Uma longa salva de palmas e todo o público de pé. Assim terminou a apresentação do coral de flautas Tocando pela Vida na Sexta Cultural, no dia seis de agosto de 2004. Entre um biscoito e um gole de café, servidos após o concerto, ouviam-se no salão diversos elogios: “Maravilhoso!”, “É de arrepiar!”, “Um trabalho fantástico!”.
O regente do coral Canto da Paz, Eduardo Fonseca, ressaltou que, além do talento musical, Gelson Luiz, coordenador e regente do coral de flautas, precisa de muita firmeza e paciência para trabalhar com os adolescentes.
Dejamira Belarmino gosta que seu afilhado, Mauro, esteja aprendendo a tocar flauta. “É muito bom, preenche o tempo dele e ele não pensa em besteira”. O pai dele lembra também do enriquecimento do filho através da música, tanto como pessoa quanto como cidadão.
Justamente esse fato foi citado pelos próprios flautistas e percussionistas durante a exibição. Entre as músicas, alguns adolescentes leram textos escritos por eles próprios contando como a música mudou as suas vidas. A possibilidade de conhecer mais sobre música — não apenas a parte técnica, mas também a histórica, como os movimentos musicais e culturais —, a comparação da flauta com um trem, que leva para outros lugares, e a disciplina para aprender um instrumento são fatores que marcaram a vida desses jovens.
Também a vida do regente sofreu forte influência da música. Gelson lembra que, quando criança, tinha vontade de tocar piano. Porém, sua família não tinha dinheiro suficiente para as aulas e muito menos para o instrumento. Então ele começou a estudar flauta-doce, mais tarde se formou em violão erudito, percepção musical e arranjo, no Palácio das Artes. Quando entrou para a Igreja Luterana, passou a tocar bandolim nos cultos e a atuar no grupo de música da Comunidade. Hoje, graças ao seu empenho, ele conseguiu comprar seu próprio piano e aprender a tocar o instrumento, realizando seu sonho de infância.