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Leitura Bíblica Básica: Marcos 12.28-34
Outras Leituras: I Timóteo 6.7-10
Autor: P. Elton Pothin
e-mail:
Origem: CEJ – Paróquia Martin Luther
Cidade: Joinville – SC
Data da pregação: 20/01/2008
Data Litúrgica: 7º Domingo após Epifania

Prédica:
Prezada Comunidade cristã aqui reunida.

Todos nós queremos ser felizes. Todos celebramos a virada do ano com desejos de felicidade, alegria, paz, saúde… Todos queremos viver com aquele sentimento de tranqüilidade, de paz, de amor, de satisfação que nos faz bem – que nos faz ser felizes.

E, sob a ótica da busca da felicidade que eu gostaria de falar sobre os textos bíblicos de Marcos 12 e 1 Timóteo 6. Os dois textos nos defrontam com conceitos opostos que nos levam a determinada conduta de vida na busca da felicidade.

O texto de Marcos 12 nos coloca o mandamento do amor, onde o mais importante é amar a Deus e ao próximo – de onde podemos concluir que, para ser feliz, é preciso amar a Deus e ao próximo. O texto de 1 Timóteo 6 pressupõe que existem pessoas que buscam a felicidade na riqueza, no dinheiro, e o texto traz o alerta de que esse caminho não traz a felicidade.

Se formos ver e analisar a realidade do mundo em que vivemos, muitos dos problemas que existem se devem ao fato de que pessoas buscam ser felizes acumulando riquezas, onde se confunde felicidade com acúmulo de riquezas. Para muitos, torna-se doentio o anseio de ter sempre mais, usando-se até mesmo de meios ilícitos – assaltos, roubos, seqüestros, corrupção, guerras, e onde usa-se até mesmo o nome de Deus para enriquecer. Pergunto: quantas pessoas possuem riqueza e estão longe de ser felizes? O excesso de bens materiais causa apegos, avareza, dureza de coração, além do medo/preocupação de perder a fortuna acumulada. O excesso de bens materiais não produz a felicidade. Pelo contrário, o amor ao dinheiro causa sofrimento – para os outros; – e para si mesmo. Isto nos deixa claro 1 Timóteo 6.8, quando diz: Porque o amor ao dinheiro e a raiz de todos os males; e alguns, nesta cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos atormentaram com muitas dores. É claro que bem-estar material também contribui para a nossa felicidade, mas na perspectiva bíblica de 1 Timóteo 6.8: tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.

O sentido da felicidade encontra-se em outros valores. E estes valores traduzem-se na palavra AMOR. E nós sabemos disto desde criança. O que quer uma criança? Ela quer ser AMADA, acariciada, ser levada no colo, quer adormecer acalentada pelo colo da mãe. Certa vez, numa festa escolar, foi dada uma lembrança aos pais e, nesta lembrança, estava escrito: a melhor herança que os pais podem dar aos seus filhos são alguns minutos do seu tempo todos os dias. – ou seja, dar carinho, afeto, atenção. Um colega pastor dizia que a necessidades de todas as pessoas é de COLO – ou seja, alguém que as escute, entenda, ajude, ame.

Não adianta dar à criança o brinquedo mais caro do mundo e não brincar com ela. Se você der a ela caixinhas de papelão de embalagens e brincar com ela, ela vai se sentir muito mais feliz do que com o brinquedo caro tendo que brincar sozinha. E, se você der a ela um brinquedo caro ou caixinhas de papelão – e brincar com ela – ela vai sentir-se feliz do mesmo modo.

As crianças/pessoas que se sentem amadas aprendem – de forma consciente ou inconsciente – de que o que nos faz ser felizes é amar. E vai pautar sua conduta de vida pelo amor. Quem é amado desenvolve e tem dentro de si uma vontade de sair do próprio egoísmo e de experimentar a alegria de amar os outros. E, ao ver que os outros são felizes por ser amados, também se alegra.

Não basta ser amado para ser feliz; é preciso deixar que o amor cresça e se faça dom para os outros. Quanto maior a gratuidade, maior a alegria e a realização pessoal. Existe uma pessoa em nossa Comunidade que diz que as pessoas precisam de elogios. E essa pessoa tem razão – elogiar é uma forma de amar. Dar atenção ao que o outro fala/conta, ao sentimento do outro também é uma forma de amar. E isto deixa o outro feliz e me deixa feliz.

E, ao amarmos, ao nos doarmos em amor para os outros – na família, no trabalho, na Comunidade, na sociedade – , estaremos cumprindo o maior dos mandamentos, nos deixado pelo próprio filho de Deus: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. (Marcos 12.31)

E Deus não apenas diz e ensina com palavras o que significa amar. Ele não apenas diz: VOCÊS devem amar. Ele mesmo demonstrou de forma real, palpável, concreta o que significado de amor; ele mesmo mostrou amor pela humanidade em Jesus Cristo: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3.16); Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. (João 15.13).

Nós sabemos que o mundo continua enredado e perdido no anseio de ter, na busca da felicidade através da riqueza, do prazer egoísta e na dominação – todos valores contrários à palavra de Deus – e está muito longe da alegria de ser feliz.

Vamos nós, que optamos pelos valores do Reino, pelos valores de Deus, dar nosso testemunho e construir relações de afeto e de amor, tornando nossa vida e a vida das pessoas que conosco convivem mais FELIZ .

Amém.