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Falar de deficiência na América Latina é falar de pobreza, exclusão, abandono e uma falta quase absoluta de oportunidades para viver dignamente. Este panorama se torna mais violento quando falamos de pessoas com deficiência e, principalmente, de crianças que se encontram em situação de maior vulnerabilidade.”A agressão física é uma violência, disso todos concordamos. Porém, maus tratos, abuso, negligência ou inacessibilidade, tudo o que representa dano para saúde, vivência ou dignidade também são formas de violência que matam aos poucos. Então, a exclusão é uma violência .” Assim enfatizou o Reverendo Noel Fernandes Collot, representante das igrejas da América Latina no trabalho das pessoas com deficiência, no Seminário sobre Violência e Deficiência e IV Consulta Latino-Americana sobre Deficiência, ocorridos na cidade de Córdoba, na Argentina, de 23 a 28 de outubro deste ano.O encontro teve como objetivo tornar visível a problemática da violência em relação à deficiência, tanto nas igrejas como na sociedade e, a partir da fé cristã, trocar experiências, propor e assumir ações e compromissos pela inclusão e não violência. A IECLB esteve presente através da pastora Iára Muller, atual representante do Brasil na rede latino-americana e a diácona Nádia Mara Dal Castel de Oliveira, coordenadora do trabalho das pessoas com Deficiência da IECLB.Não existe uma comunidade sem pessoas com deficiência. O que há é uma comunidade do silêncio.
Não só a pessoa com deficiência sofre com a exclusão, mas toda a família. Então não estamos falando de 10%, mas de 25% de pessoas que sofrem com a exclusão em função de uma deficiência. “Deus optou pelos excluídos, então por que somos tão duros de coração”?  Assim nos desafia com sua questão o pastor Norberto Rasch, de Córdoba.”Se a inacessibilidade é uma violência, então, como igrejas, também estamos violando o direito que uma pessoa tem de vir e ir. É urgente a informação e conscientização das pessoas para a questão da deficiência. Como fazer isso? É na convivência com o diferente, com a pessoa com deficiência que iremos aprender como ser uma igreja realmente inclusiva”, assim pontuou a pastora Iára Muller.A mensagem final do encontro é a seguinte:”Toda a vida de Jesus Cristo foi marcada por atitudes e por uma postura de amor, de libertação e de inclusão. Através do Evangelho, Deus convoca a sua igreja para continuar com a missão de Jesus Cristo. Desta forma, a inclusão é um processo que liberta e dignifica. Não é uma opção da igreja, mas o que a define e caracteriza.

Convocadas e motivadas por estas Boas Novas, como Igrejas, temos o desafio de sermos comunidades inclusivas, transformadoras e solidárias, onde cada pessoa tenha a oportunidade e o espaço para contribuir com suas capacidades e limites, com sua fragilidade e fortaleza, com suas alegrias e tristezas, seguras que nesta completude e diversidade Deus nos envia e abençoa.”Responsável pelo texto
Nádia M. D. C. de Oliveira
Coordenadora do Trabalho das Pessoas com Deficiência – IECLB