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Os evangelhos nos mostram o grande carinho de Deus pela humanidade e pelo mundo ( Jo 3.16). O gesto que afirma e confirma esta afeição é a encarnação de Deus em Jesus Cristo. O próprio Deus vem a nós – Deus-conosco – e sinaliza por palavras e por ações uma imensa solidariedade e uma profunda sensibilidade para com as dores de homens, mulheres e crianças. No Natal reafirmamos esta boa notícia da proximidade de Deus. Deus se importa com a sua criação e promove pelo seu Espírito uma renovação e uma transformação.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento estabeleceu 8 metas para o milênio. Trata-se de um projeto civilizatório comum a toda a humanidade. Uma ampla coalizão entre governos e sociedade civil procura mobilizar pessoas, independente de sua cor partidária, sua ideologia, seu credo religioso, para “acabar com a fome e a miséria, educação básica de qualidade para todos, igualdade entre os sexos e valorização da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde das gestantes, combater a AIDS, a malária e outras doenças, qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento”.

Em dezembro aconteceu o primeiro Júri do Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil que premiou organizações sociais, prefeituras e personalidades pelo seu empenho e dedicação na concretização das 8 metas do milênio. Concorreram centenas de participantes e a impressão que eu tive é que, apesar das nuvens de frustração e decepção com algumas lideranças políticas, há milhares de iniciativas pelo Brasil afora para transformar a realidade sofrida de milhões de brasileiros. Milhares de pessoas, cristãs ou não, procuram demonstrar sua solidariedade de forma criativa, semeando perspectivas novas por meio de gestos bem concretos.

Tudo isso é motivo de gratidão a Deus e razão de muita esperança para o novo ano que se inicia. Por caminhos novos e por iniciativas tão diversas forma-se uma imensa rede de promoção da cidadania. Como cristãos temos participação efetiva neste processo. Somos motivados pelo Evangelho a seguir nos passos daquele que lembramos no Natal, a saber, Jesus Cristo. Sua sensibilidade e ternura também aquecem o nosso coração. Entramos no ano de 2006 confiantes e esperançosos, sabendo que o Deus-conosco nos acompanha com palavras de profunda afeição e carinho na promoção da paz que é fruto da justiça.

P. Dr. Rolf Schünemann