|

Prédica: Habacuque 1.2-3 (4); 2.1-4
Leituras: Lucas 17.11-19 e II Timóteo 1.3-8(9-10;11-14)
Autor: Renatus Porath
Data Litúrgica: 20º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 17/10/2004
Proclamar Libertação – Volume: XXIX
Tema:

1. Um texto feito liturgia

O escrito de Habacuque, o profeta com nome assírio, por sinal de uma planta (Mentha Aquática), fornece o texto para a prédica. Em dois momentos é citado o nome a quem se atribui o escrito (1.1; 3.1); em todos os casos, no período do judaísmo incipiente, nome de profeta dá credibilidade e autoridade a escritos que reivindicam ser palavra de Deus. Essa planta chamada Habacuque tem seu lugar no grande jardim do Antigo Testamento. A variedade de tipos de textos evidencia que diferentes peças, ora da literatura poética do culto (lamento e salmo), ora da literatura profética, foram coletadas pela comunidade, que está por trás desse escrito, para construir essa liturgia, aliás nada inofensiva.

Onde localizar essa comunidade? Várias propostas foram feitas; o texto identifica os caldeus (1.6) como a grandeza histórica identificada como instrumento de punição, mas também é alvo de denúncias duras pela violência de suas invasões na região siro-palestinense, que tem um só objetivo: dilapidar os territórios conquistados.

A identificação do poder imperialista pode apenas servir de linguagem codificada para referir-se ao presente poder invasor, que desta vez veio do Ocidente e não do Oriente. A vinda de Alexandre Magno, marchando ao longo da costa fenícia para chegar ao Egito, em 333 a.C., marcou o início da expansão helenística na região, o que representou uma intromissão na identidade cultural e religiosa sem precedentes. O que leva a crer que se trata de um escrito dessa época é a descrição do invasor, que se vale de cavaleiros que voam como a águia que se precipita para devorar (1.8b). O uso da cavalaria sem carros de guerra foi introduzido somente pelos persas e foi amplamente utilizada nas campanhas de Alexandre.[1]

Em todos os casos, a liturgia presta-se para articular uma fé ameaçada por tamanha agressão que vem de fora das fronteiras. O poder invasor tem a conivência de grupos internos favoráveis à implantação da cultura dos novos donos da região? Como a comunidade judaica de Jerusalém e Judá vai reagir à tamanha intervenção em suas estruturas sociais e religiosas?

A liturgia revela os recursos disponíveis na (estante?) comunidade para fazer frente a tanta ameaça de violência.

Trata-se, na verdade, de uma liturgia cujos elementos poderiam até ser identificados na estrutura de culto da comunidade cristã.

Inicia com um Kyrie pelas dores deste mundo (1.1-4; o vocativo YHWH, Kyrie, Senhor, ocorre três vezes),’que provoca, por assim dizer, Deus a sair de si com uma resposta (1.5-11). Aparentemente essa palavra oriunda da boca de Deus não satisfaz a quem clama por socorro. Como num crescendo, articula-se um novo questionamento e lamento dirigidos ao Tu divino quanto à sua intervenção na realidade sofrida (1.12-17). Qual será a nova palavra capaz de responder à altura do Kyrie? Que não se espera uma resposta fácil demonstra a postura quase insolente do porta-voz dessas interrogações sem fim (v.12,13,17). Qual vigia numa torre, ele se vê postado diante de Deus à espera desse novo pronunciamento (2.1). Esta resposta é definitiva, digna de registro tanto para a comunidade imediata quanto para futuras gerações (2.2-4). Tanto é que nossa geração é convidada a emprestar a voz ao Kyrie de alguém que grita aos céus que Deus e violência são irreconciliáveis, ao mesmo tempo em que somos convidados a ler e a ouvir a palavra que abre novos horizontes.

Só para dizer como se desdobra o resto da liturgia, mencione-se que o cap. 2.6b-20 explicita numa série de ais (hoy, do lamento) que o causador da violência e desgraça tem seus dias contados (2.17). Seu comportamento é condenado terminantemente como inaceitável por parte de YHWH, além dessas ações carregarem em seu bojo o germe da morte. O livreto litúrgico termina com um salmo (3.Is), como não poderia faltar na comunidade que se reúne em culto. Através do porta-voz (da comunidade) confessa-se, em forma de hino, a teofania, a manifestação de Deus (3.3-19), que virá estabelecer sua soberania e providenciar o salvamento de seu povo (v. 13).

