Uma meditação e um café da manhã reforçado, acompanhados por alguns membros da comunidade: assim o pastor Adilson Schultz preparou espírito e corpo para começar oficialmente o seu trabalho na CECLBH. A cerimônia aconteceu no dia 1º de março, na Igreja da Paz.
Após a reflexão, o presidente da IBML, Miltom de Oliveira, saudou o novo pastor e expôs os anseios da comunidade. Pastor Adilson agradeceu a recepção e disse que espera conseguir corresponder às expectativas da comunidade e da direção da IECLB que o enviou para o pastorado em Belo Horizonte. Será um grande desafio para mim, revela.
Capixaba de Colatina, Adilson é casado com Anete Roese, também pastora da CECLBH. Ele fez seu estágio pastoral em Ipanema, RJ, e o período prático em Ferraz de Vasconcelos, SP.
No dia 17 de fevereiro deste ano, Adilson defendeu sua tese de doutorado em Teologia, na Escola Superior de Teologia, EST, em São Leopoldo, RS. Seu trabalho, intitulado Deus está presente – o diabo está no meio, compara as estruturas teológicas do protestantismo com as do imaginário religioso brasileiro, com o foco nos desafios pastorais e missionários das igrejas evangélicas diante das outras religiões do país.
No seu conjunto, a pesquisa pode servir tanto a quem tem interesse nas religiões do Brasil – seja em estudos temáticos nas igrejas ou mesmo nos cursos sobre religião ou ensino religioso – quanto às lideranças das igrejas evangélicas que buscam entender seus êxitos e fracassos missionários.
A tese tem três blocos distintos: o primeiro, de caráter didático, descreve os ritos, as crenças e a história das principais religiões brasileiras – catolicismo, espiritismo, umbanda, candomblé e protestantismo. O capítulo sobre protestantismo trata das igrejas evangélicas clássicas – luterana, metodista, batista e presbiteriana – e das igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais, especialmente a Assembléia de Deus e a Igreja Universal do Reino de Deus.
O segundo bloco, de caráter analítico, trata dos encontros e desencontros da teologia protestante com o imaginário religioso brasileiro. São analisados os motivos do insucesso protestante clássico e a força do protestantismo neopentecostal, destacando o longo caminho de condenação mútua entre igrejas evangélicas e outras religiões e as recentes aproximações, seja através da assimilação de crenças não evangélicas nas igrejas ou das tentativas de diálogo inter-religioso.
O terceiro bloco, de caráter propositivo, apresenta um estudo da questão do Mal e do pecado misturados ao Bem e à misericórdia, esse que é o tema central do jeito brasileiro de se relacionar com Deus – daí o título da tese: Deus está presente – o diabo está no meio. Atenta ao apelo missionário das igrejas, a tese formula uma pastoral protestante com aspectos místicos, visando corrigir tanto o protestantismo pentecostal e carismático demasiadamente emocional quanto o protestantismo clássico demasiadamente racional.
Bruno Blankenburg, pela CECLBH