Na campanha de 1 bilhão de árvores nativas,
já foram plantadas 150 milhões No dia 23, terça-feira, Angelique van Zeeland esteve no Seminário Bens Comuns para Vida Comum, onde foram levantadas e discutidas questões como a privatização da água, as patentes sobre plantas de povos indígenas, as sementes transgênicas e terminators, entre diversos outros. “A discussão girou em torno de como tais atividades visam lucros cada vez maiores das empresas e ameaçam a vida das pessoas em todo o planeta. Os bens comuns como água, ar, terra e sementes são direitos humanos básicos e não podem ser vendidos, não são mercadorias. Eles precisam servir à vida.”, contou Angelique.No seminário, discutiu-se que os indicadores econômicos precisam mudar: a produção de armas que causam a morte não pode ser considerada uma riqueza e não pode ser um indicador de desenvolvimento humano. Os indicadores precisam incluir as verdadeiras riquezas, como água potável, terra, educação e solidariedade. “Houve uma chamada para que as igrejas se envolvam mais, por exemplo, na luta contra os organismos geneticamente modificados, por se tratar de interferência na vida. Em breve, não saberemos mais como definir a vida. As empresas estão tentando patentear a vida”, relatou Angelique.
As mulheres são as grandes protagonistas
do Greenbelt Movement O seminário – que contou com a participação de nomes como Edgardo Lander, da Venezuela, Rogate Mshana, da Tanzânia (Conselho Mundial das Igrejas) e Danielle Mitterand, da França, entre outros – foi coordenada pela ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2004, Wangari Maathai, criadora do movimento Cinturão Verde (Greenbelt Movement) em 1977 no Quênia. O objetivo do movimento é a mobilização e a conscientização da comunidade sobre a autodeterminação, a igualdade, a melhoria na segurança alimentar e a conservação da Natureza, através do ato de plantar árvores nativas. Nos seus 30 anosde existência, a organização Greenbelt Movement já formou mais de 6 mil grupos de mulheres, que formaram 600 redes e plantaram 35 milhões de arvores no Quênia.No final do seminário, Wangari Maathai, junto com integrantes do Greenbelt Movement, o ex-presidente da Zambia Kenneth Kaunda, Danielle Mitterand e representantes de sindicatos e a via campesina, plantaram árvores no Kasarani Sport Park, onde se realiza o Fórum Social Mundial, dando continuidade à campanha 1 bilhão de árvores nativas plantadas. Wangari Maathai fez um apelo para a participação de todos em todo o mundo – até agora foram plantadas 150 milhões de árvores nativas – faltam 850 milhões de árvores para atingir o objetivo.
Wangari Maathai, integrantes do Greenbelt Movement,
representantes de sindicatos e a via campesina
plantam árvores no Kasarani Sport Park
Dívida ecológicaA oficina sobre Dívida Ecológica, organizada pelo Conselho Mundial de Igrejas – com palestrantes do Equador, Filipinas, Índia, Moçambique e Brasil – também foi um espaço de discussão sobre os impactos da ação descuidada e sem controle de empresas que visam apenas o lucro. A construção de barragens, hidroelétricos, mineração e outras ações resultam, na sua maioria, na destruição da Natureza e a expulsão dos moradores locais, sem indenizações. Em Moçambique, cerca de 60 mil pessoas tiveram que sair de suas terras por causa das barragens construídas no Rio Zambeze. Em 1984, 22 mil pessoas morreram em Bophal, na Índia, em 1984, em um dos maiores acidentes químicos da história, causado pela indústria transnacional Union Carbide (produtora de pesticidas). Quem é o responsável? Quem deve pagar por estes crimes?
(Fontes: Angelique van Zeeland/Susanne Buchweitz – Fundação Luterana de Diaconia)