2. O Kyrie de Habacuque (1.1-4)

Como nos lamentos no livro de Salmos, amplamente praticados já no exílio babilônico (p. ex. SI 13 e tantos outros), lança-se mão desse recurso para articular diante de Deus desesperados gritos por socorro (Até quando…? Por que…?). Aparentemente, esses gritos em forma de perguntas e questionamentos ficam a ecoar no vazio, sem que Deus se digne a responder. Um acúmulo de conceitos – violência, crime, opressão, brigas e intrigas – descreve o caos que parece ter tomado conta da sociedade. Vive-se numa terra sem lei, nem ao menos a Tora, base da vida comunitária após o exílio, exerce qualquer influência construtiva, impedindo o avanço do império da violência. O inocente, o injustiçado está entregue às mãos do perverso.

Serão grupos poderosos, dirigentes do próprio povo os que causam tamanha desordem (cf. Is 59.1-9)? Os termos que descrevem as ações criminosas são tão genéricos, que do contexto imediato pouco se infere sobre a identificação da situação descrita. Talvez tivéssemos que olhar para a série dos ais em 2.6bs para dar visibilidade às ações que causaram a elaboração do Kyrie: apropriação indébita de bens, ganhos injustos, crimes de guerra, cultos estranhos. Ora parecem ações de grupos internos agindo e explorando no comércio e na prática jurídica, ora o leitor tende a ver no invasor o poder arrogante que a tudo e todos despreza violentamente. No entanto, ao longo dos três capítulos do livreto, nenhuma autoridade corrupta interna é punida, mas as ações criminosas do invasor recairão sobre sua própria cabeça.

Assim como o indivíduo injustamente perseguido, alvo de toda sorte de violência, volta-se a Deus como última instância para que promova justiça negada a ele pelas autoridades competentes, agora a comunidade inteira tem a sua situação aflitiva colocada a descoberto diante de Deus através do lamento articulado por seu porta-voz, esperando dele uma resposta aos inúmeros por que e até quando de toda essa violência.

3. A objeção (2.1)

A lição, ensinada pela literatura profética de que Deus se vale de potências estrangeiras para punir seu próprio povo pelas mazelas desmascaradas em seu meio (1,6 cf. Is 5.26s.; Jr 4.5s.), está sendo colocada em xeque. Essas ações punitivas do instrumento disciplinador são descritas com cenas de horror e de práticas de crimes de guerra e não podem mais valer como palavra de Deus para essa geração.

Deus e violência são opostos irreconciliáveis, confessa a comunidade de Habacuque; o nome e a santidade de Deus não podem estar comprometidos com os horrores da invasão (1.12) e com a agressão aos segmentos mais fracos pela camada dominante interna.

Além disso, imperialismos de todos os tempos são absolutistas, que endeusam o seu poder militar, econômico, político e cultural. Aqui se manifesta alguém que ousa revisar essa antiga doutrina de que Deus se vale do poder imperialista para atingir seus objetivos, ainda mais quando massacra e devora especialmente os indefesos (1.13, 17). Em vez de estar a serviço de Deus é sua mais pura negação do poder idólatra.

O grito violência (1.2b) não recebeu uma resposta convincente que pudesse ser entendida como ação de salvamento de seu Deus.

Uma nova palavra quase que precisa ser arrancada da boca de Deus. Trata-se de uma postura ousada, até insolente, que lembra um Jó quando desafia Deus para que este quebre o silêncio e lhe responda as inúmeras queixas e objeções. Como ligar fé e essa realidade de violência e injustiça que atesta total ausência de Deus? Enquanto Jó nem sequer sabe onde encontrá-lo (Jó 23.3), para que cara a cara possa expor suas objeções e saber o que Deus lhe dirá, o interlocutor da comunidade, de nome Habacuque, aprende o caminho e sabe onde bater à porta.

Numa torre de vigia, na muralha, que ele caracteriza como sua, ele se põe em pé no aguardo de tão esperada palavra/visão (2.1; cf. Is 21.8). Será uma referência a um posto de observação no templo reservado para que funcionários do culto busquem um oráculo divino? Qual especialista em prognósticos, nas religiões da vizinhança de Israel, que observa voos de pássaros, examina fígados de animais para dizer e predizer o futuro, o porta-voz da comunidade ocupa seu posto de observação.

Ele não está à espera de pássaros, mas à espreita de uma palavra que possa novamente abrir horizontes para uma história da qual Deus parece ter-se retirado. Em todos os casos, aqui se menciona o ritual para caracterizar a origem inquestionável dessa nova palavra e sua maior relevância para quem, num crescendo, vinha formulando sua queixa e seu protesto. Deus mesmo, à viva voz, reage à ousada objeção de seu interlocutor. Na mesma linha vai a orientação dada ao que recebe a palavra: escreve e grava em tabuletas. A fé da comunidade é alimentada a partir do que está escrito e registrado para essa e as futuras gerações (cf. Is 8.16). Trata-se do mesmo procedimento a que o registro do Decálogo foi submetido. Será que essa resposta reivindica ser tão vital quanto é a vontade Deus expressa no Decálogo?

