Prédica: Lucas 23.(26-32) 33-49
Leituras: Salmo 31.1-5,9-16 e Hebreus 9.15-17,26b-28
Autor: Uwe Wegner
Data Litúrgica: Sexta-feira da Paixão
Data da Pregação: 9/4/2004
Proclamar Libertação – Volume: XXIX
Tema:
1. Particularidades do texto de Lucas e análise do conteúdo
O texto previsto para a pregação (Lc 23.33-49) compõe-se de três perícopes. Destas, a primeira (sobre a crucificação) e a terceira (sobre a morte na cruz) possuem paralelos em Marcos (Mc 15.22-32 + 15.33-41). A segunda (Lc 23.39-43), ao contrário, é praticamente toda matéria exclusiva de Lucas. Esta é a história de dois malfeitores crucificados com Jesus, um à sua direita, outro à sua esquerda. Marcos e Mateus não apresentam narrativas sobre essas duas pessoas, apenas duas curtas referências no início e no final da narrativa sobre a crucificação: “E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados com ele” (Mt 27.38,44); “… Também os (ladrões) que com ele foram crucificados o insultavam” (Mc 15.27,32). A grande particularidade de Lucas frente aos relatos de Mateus e Marcos é que, segundo a sua tradição, apenas um dos malfeitores insultou Jesus. O segundo defendeu-o das críticas, assumiu-se como culpado pelo castigo e implorou para que Jesus não o esquecesse quando da vinda de seu Reino.
Lc 23.33-43
Comparação com o texto de Marcos
Na perícope de Lc 23.33-38 (cf. Mc 15.22-32), o relato de Lucas apresenta as seguintes particularidades em relação ao texto de Marcos:
a – Uma série de versículos pode ser considerada como matéria exclusiva de Lucas: Lc 23.33,34a,35a,36-37.
b – Característico dessa matéria exclusiva é que não há referências diretas a escribas, sumos sacerdotes ou anciões como sujeitos dos insultos dirigidos a Jesus, somente ao termo mais genérico “autoridades” (v. 35; cf. 23.13). Além disso, são incluídos entre os escarnecedores também os “soldados” (v. 36s), cuja zombaria em Marcos é apresentada numa cena anterior: cf. Mc 15.16-20. Curiosamente, Lucas é omisso quanto a um envolvimento direto do povo na crucificação (“O povo estava ali e a tudo observava” – v. 35) e morte (“E todas as multidões reunidas para este espetáculo … retiraram-se a lamentar, batendo no peito” – v. 48), diferente do que sugerem Marcos (15.29) e Mateus (27.39). Uma particularidade notória constitui o v. 34, em que Jesus, dirigindo-se a seus executores, exclama: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” – esta é uma referência que nem Marcos, tampouco Mateus apresentam.
c – No texto de Lucas, os crucificados com Jesus não são denominados de ladrões/assaltantes (grego: lestés), mas unicamente malfeitores (kakourgoí: praticantes de más obras) – v. 32, 33 e 39. Teria sido esta uma modificação consciente, talvez no sentido de trocar um termo mais empregado para o banditismo social e revolucionário por outro, de caráter mais generalizante, afastando, dessa forma, uma suspeita em relação a Jesus, no sentido de considerá-lo um insurreto político, o que poderia fomentar ainda maior perseguição e ódio contra a missão cristã?
No que se refere aos v. 39-43, estes são totalmente inéditos, perfazendo uma exclusividade de Lucas.
Análise do conteúdo
v. 33-34: A crucificação
Lucas é extremamente sucinto em seu relato. Ele não comenta nem descreve a crucificação, provavelmente porque se tratava de um suplício público conhecido. Todos os três evangelistas atestam que Jesus morreu em companhia de mais dois outros condenados. O terceiro evangelista os denomina de “malfeitores”. Dessa forma, para Lucas, Jesus revive a profecia de Is 53.12, em que se lê: “E foi contado entre os malfeitores” (cf. Lc 22.37). Sobre a identidade desses condenados ao lado de Jesus não há consenso. Deve ter se tratado de perigosos delinqüentes, desertores ou pessoas que instigaram revoltas ou caíram no banditismo, pois eram esses grupos que costumavam sofrer a pena da crucificação.
