção de farinha e de aperfeiçoamento do artesanato Deni.

Quatro aldeias instalaram suas casas de farinha e já estão trabalhando e vendendo com sucesso a farinha de mandioca. O projeto sempre foi acompanhado pelos índios. Eles gostaram que o recebimento do dinheiro, o acordo administrativo e a prestação final precisavam também das suas assinaturas. Uma maneira transparente e louvável, relata o pastor Walter Sass, da Missão Deni.

Os índios também adquiriram máquinas para o melhoramento do seu artesanato. Antes da compra, dois artesãos, escolhidos pela comunidade indígena, foram para Rio Branco fazer um curso com os Aripunã, que trabalham há muito tempo com estas máquinas de melhoramento, politrizes e furadeiras, conta Sass. Quero agradecer à Fundação Luterana de Diaconia pelo apoio que foi dado através do Projeto Casas de Farinha. Posso afirmar que é muito válido e já está cumprindo seus objetivos de fortalecer a auto-sustentação do povo Deni. Já foram levadas muitas sacas de farinha para os municípios de Itamarati (AM) e Carauari (AM). Alegro-me que o povo Deni paga a gasolina e peças de motor com a venda da farinha, um sinal da consciência do povo.

Fonte: FLD