A vontade de que essa palavra ponha novamente em movimento a comunidade, que não via mais perspectivas de superar o caos que a violência criara, está expressa na frase final: para que corra quem a ler(2.2b)3. Em Pv 4.11-12, o verbo correr é usado neste sentido; o ensino habilita o educando a correr, impedindo tropeços e quedas. Afinal, que palavra é esta que colocará em movimento uma comunidade vítima de tanta violência?

4. As duas dimensões do agir de Deus (2.3-4)

A mensagem tem uma dimensão futura e outra presente; é o que a teologia cristã expressa nas fórmulas, aqui invertidas na sequência, do ainda não e do já. A primeira é de inspiração profética e assegura que as rédeas do curso da história estão nas mãos de Deus e não foram abandonadas nas mãos do imperialista de plantão. A história humana, na qual também a comunidade está inserida, caminha para o alvo (v. 3a), em que a soberania de Deus será definitivamente estabelecida e reconhecida. Essa dimensão da resposta é simultaneamente um convite para aguentar o compasso de espera no cotidiano sem perspectivas animadoras (v. 3b). Não se trata de uma espera passiva pelo dia do triunfo definitivo de Deus, deixando o cotidiano por conta do poder insaciável do império.

O agir de Deus tem uma dimensão presente; enquanto os leitores da tabuleta aguardam o alvo final da história, eles poderão sobreviver com a certeza: o futuro já irrompeu, foi antecipado com a palavra feita sentença. Segue uma tradução desse versículo central:

Eis o arrogante; não preservará sua vida com isso;[2]

E o justo viverá através de sua fidelidade (2.4).

Esta palavra desdobra-se em uma sentença de morte e uma declaração de vida; arrogância e prepotência não têm futuro, mas agir solidário preserva vida.

Agir e comportamento fiéis à comunidade, solidários com seus segmentos ameaçados, são resposta daqueles que se sabem pertencentes ao povo que Deus reivindica para si. Quem reconhece seu domínio em todas as esferas da vida social e política não precisa adonar-se de seus semelhantes, apropriar-se de seus bens. Apenas a postura de quem constrói vida solidária tem promessa de vida. As vítimas do imperialismo deificado vislumbram novos horizontes a partir dessa garantia de sobrevida para quem exercitar. O cotidiano de violência, sem qualquer perspectiva de ser superado e motivo do lamento inicial dirigido a Deus, agora pode ser visto com novos olhos. O causador de desgraça, que na sentença é identificado como o arrogante, que disputa espaço com Deus, arrogando-se o direito de tomar o que não é seu (2,6), não tem futuro, já está condenado e é considerado potencialmente morto e como tal deve ser tratado.

A certeza de que aquele que atualmente exerce seu poder destruidor tem sua sentença de condenação proferida por Deus possibilita uma nova postura: liberta de uma posição de humilhação e submissão, liberando energias que podem ser usadas criativamente para inventar saídas para a crise, para descobrir projetos que estanquem a violência e materializem a tão almejada paz.

5. … por sua fidelidade ou … por sua fé?

É especialmente 2.4b – o justo viverá através de sua fidelidade -que teve uma repercussão considerável tanto na comunidade judaica quanto na cristã. Fidelidade/ ämuná aqui não é, em primeiro lugar, uma postura diante de Deus, como sugere o conceito fé a partir da versão grega (LXX, ‘ämuná = pístis). Na crítica social de Jeremias, exercer o direito e buscar a fidelidade Carmina) indicam atividades correlatas que o profeta procura em vão nas ruas e praças de Jerusalém (Jr 5.1,3). Na literatura sapiencial, fidelidade/verdade é empregada em contraposição à falsidade/fraude (Pv 12.17,22); pode expressar transações comerciais não-lesivas ( Pv 28.20; cf. 2 Rsl2.16; 22.7).

Como essa compreensão de ‘ämuná, de um agir e comportamento comunitários, foi ampliada, incluindo a dimensão da postura de fé/ fidelidade em relação a Deus, talvez nos revele a história das sucessíveis retomadas dessa promessa de vida, tanto na comunidade judaica quanto cristã.
A sinagoga de fala aramaica, sob domínio persa, parafraseia He 2.4b: Os justos viverão por causa de sua retidão (verdade), conforme o Targum Onkelos. Já o judaísmo helenístico traduz esse texto por: O justo viverá à base da fé (ek písteos), conforme a Septuaginta (LXX). Sabidamente é nesta versão grega desse texto central que a comunidade cristã, influenciada por Paulo, encontrará o apoio decisivo para seu testemunho da justiça de Deus. Apenas a fé pode apropriar-se daquilo que Deus oferece gratuitamente para a salvação e libertação de toda a humanidade (Rm 1.17; Gl 3.11). Para a comunidade cristã, isso naturalmente não é um convite à inércia, mas justamente significa um apelo à fé ativa no amor (Gl 5.6b).
O rabinismo, representado por Simlai (aprox. 250 d.C.), reage a essa ênfase na comunidade cristã. Ele vê os 613 mandamentos da Tora resumidos nessa declaração, ao formular assim: Veio Habacuque e os reduziu a um mandamento: O justo viverá por sua fé (He 2.4b) (cf. Talmude na versão palestinense). Em sua polêmica com a comunidade cristã, que acentua a primazia da fé, Simlai quer desmerecê-la. A fé, que ele define como confissão ao monoteísmo, é uma exigência mínima para uma geração degenerada e não representa nada em relação aos 613 mandamentos da Tora a serem cumpridos pela sinagoga.