O v. 34 é matéria exclusiva de Lucas. Teologicamente, trata-se de um versículo extremamente relevante, pois ele dá testemunho de que o perdão imerecido e incondicional de Deus foi vivido e repassado por Jesus do início ao fim de sua vida: “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem”. Curiosamente, há alguns importantes manuscritos que não atestam esta frase, como, p. ex., o códice Vaticanus (“B”), o que levou pesquisadores a conjeturarem que ela pudesse ter sido adicionada secundariamente. Por outro lado, há duas boas razões que poderiam ter levado alguns copistas a omiti-la, quais sejam: em primeiro lugar, a guerra empreendida pelos romanos de 66 a 70 d.C. Esta sugeria que, em verdade, os judeus não teriam sido perdoados, mas castigados por Deus. E, em segundo lugar, as palavras de Jesus em 23.28-31: “…não choreis por mim. Chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos”. Copistas podem ter entendido que uma tal recomendação de Jesus não pressupunha um perdão, e sim castigo da parte de Deus.
O versículo levanta duas perguntas: A quem Jesus perdoa? E a que ignorância (“pois não sabem o que fazem”) refere-se mais explicitamente?
Inicialmente, tudo leva a crer que a palavra de perdão é dirigida a quem o crucifica diretamente, a saber, os soldados. Se foi assim que Lucas entendeu, é compreensível a justificativa “pois não sabem o que fazem” – ora, os soldados costumam ser o último elo da condenação de um réu. São subalternos. Executam ordens de cima. Provavelmente não conheceram Jesus. Muito menos estavam cientes de todo o desenrolar de seu processo condenatório e de toda a trama armada diante de Pilatos para que fosse executado. Ignoravam que estavam cometendo injustiça.
Uma outra hipótese seria que o perdão de Jesus nessa hora é dirigido a todas as pessoas que direta ou indiretamente são agentes dessa execução, ou seja: ao povo que reclama sua execução em vez da de Barrabás (23.18,21,23), a Pilatos que atende o pedido da multidão (23.24) e às autoridades responsáveis pela acusação e pelo processo (23.35). Há grandes possibilidades de Lucas tê-lo entendido assim, como mostra uma comparação com At 3.17 e 13.27, onde igualmente povo e dirigentes são acusados pela crucificação com base em sua ignorância. Referência semelhante nos dá também Paulo em 1 Co 2.7s, pois afirma: se os poderosos desse século tivessem conhecido a sabedoria de Deus, “jamais teriam crucificado o Senhor da glória”.
O que se conclui disso? Conclui-se que não é “nada natural” compreender que Jesus é a revelação do amor e do poder de Deus. A sabedoria desse mundo entende amor e poder de outra forma. O que Jesus veio mostrar como sendo Deus e de Deus é escandaloso, contrário ao bom senso e ao que é habitual na sociedade. Por isso, é de difícil assimilação. Há, da parte da humanidade, como que uma aversão natural à revelação de Cristo. Por essa razão, a morte de Cristo também não precisa ter sido unicamente uma trama armada com baixeza e más intenções da parte do povo e dirigentes. Com certeza, muitos dentre eles estavam convictos interiormente de proceder assim em defesa de sua fé e de seu Deus. Jesus era, a seus olhos, “de fato” um impostor e blasfemo, “merecendo” uma punição justa. Só assim se pode entender que também o próprio assassinato de cristãos e cristãs podia ser praticado na convicção de se estar cumprindo a vontade de Deus: “mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus” (Jo 16.2).
