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Rio de Janeiro (RJ) – O lançamento e noite de autógrafos do livro Irreverência, compromisso e liberdade, organizado por Roberto Zwetsch e Osmar Witt, realizado na noite do dia 9 de dezembro, na Paróquia Martin Luther, centro da cidade, transformou-se num momento dedicado à memória e ao testemunho ecumênico do pastor Breno Arno Schumann.

O pastor Dorival Ristoff dirigiu uma saudação aos presentes e o canto Da cepa brotou a rama. Em seguida o Reverendo Zwinglio Mota Dias, da Igreja Presbiteriana Unida e do Koinonia, apresentou seu testemunho a respeito do líder ecumênico. Relembrou um jovem ativo, uma figura humana firme e que tinha coragem de correr riscos, de quem foi colega na Universidade Federal de Juiz de Fora, mencionou os anos difíceis da ditadura, as centenas de meditações que escreveu e a criação do Centro Evangélico de Informação junto com Jether Ramalho, Domício Pereira Matos e Carlos Cunha, bem como sua atividade intelectual como redator da Enciclopédia Delta Larousse, a convite de Waldo César, e das centenas de meditações que escreveu.

Para Dias, esse espírito inquieto e intelectualmente agudo, ganhou notoriedade ao transferir-se da cidade do Rio de Janeiro para Juiz de Fora (MG), onde efetivamente extrapolou os limites confessionais e tornou-se o pastor da cidade. Respeitado em ambientes católicos e ecumênicos, Breno ajudou a fundar o único curso a pesquisar religião numa universidade pública até nossos dias, tinha acolhida em círculos acadêmicos, ao passo em que atraiu inimizades com setores que apoiavam o golpe militar.

À frente de nós

O professor Roberto Zwetsch, da Escola Superior de Teologia da IECLB, começou dizendo que Breno sempre estava à frente de nós, frase do pastor Harald Malchitsky, e observando que ele era um dos primeiros estudantes da teologia oriundos de ambiente urbano. Era uma pessoa inovadora, instituindo atividades como a Escola Dominical de Adultos na Comunidade da Paz, no bairro Navegantes, em Porto Alegre.

Para resgatar a memória de Breno Schumann, 30 anos após sua morte, um grupo de amigos, colegas e parentes pensou em duas atividades: um culto memorial, realizado ano passado, e um livro que registrasse textos teológicos e pregações do jovem pastor, e depoimentos a respeito dele. Contactaram Koinonia, a entidade ecumênica em que atuou, representada no lançamento por seu diretor Rafael Oliveira, recebendo o apoio e começando a seleção dos materiais num vasto acervo, exposta na publicação. Zwetsch explicou a ausência do Pastor Sinodal Rolf Schünemann nesta ocasião e pediu que o bispo anglicano D. Celso Franco de Oliveira dirigisse algumas palavras.

Breno vive!

A palavra de D. Celso seguiu os caminhos da emoção e da memória afetiva. Lembrou que Breno e Marianne moravam num pequeno apartamento na Usina, que faziam reuniões ecumênicas com padres camilianos e lideranças do morro do Borel, que desenvolviam atividades intelectuais diversas para manterem-se nesta cidade e que encorajavam os que se envolviam com causas populares.

Tornaram-se amigos, de forma que Breno chegou a estar presente no seu noivado, ocasião em que lhe disse que seu primeiro filho se chamaria Breno. Concluiu dizendo que guardava a imagem de um homem magro, ágil e irrequieto, um profeta vigoroso e que não tinha medo de falar e agir. E lamentou que seu filho Breno, nascido no ano seguinte, não pudesse ter vindo para ser apresentado aos que acalentavam a memória do brilhante teólogo. Em seguida, cantou-se Outra Canção de Natal e Zwetsch passou aos autógrafos.

Fonte: Antônio Carlos Ribeiro