|

A teóloga Renate Gierus foi uma das painelistas do Fórum Nacional da Unidade e iniciou apresentando-se com a representante das mulheres ausentes da história cristã oficial e pedindo uma maior reflexão sobre o papel e a importância das mulheres na construção da confessionalidade luterana.

Ela relatou a fuga – “ousada e corajosa” – de 12 monjas beneditinas em 1523, que acreditavam em Lutero e queriam uma nova vida longe das hierarquias dominadoras. Naquela época o monastério não era, muitas vezes, uma opção, mas para quem podia optar, era um meio de rebelar-se contra a sociedade. As mulheres do século 16 procuravam brechas para respirar e viver em meio a uma teologia e religião androcentristas.

Renate ressaltou que não se sabe das mulheres na Reforma, ressaltando que a falta de relatos femininos é uma constante na historiografia de qualquer época. Assim ela acredita que a confissão luterana tem nas mulheres um grande tesouro que ainda que ser revelado e questiona: “O que as mulheres teriam a dizer sobre si mesmas e seu dia-à-dia na IECLB?”

Para Renate Gierus a história das mulheres na Confissão Luterana ainda deve ser construída, sem esconder as violências da invisibilidade: “As mulheres precisam começar a falar – oportunizar estes espaços é construir história: as mulheres sempre foram quietinhas, mas inquietas” – destacou.

As mulheres precisam ser livres para expressar sua fé em uma igreja que abra espaços para elas: “A unidade não nasce de identidades negadas, mas assumidas” – concluiu Renate.