É interessante como Jesus, justamente num momento em que a maioria dos sentenciados excomungava e xingava seus algozes, procurava, em meio a todo o desespero de sua morte iminente, por um coração condescendente e benevolente junto a Deus. Jesus, que é o nosso advogado junto ao Pai, não apresenta os seus verdugos com o propósito de desmascará-los a Deus, mas cita a sua ignorância como atenuante para que Deus não deixe de acolhê-los em sua graça: perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem. Não se trata de minimizar o pecado, de inocentar culpados. A ignorância não é neutra, ela também carrega culpa, também requer arrependimento, como mostram textos, a exemplo de Jo 15.22 e At 17.30. A palavra que Jesus exclama sobre as mulheres em 23.28-31 dá a exata idéia de quão sérias conseqüências pode ter esse tipo de pecado. O mesmo fica evidente numa outra palavra de Jesus em Lc 19.41-44. E, não obstante, Jesus poderia ter falado diferente, ter usado outro tom. Mas não. Também em meio à dor e ao desprezo ele não procura a morte de seus agressores, mas busca assegurar-lhes vida junto a Deus. Jesus não só pregou, mas também viveu amor a seus inimigos, e isto no momento mais difícil de fazê-lo.
No final do v. 34, há uma referência ao desnudamento do corpo de Jesus: “… repartindo as suas vestes, sobre elas lançaram sortes”. L. Boff descreve em seu livro Via-Sacra da justiça o significado abrangente dessa ação: “Jesus se vê exposto e desarmado. As vestes não cobrem apenas o corpo. Elas velam o mistério pessoal que cada um carrega consigo… A ofensa não atinge o corpo. Alcança o íntimo, onde moram o sentido do sagrado e a dimensão do respeito inviolável… O desnudamento deverá ter significado uma nova tentação para Jesus. Muitas pessoas, vendo-se desnudadas, sentem-se totalmente desarmadas e sem qualquer apoio interior. Não são poucos os que nesse momento entregam os pontos, voltam atrás e desmentem aquilo em função do qual suportaram todas as torturas e humilhações…”
v. 35-39: Jesus à mercê do escárnio, da zombaria e da blasfêmia
O que une autoridades, soldados e um dos malfeitores é uma convicção: Teve poder para salvar outros, mas não tem poder para salvar a si mesmo. Esta constatação repete-se por três vezes (v. 35, 37, 39). Como pode Jesus suportar esse consenso sobre sua derrota numa situação de extrema aflição? Talvez as palavras de Mc 8.34-37 expliquem: Negar-se a si mesmo pode ser um ganho. Depende da ótica pela qual se entende a afirmação. Jesus nunca “esvaziou-se” (Fp 2.7) simplesmente por esvaziar-se e entregar-se. O Novo Testamento dá testemunho de que assim como o início e o meio, também o final de sua existência foi pró-existência, foi um esvaziar e humilhar-se para redimir vidas. É exatamente isto que ele faz como crucificado em nosso texto: “Pai, perdoa-lhes…” (v. 34); “… Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (v. 43). Petrus Herbert expressou essa verdade com as seguintes palavras:
Jesus, o grão de trigo, por horrível morte passou
e para nós, perdidos, vida eterna conquistou.
Para exaltar a Deus, frutos produzamos, em gratidão,
pois de seu sangue fez bebida, de seu corpo, nosso pão.
Cremos que é a partir dessa sua “pró-existência” que se explica que Jesus conseguiu suportar o consenso sobre sua derrota. No amor não há perda – o amor não passa, é eterno, porque é nele que Deus se revela (1 Jo 4.8-16). Assim, também o sacrifício embasado com amor na cruz seria duradouro, romperia a morte. Jesus morreu nesta convicção: Perder a vida significa ganhá-la para si e para outras pessoas.
v. 40-43: Um malfeitor assume-se como injusto e recebe uma promessa de Jesus
Um dos malfeitores rompe o consenso incriminatório e vexatório em relação a Jesus. Ele percebe que há uma profunda injustiça sendo cometida ao messias crucificado. Diante disso, ele reconhece inicialmente a diferença entre ele e Jesus e assume-se como injusto e merecedor do castigo. Simultaneamente, vislumbra na pessoa de Jesus alguém junto ao qual pode haver futuro para além da situação aparentemente sem saída, caracterizada pela crucificação iminente. E o mais surpreendente: ele expressa sua fé num poder e reino de Jesus que é equivalente à fé na ressurreição. O malfeitor está vislumbrando que o poder da morte chega a seu fim – justamente quando ela parece triunfar com todo o seu vigor. Só assim se explica o seu pedido: “Lembra-te de mim…”
Em sua resposta Jesus lhe promete: Participação no paraíso, como lugar reservado para os eleitos e eleitas de Deus; sua presença salvífica (“estarás comigo…”) e a vigência imediata dessa promessa: Hoje! Jesus é filho de seu tempo e expressa aqui uma convicção judaica amplamente difundida na época, segundo a qual imediatamente após a morte os eleitos de Deus iriam ao paraíso para o aguardo da ressurreição final e da vinda do Reino de Deus (Gourgues, p. 26-30).