Com certeza, um diálogo construtivo entre as comunidades judaica e cristã deverá partir do texto no contexto desse Kyrie, clamado aos céus e de onde se espera ansiosamente uma palavra que novamente ponha em movimento o povo de Deus. O Kyrie, que verbaliza diante de Deus o caos, marcado pela violência, provocado pela culpa, não ecoa no vazio (1.1-4). Uma palavra caiu na comunidade e seu impacto não ficou despercebido. Será que ela nos ajudará a rever nossas práticas pouco ousadas da fé? O que nos permite dar novamente passos ousados é saber que a história tem rumo, tem um alvo promissor: estabelecer o governo de Deus a despeito de todo e qualquer poder antagônico. No mínimo, essa fé ativa e ousada no amor estará comprometida com aquelas pessoas, vítimas de toda e qualquer forma de violência, que procuram novas perspectivas.

6. Pensando o culto

Acredito que esses dois momentos importantes, também no culto da comunidade cristã, o Kyrie e a palavra percebida como resposta, impõem-se naturalmente como temas para o culto deste domingo.

O Kyrie é a porta de entrada para que a comunidade possa derramar as dores deste mundo diante de seu Deus. É o espaço na liturgia em que o povo de Deus se conscientiza de sua condição de pertença a uma sociedade cheia de contradições. Ela se dá conta de que ela mesma vem machucada, com sinais visíveis (!) de violência no corpo, de sequelas na vida familiar e no grupo a que pertence. Quantas vezes não somos co-responsáveis pela violência que se manifesta por todos os lados. Sem tornar-se panfletária, a comunidade pode dar-se conta de sua responsabilidade política na pequena e na grande esfera da vida.

O que fazer com a palavra que cai do céus? Será ela percebida como atendimento ao socorro que, como vítimas e como pessoas que causamos dor a outras, imploramos a Deus? A leitura do Evangelho de Lc 17.lis, que narra o Kyrie eléison! (tem piedade!), articulado pelos dez leprosos, complementa de forma surpreendente a voz que vem do Antigo Testamento. A palavra que cura, proveniente da boca de Jesus Cristo, faz brotar novas perspectivas: inclusão para quem viveu marginalizado. Mas apenas o samaritano, de quem menos se esperava, volta para dar graças a Deus. Percebeu que seu grito por socorro, na forma do Kyrie dirigido a Jesus, na verdade tinha um endereço maior. Deus mesmo estava por trás da palavra proferida pelo homem de Nazaré. O samaritano queria inclusão como os demais, mas retorna com um coração grato. Dar graças em primeiro lugar a Deus, pela palavra que sara feridas, perdoa culpa, que garante vida apesar de toda violência, que acolhe pessoas excluídas, desperta a fé ativa e ousada no amor – é o que dá sentido à conturbada vida humana.

Notas bibliográficas

1 cf. B. DUHM, p. 399.
2 O TM está mal conservado e precisa de correção. A tradução de Almeida: sua alma não é reta nele não ocorre no AT, daí a proposta de substituir o verbo yashar (ser reto) pelo verbo shamar (guardar, preservar; cf. Pv 17.3; 16.6,19; veja também J. Jeremias, p.81-82).
3 A tradução literal inverte a versão de Almeida para que a possa ler até quem passa correndo; a Nova Versão Internacional lembra esta possibilidade em uma nota de rodapé; no hebraico, o particípio é do verbo ler (= o que lê) e não do verbo correr.

Bibliografia

DUHM, Bernhard. Israels Propheten. 2. ed. Tübingen: Mohr, 1922.
JEREMIAS, Jörg. Kultprophetie u. Gerichtsverkündigung in der späten Königszeit Israels.
Neukirchen-Vluyn: Neukirchner, 1970 (WMANT, 35). PORATH, Renatus. A fé e o cotidiano de violência: caminhos de inspiração cúltico-profética no livro de Habacuque. In: BOBSIN, Oneide; ZWETSCH, Roberto (org.). Prática Cristã
Novos Rumos – Homenagem a Richard Harvey Wangen. São Leopoldo: Sinodal/IEPG, 1999.

Proclamar Libertação 29
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia