Ao visualizar e aprofundar a questão da identidade do ser igreja e quando grupos de estudo e pastorais, em comunidade, abordam o tema Igreja do futuro, vem à memória um dos eixos essenciais do nascedouro da Igreja: o Pentecostes. Deus envia sobre os discípulos reunidos em Jerusalém o Espírito Santo, o Consolador, o Espírito da Verdade.
O dogma da Trindade insere no conjunto triunitário a pessoa do Espírito Santo no mesmo nível da presença do Deus-Criador e de Jesus Cristo, o Redentor. A Igreja da Reforma, em sua liberdade de autocrítica, constata que tem sido negligente quanto à importância da terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo. Há, na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), movimentos internos preocupados em assegurar espaço de destaque à presença e ação do Espírito Santo. Não faltam no seio da Igreja da Reforma também as controvérsias e conflitos decorrentes de posicionamentos radicais de grupos carismáticos, cuja prerrogativa de posse do Espírito Santo prejudica a comunhão no Corpo de Cristo, a Igreja toda.
Ao refletir sobre a Igreja do futuro, em busca de conceituação de ser Igreja de jesus Cristo, no mundo secularizado e globalizado, somos instados a considerar est4e eixo central da vida eclesiástica: o Espírito Santo. Relacionamos a atuação e atualidade do Espírito de Deus sendo um dos fundamentos e um dos imperativos ao exercício do diálogo ecumênico.
Neste particular, faço algumas ponderações quando definimos o perfil do ser Igreja de Jesus Cristo. Não se compra, para efeito de consumo, o Espírito Santo em shopping religioso. O Espírito de Deus, que é verdadeiro e santo, vem de fora: ele é como um vento forte que vem do céu (Atos 2.2).
Observo que internamente a ação do Espírito Santo, por vezes, deixou de estimular vivência de mais qualidade evangélica, antes tem provocado cisões dolorosas e dissidências indesejadas.
Há consenso de que todo tipo de dissidência e divisão no Corpo de Cristo, acontece em oposição à vontade de Deus. Os dons do Espírito Santo são concedidos graciosamente por Deus para a edificação e construção do Corpo de Cristo, jamais para a divisão e a dispersão. A história de Deus revela que a manifestação maior do amor de Deus aconteceu no evento da cruz de Gólgota. Sendo o amor, dom maior, segundo 1° Coríntios 13.13, a ênfase decorrente no exercício dos ministérios, bem como a prática do sacerdócio geral de todas as pessoas batizadas, será sempre a busca da unidade e o investimento na edificação mútua, sobr3etudo em meio às diferenças. O Espírito Santo ensina que Deus nos aceita, apesar das fraquezas e da nossa humanidade pecadora, e concede a liberdade maravilhosa de filhos e de filhas agraciados/as de Deus.
No espírito ecumênico somamos na comunidade das pessoas reconciliadas. Que o Espírito de Deus dê clareza a nossa caminhada e que ilumine nossa mente com a luz do Evangelho.
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville – SC
Diocese Informa – 09/2007