Lc 23.44-49
Comparação com o texto de Marcos 15.33-41
As diferenças mais notórias são:
a – Lucas narra o rompimento do véu do santuário antes (v. 45), Marcos depois da morte de Jesus (15.38);
b – Lucas deixa Jesus morrer exclamando o Sl 31.5s (expressão de confiança em Deus – v. 46), enquanto em Marcos Jesus profere as palavras do Sl 22.2 (expressão de abandono – 15.34);
c – ao contrário de Marcos, em que o centurião identifica Jesus como Filho de Deus (15.39), em Lucas a confissão reconhece em Jesus uma pessoa justa: “Verdadeiramente, este homem era justo” (v. 47);
d – Marcos atesta unicamente a presença de algumas mulheres “ao longe” (15.40). Lucas, diferentemente, testemunha uma presença mais ampla: “Todos os conhecidos de Jesus e as mulheres” (v. 49).
Análise de conteúdo
Com a morte de Jesus rasga-se o véu do santuário. Havia um véu no templo que o separava do átrio dos gentios. Se o texto refere-se a este, a morte de Jesus dá acesso ao sagrado para os pagãos. Uma outra possibilidade é que o véu seja aquele existente no santo dos santos, lugar da presença de Deus – se for este o caso, a morte de Jesus implica o fim do sacerdócio judaico e o acesso de todas as pessoas diretamente a Deus. Assim o entendeu a carta aos Hebreus (Hb 10.20).
O centurião confessa na cruz que na pessoa de Jesus morre verdadeiramente um “justo”. É assim que Lucas (cf. At 3.14; 7.52) procura esclarecer a seus leitores gentios, não familiarizados com noções de morte expiatória, o significado da morte de Jesus. Lembramos aqui o que já Platão atestava que iria ocorrer com uma pessoa que procurasse viver coerentemente uma vida justa:
Será açoitado, torturado, algemado, terá os olhos arrancados e,
para arrematar, depois de lhe terem sido infligidos todos os males,
será crucificado (Politéia 361-362a).
2. Sugestões para a prédica
Nossa sugestão é que a prédica contemple três aspectos significativos do texto, cabendo a cada pregador ou pregadora ressaltar e aprofundar aqueles aspectos que melhor refletem e contemplam situações ou tendências de suas respectivas comunidades:
Jesus não é passivo na cruz – ele age
A cruz não é só lugar de extremo sofrimento – é também um momento de extrema atividade salvífica. O momento seria propício para reclamar, para desesperar, para reivindicar uma última oportunidade de defesa, para levantar uma voz profética de acusação contra autoridades, soldados e povo, entre outras coisas. A lógica dessas reações é que todas elas concentram-se sempre na pessoa que sofre o dano. Jesus surpreende porque sua atenção está voltada para quem pratica o dano. É o infrator que ele tem em mente. É este que o preocupa. É a sua sorte junto de Deus que ele busca modificar. Jesus quer a clemência para infratores, para tantos quantos o crucificam. Jesus reclama aqui uma justiça curiosa, diferente: por clemência.
As pessoas e suas reações diante da cruz
O texto refere-se a zombarias (das autoridades), escárnio (dos soldados), blasfêmia (de um dos malfeitores), por um lado, e confissão de culpa e confiança (malfeitor arrependido), mais lamentações e batidas nos peitos (povo que presenciou a crucificação), por outro. Também há um grupo de pessoas íntimas a Jesus que não participa diretamente – é obrigado a “contemplar de longe” o que sucedia.
