|

Deus em sua graça, em seu amoroso cuidado tem tantas formas de presença curativa para a nossa vida! Presença que nos eleva, nos trata, nos consola, nos orienta e nos cura de muitas carências, sofrimentos, vazios, medos, dores, doenças; nos cura do egoísmo, da maldade e da tristeza. Deus gosta de nos curar, de devolver-nos a plenitude, de nos dar salvação. A presença curativa e salvadora de Deus se manifesta de muitas formas na Bíblia:

A cura mútua: Nas entrelinhas da experiência de Tiago pode-se ler que a comunhão, o cuidado mútuo, a mutualidade, a atenção mútua trazem, além da oração, cura: “confessai, pois os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados.” (Tg 5.16). Não é a confissão e oração do indivíduo consigo mesmo, ou a Deus, ou para uma liderança, a que Tiago se refere, mas subentende-se presbíteros ou um grupo de pessoas de confiança, como um pequeno grupos que tem afinidades entre si, ou que trabalham juntas.

Deus da cura: Quando Ezequias adoeceu de “uma enfermidade mortal”, então, o Senhor mandou dizer – através de Isaías: “príncipe do meu povo: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que eu te curarei. (…) Disse mais Isaías: Tomai uma pasta de figos; tomaram-na e a puseram sobre a úlcera; e ele recuperou a saúde.” (2 Rs 20. 5-7) Deus ouve as orações do ser humano, vê as lágrimas e cura as suas feridas do corpo. A cura é salvação: “Cura-me, Senhor, e serei curado, salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor.” (Jr 17.14)

Paz é a cura social: Toda a nação, todo o povo, toda a sociedade precisa de cura: Onde não há paz, não há cura. O povo adoece por causa da injustiça social. “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” (Jr 6.14) A paz está relacionada à cura, à saúde. Restabelecer a paz é restabelecer a saúde, a cura. Uma nação toda precisa se curar, uma sociedade precisa ser sarada, é preciso que o povo todo volte para suas origens, para o Sopro original a fim de encontrar cura: “Repentinamente caiu Babilônia, e ficou arruinada; lamentai por ela, tomai Bálsamo para a sua ferida, porventura sarará. Queríamos curar Babilônia, ela, porém, não sarou; deixai-a, e cada um vá para sua terra; porque o seu juízo chega até o céu.” (Jr 51.8-9)

Arrepender-se é curar-se: A cura do povo de Nínive vem através do seu arrependimento e do jejum. Todos na cidade jejuaram, inclusive os animais. “Creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se panos de saco, desde o maior até o menor. Jejuaram, vestiram de panos de saco, sentaram sobre cinzas, clamaram fortemente a Deus, e cada qual se converteu “do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos.” (Jn 3)

A infidelidade precisa de cura: Toda a infidelidade que trai pessoas, relações, preceitos éticos, valores humanos é ‘uma forma de ser’ adoecida da sociedade, é a incapacidade para a inteireza, mutualidade e reciprocidade e precisa de cura, de restabelecimento com a integridade original “Curarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se apartou deles.”(Os 14.4) Precisa de cura todo tipo de infidelidade: a do povo, a dos governantes e a das relações cotidianas.

Cura da solidão e do isolamento: “Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus vendo-o deitado e sabendo que estava assim, havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado? Respondeu-lhe o enfermo: Senhor eu não tenho ninguém… Então lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele era dia de sábado.” (Jo 5.5-9) Jesus resgata as pessoas de seu isolamento, de sua solidão. Restabelece o poder autônomo, dá poder para que as pessoas reconquistem a autoridade sobre sua própria vida.

Deus cuida de todo o seu povo: “Achou-o numa terra deserta, e num ermo solitário povoado de uivos; rodeou-o e cuidou dele, guardou-o como a menina dos seus olhos.” (Dt 32.10)

Cuida do pobre: “Eu sou pobre e necessitado, porém o Senhor cuida de mim.” (Sl 40.17)

Deus cuida da vida de cada pessoa: “Vida me concedeste na tua benevolência, e o teu cuidado me guardou.” (Jó 10.12)

Cuidar é um compromisso: “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente.” (1 Pe 5.8)

O cuidado de Deus para conosco é ensinador, revelador. Deus nos capacita para o cuidado e para a cura mútua, por nos congrega e nos dá comunidades para que possamos nos cuidar mutuamente e nos cercar de cuidados, de segurança, para que a nossa fé possa ser praticada, para que a cura se plena, completa, comunitária, planetária, total e sempre.

Que Deus nos cure de todas as formas de não-ser a plenitude!