Desde os primórdios da humanidade, o ser humano tem o desejo de viver após a morte, por isso, entre muitas doutrinas, desenvolveram-se as idéias da metempsicose (a transmigração dos espíritos, das almas ou do ‘eu’ em seres humanos, animais, minerais e vegetais) e da reencamação (somente em seres humanos). O espírito imortal retornaria à terra inúmeras vezes para pagar o mal cometido e acumular méritos. Assim, o espírito purificaria a si mesmo e progrediria espiritualmente até um dia salvar-se a si mesmo do ciclo da transmigração.
Sou evangélico de confissão luterana e creio que não posso salvar-me a mim mesmo, pois Deus já me salvou por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo, perdoando os meus pecados, sem merecimento meu. Creio que morremos uma só vez (Hebreus 9.27) e que Deus ressuscitou Jesus num novo corpo (Lucas 24.13-35; João 20.19-23) e ressuscitará os que morreram em Cristo num novo corpo ‘incorruptível’ e ‘imortal’ (I Tessalonicenses 4.13-18; I Coríntios 15.20-23; I Coríntios 15.54; João 14.1-3). A ressurreição acontece somente pela força criadora de Deus, que criará um novo céu e uma nova terra (2Pe 3.13; Ap 21).
O que acontecerá entre a morte e a ressurreição? A morte não pode separar-nos do ‘amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor’ (Romanos 8,35-39). Abraçados pelo amor de Deus na morte, ‘dormimos em Cristo’, aguardando a ressurreição (I Coríntios 15.18-23; I Tessalonicenses 4.13-16).
O amor de Deus pode libertar-nos também do medo de ‘almas penadas, aflitas e errantes’ que, conforme alguns acreditam, encostar-se-iam em pessoas humanas, causando mal. Mortos estão mortos e Deus assegura a sua presença amorosa e graciosa aqui e além da morte.
Para refletir, leia I Coríntios 15
Pastor Ingo Wulfhorst
(Fonte: Jornal Evangélico Luterano, Número 696, Junho 2007, p. 11)