Sexta-feira Santa deixa transparecer três tipos de reações fundamentais diante da cruz e do crucificado:
a – A primeira postura é a daqueles que, diante da cruz, vêem problemas em Jesus.
Talvez só poucos ainda zombem ou escarneçam diante da cruz. O que se constata é, muito mais, que Jesus não soube se adequar e adaptar à lógica deste mundo. Por isso, foi crucificado. E a lição que se tira, comumente, é a seguinte: a gente precisa ter jogo de cintura para sobreviver, a gente precisa aprender a ser flexível, não subestimar adversários etc. O mundo é assim. Não somos nós que vamos conseguir modificá-lo. Nós temos que aprender a conviver dentro dele, respeitando suas regras e leis. Jesus não o fez, não foi suficientemente diplomático. O erro foi dele.
b – A segunda postura é a daqueles que, diante da cruz, constatam: O erro está em mim. Jesus foi crucificado por minha causa. Eu sou o responsável. Aqui não se zomba, não se ri nem se debocha mais. Fica claro: as atitudes de deboche sob a cruz procuram acobertar a própria (ir)responsabilidade. Sugere-se que Jesus foi tolo, ingênuo ou idealista para não precisar constatar: É assim que Jesus precisa ser interpretado para que eu e nós possamos continuar sendo o que somos. Quando isto fica claro, pessoas começam a bater no próprio peito, a baixar a cabeça. E aí entende-se melhor a prece do malfeitor: “Lembra-te de mim…”, apesar de mim. Quando a cruz é reconhecida como erro nosso, não há outra coisa a fazer. Não dá mais para reparar o dano. Importante é que o Cristo que crucificamos não nos crucifique junto.
c – Mulheres e muitos dos que seguiam Jesus percebem que Jesus está sofrendo uma terrível injustiça, mas não conseguem, não podem aproximar-se. Gostariam de ajudar, mas se sentem impotentes diante do aparato policial-militar repressor dos romanos. São pessoas profundamente chocadas com o que acontece, mas sem condições de reagir. Lamentam e choram, mas não podem mudar nada. Concede-se-lhes um lugar para assistir o espetáculo, mas não a chance de intervir no processo – por isso é permitida sua presença, mas só “ao longe”. Sexta-feira Santa pode tornar-se, dessa forma, uma experiência amarga, mas realista de impotência frente ao pecado e mal da humanidade.
“Verdadeiramente, este homem era justo”
A Sexta-feira Santa convida-nos para uma nova confissão de fé em Jesus. O centurião romano exclamou: “Verdadeiramente, este homem era justo”. Esta é a verdade que cabe confessar diante da cruz: Nela morreu uma pessoa justa. O que é um justo? A cruz revela que justo é uma pessoa que
– ama a verdade até as últimas conseqüências;
– ama o próximo até o último suspiro;
– ama a Deus, a ponto de lhe ser fiel até a morte.
É sobre esta justiça que Deus construiu a salvação da humanidade. E é ela que quer inspirar nossa vida, para que sejamos igualmente fiéis a Deus e comprometidos com a fraternidade.
3. Recursos para prédica
Para cada uma das três partes da prédica pode ser confeccionado um cartaz específico: o primeiro apresentará risos, zombarias e deboches ao pé da cruz; o segundo, pessoas que batem no peito ou que meneiam a cabeça diante da cruz; e o terceiro, a frase “Verdadeiramente, este homem era justo”. Os cartazes seriam visualizados à medida que os três aspectos fossem abordados na pregação.
Bibliografia
GOURGUES, M. A vida futura segundo o Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1986.
BERGER, N. et alii. Lucas 23.33-49. In: N. KIRST (Coord.). Proclamar Libertação VI. São Leopoldo: Sinodal, 1980, p. 162-166.
KRUSCHE, P. Lk 23,33-48: Karfreitag. In: H. BREIT, L. GOPPELT (Ed.). Calwer Predigthilfen VII. Stuttgart: Calwer, 1968, p. 196-203.
BOFF, L. Via sacra da justiça. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1980.
Proclamar Libertação 29
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia