|

Por Tobias Mathies*
tobiasmathies@terra.com.br

Quando alguém quer melhorar a qualidade dos trabalhos e projetar uma perspectiva de futuro, seja numa empresa ou numa instituição, reúne um grupo e elabora uma estratégia. Promove debates, conversa com os funcionários, sócios ou membros, ouve sugestões, aceita críticas, passa por um diagnóstico da situação e elenca as possibilidades e alternativas para melhorar o desempenho. Este processo se chama planejamento estratégico e está cada vez mais forte nos trabalhos das paróquias do Sínodo Vale do Itajaí.

Preocupando-se com a organização das paróquias e os desafios lançados nos últimos anos, a assessoria de formação do Sínodo Vale do Itajaí começou, em 2004, a oferecer o curso ‘Visão e Perspectiva – Planejamento Estratégico Paroquial’, uma ferramenta que facilita que a paróquia e suas comunidades alcancem seus objetivos de forma eficaz, moderna e otimizada. “O planejamento estratégico possibilita à igreja a tomada de medidas positivas tanto para enfrentar ameaças quanto para aproveitar as oportunidades em seu ambiente”, explica Paulo Butzke, assessor de formação do Sínodo Vale do Itajaí.

De acordo com dados obtidos dos resultados de uma série de planejamentos estratégicos realizados até então em mais de 20 paróquias, o problema principal aponta para a baixa participação e desmotivação de uma parcela significativa dos membros nas atividades eclesiásticas. Para Butzke, esta constatação se expressa no declínio da freqüência aos cultos, na dificuldade em renovar o quadro de líderes para os diferentes setores de trabalho e na retratação da contribuição financeira. Porém, ao mesmo tempo em que se destacam questões agravantes, também são evidenciadas possibilidades positivas, mostrando que em todas as paróquias existe um grande potencial humano e financeiro ainda não aproveitado de forma satisfatória.

A partir de experiências destacadas em algumas paróquias e realizadas em outras, resume-se que a igreja deve investir em formas que comuniquem o evangelho de maneira mais efetiva para o mundo de hoje, como os cursos evangelísticos, espaços de reflexão que integrem fé e vida, utilização da mídia moderna e otimização da comunicação. Outro ponto importante é apostar e encontros e projetos que promovam comunhão. Além disso, algumas paróquias já incorporaram a conscientização do tema ‘contribuição voluntária’, assunto tratado e aprovado em Assembléia Sinodal. “Antes de recebermos este seminário, a nossa discussão sobre planejamento era muito vaga e reservada, cada grupo com a sua opinião e contribuição. Nunca pensamos que tínhamos tanto potencial, ótimos elementos que cercam a nossa paróquia e tantas pessoas dispostas a contribuir. Somente com um trabalho sério e oportuno pudemos detectar estes fatores”, comenta um participante do curso, membro na Paróquia Blumenau Velha Central.

O grande desafio é proporcionar, na vida comunitária, espaços de convivência e aceitação mútuas. Espaço onde o amor de Deus determine o relacionamento das pessoas, criando um clima positivo. “Não consigo mais ver uma paróquia ou comunidade sem planejamento estratégico. Os membros querem saber o que estamos pensando e que caminhos a igreja vai tomar. A concorrência com outras religiões nos faz abrir os olhos e pensar projetos e temas que tenham harmonia com a atualidade. Defendo que todas as paróquias encarem o planejamento estratégico como uma possibilidade de fazer igreja”, declara Ildo Hoeft, presidente da União Paroquial de Pomerode e presidente da Paróquia São Marcos.

O pastor Paulo Butzke, em sua palestra no 25º Concílio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB (outubro/2006), constata que em algumas paróquias o planejamento estratégico tornou-se a construção de um caminho rumo a um bom futuro. Entrementes, de acordo com Butzke, é possível observar que somente as paróquias perseverantes na execução de seu plano de ação alcançam seus objetivos. “A maior dificuldade está em aprender a gerenciar o planejamento com humildade, corrigindo metas e prazos quando necessário, em vez de sucumbir na frustração”.

O desafio está lançado numa sociedade moderna, com tecnologia de ponta e muita informação. É impossível ficar parado, alheio ao que existe de melhor no mundo. Para entender este processo, a igreja propõe uma nova maneira de pensar, mais estratégica, humana, dinâmica e com vivência comunitária. “O planejamento sem dúvida nos permite uma visualização realista e ampla do papel das comunidades e paróquias, norteando para a execução de novas atividades e promovendo a revisão constante dos procedimentos e necessidades”, conclui um participante do curso na Paróquia Apóstolo André, em Pomerode.

* o autor é jornalista, assessor de comunicação do Sínodo Vale do Itajaí.