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Ao falar, domingo, na reunião com representantes de povos indígenas, o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas – CMI – rev. Samuel Kobia, do Quênia, disse que é preciso, a todo custo, impedir a privatização da água, que impossibilita o acesso dos pobres ao líquido que é dádiva de Deus e um direito de todas as pessoas.

Ele lembrou que os governos têm obrigação de promover uma distribuição justa da água. Falou também sobre a água como fonte de conflitos e informou que alguns países, como Quênia e Uganda, na África, já estão estudando como evitar esses conflitos.

O secretário-geral do CMI recebeu de presente uma camisa com as cores da Bolívia, que lhe foi enviada pelo presidente Evo Morales, através do bispo Carlos Poma, um dos participantes do encontro. A camisa é uma réplíca da que foi usada por Evo Morales na sua posse como presidente da Bolívia e que está sendo usada, agora, por todos os bolivianos. Ao receber o presente, o rev. Samuel Kobia disse que iniciou, com ela, uma coleção, pois já tem uma camisa dada pelo líder pacifista Nelson Mandela.

O bispo Carlos Poma estava eufórico, como todo o povo indígena boliviano: Somos Governo hoje na Bolívia , através do nosso irmão Evo Morales, ele disse. Estavam representados no encontro indígenas do Brasil, Bolívia, Suécia, Canadá, Austrália, Noruega e de vários outros países.

Havia dois pontos em comum entre os que participaram da reunião: em primeiro lugar, eles demonstraram estar calejados e incrédulos ante as promessas de ajuda recebidas de várias instituições e que não passam de palavras bonitas; em segundo lugar, querem ver respeitadas as particularidades de suas culturas e de suas religiões. O rev. Samuel Kobia garantiu que essas são recomendações do CMI a todas as igrejas-membro e que ele, pessoalmente, havia pedido que fossem incluídos pelo menos 15 % de indígenas nas diversas delegações.

O pastor metodista Adahyr Cruz, de Vitória do Espírito Santo, foi quem fez a saudação inicial ao secretário-geral, na qual destacou que o CMI pode fazer muito pelos indígenas no mundo todo, pois é importante fórum de reivindicações e canal de pressão social e política para o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas, inclusive para o reconhecimento de suas religiões.

O pastor Cruz é um dos fundadores do Conic – Comissão Nacional de Igrejas Cristãs – no Espírito Santo e trabalha há dez anos com os indígenas guaranis e tupiniquins, que tiveram 11.800 hectares de suas terras ocupados pela Aracruz Celulose e reivindicam a retomada da região, localizada à volta de seis reservas indígenas.