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Mais de trezentas pessoas, entre as quais metade vinda do continente africano, participaram do segundo Forum Mundial de Teologia e Libertacao, entre os dias 16 e 19 de Janeiro. Sob o tema “Espiritualidade para outro mundo possível”, o fórum aconteceu às vésperas do VII Fórum Social Mundial, também em Nairobi. Em meio a espaços de oração e de danças de grupos africanos, com rituais cristãos inculturados, aconteceram conferências, painéis, debates, oficinas e comunicações cientificas.  A IECLB desempenhou papel fundamental na preparação deste evento, através do trabalho do Pastor Joe Marçal na secretaria permanente do Fórum, em Porto Alegre, onde já começa a estruturar os passos para uma terceira edição do evento, no mesmo local onde acontecer o próximo Forum Social Mundial.  O primeiro dia contou com a presença marcante de François Houtart, que mostrou com gráficos a situação econômica e política do mundo globalizado, com indicativos de que nunca antes os ricos dos paises ricos acumularam tanta riqueza provinda de todas as partes do mundo liberalizado. Nessa situação, Houtart ressaltou o agronegócio, que torna continentes inteiros um grande quintal de cada vez menos empresas, em detrimento da biodiversidade e da vida sustentável dos povos locais. Ao seu alerta, teólogos e teólogas de diversos continentes reagiram com a urgência de uma espiritualidade mais integral, que abrace todas as formas de vida, que contemple a preferência de Deus pelos pobres do mundo, não porque quer pobreza mas porque é Deus de vida para todos. Tinyko Maluleke, da África, enfatizou a força da religião para construir ou para destruir, segundo seja bem ou mal interpretada. Jon Sobrino, da América Latina, insistiu no ponto de vista dos crucificados pela injustiça. Da Ásia, Rohan Silva sublinhou o empenho cristão para que as comunidades se mantenham fortes com sua auto-estima desde a espiritualidade asiática. Já pela Europa, trata-se de encontrar de novo uma alma que não seja de consumidor. No segundo dia,  o forum se fixou foco na África, com a fala do teólogo da Uganda, John Lukwata, e da teóloga do Quênia, Philomena Mwaura. Ambos relacionaram a religião tradicional africana e o cristianismo, mostrando a fecundidade que cada qual pode aportar ao outro. Na África se esta muito perto da narrativa do evangelho: chamar Jesus de Irmão Protetor, o Primogênito, é algo da cultura africana. E o fórum teve a surpresa de conhecer a África também através do teatro feito por jovens das favelas de Nairobi. Como também fez parte do programa uma visita a diferentes situações da grande cidade – imensas favelas, casas de refugiados, de órfãos da Aids, etc. – em que o povo local falou de suas lutas para melhorar suas vidas. O terceiro dia do Forum foi dedicado a vinte quatro oficinas e vinte comunicacoes científicas, numa variedade de iniciativas vindas de todos os continentes sob o tema geral da espiritualidade. Já no último dia, o fórum foi dedicado a um diálogo com outras tradições religiosas presentes na África. Nesse diálogo, o representante muçulmano sublinhou o potencial de diálogo e de convivência, assim como o hindu ressaltou aspectos de colaboração espiritual e social. Da própria África surgiu um grupo de mulheres da fronteira entre o Quênia e o Sudão que apresentou através de danças e falas a sua experiência de convivência como mulheres muçulmanas, cristãs e de religião tradicional africana. Um painel de teólogas e um teólogo de diferentes continentes finalmente procuraram sistematizar o que pode ser uma espiritualidade para que este mundo seja melhor. A chave de ouro coube ao arcebispo prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu, que levantou o fórum com freqüentes aplausos. Fonte: Fr. Luiz Carlos Susin – Secretário Geral do FMTL