No dia 26 de abril de 1500 era rezada a primeira missa no Brasil, pelo frei Coimbra. Na mesma data, só que 392 anos depois, era celebrado o primeiro culto evangélico-luterano em Santa Maria de Jetibá, no Estado do Espírito Santo. Quem prestou o primeiro serviço pastoral às pioneiras famílias luteranas em Santa Maria de Jetibá não veio de Portugal, mas de Jequitibá, atual paróquia vizinha de Santa Maria de Jetibá. Tratava-se do Pastor Friedrich Lorenz. Se bem que, para chegar a Jequitibá, este servo de Deus tinha, antes, atravessado o mesmo oceano que Coimbra, subindo, depois, rio Santa Maria acima, de canoa, até Porto do Cachoeiro, e seguindo viagem em lombo de burro até a região de Jequitibá. Não sei dizer durante quantos dias Coimbra pisou o chão brasileiro. Lorenz só ficou por um período de quatro meses em Jequitibá.. Teve que voltar logo à Alemanha, sua terra natal, por motivo de doença. Sobre a primeira missa do Coimbra existem muitas gravuras, e pinturas as mais diversas. A respeito do primeiro culto em Santa Maria de Jetibá restou uma única imagem: a primeira capela, inaugurada no mesmo dia do primeiro culto.
Além disso, ficou preservada a foto do sucessor de Lorenz, P. Arthur Pauly, montado num burrinho, em serviço pastoral às mesmas famílias luteranas.
E foi assim que, pela graça de Deus, a Comunidade de Santa Maria de Jetibá pôde reunir-se às l9 horas do dia 26 de abril de 2008 para comemorar o seu 116º. aniversário. As pessoas presentes foram lembradas de que, depois daquele primeiro culto, passaram-se 12 anos até que, com a vinda do P. Friedrich Heinrich Wrede, Santa Maria de Jetibá tornou-se uma paróquia autônoma. E esta, com o passar do tempo, deu origem a várias outras na mesma região: Limoeiro (Alto Jatibocas) Laranja da Terra, Garrafão, São Luís, São Sebastião, Santa Teresa e outras mais.
A celebração festiva, no último 26 de abril, teve a participação de muitos membros da Comunidade. O Coral de Vozes, o Coro de Trombones e o Grupo de Canto “Fala de Chão” abrilhantaram o momento. O Pastor Sinodal Osmar Lessing se fez presente, saudando a Comunidade em nome do Sínodo Espírito Santo a Belém. A ocasião também foi oportuna para a partilha de dados e documentos históricos. Foram apresentadas fotos históricas a respeito da trajetória dos imigrantes luteranos desde a sua chegada a Vitória até a ocupação da região de Santa Maria de Jetibá. A Comunidade também foi presenteada com uma coleção de fotografias, devidamente emolduradas, de todos/as os/as obreiros/as que já atuaram ou estão atuando na Paróquia, desde o ano de 1904. Um outro documento apresentado, que diz respeito à participação dos trombonistas nesta história de 116 anos, mereceu especial atenção. Trata-se de uma ata, datada de 29 de outubro de 1911, da Paróquia de Califórnia, assinada pelo Pastor Schüller. Num dos itens desta ata as lideranças daquela Paróquia são informadas de que no dia 19 de novembro daquele mesmo ano, um grupo de trombonistas de Santa Maria de Jetibá, sob a regência do Pastor Wrede, estará se apresentando no templo luterano de Califórnia e na Capela da Paz, de Melgaço. Esta informação eleva a “idade” dos trombonistas de Santa Maria de Jetibá para, pelo menos, 97 anos. Até a descoberta desta última informação, o documento mais antigo a respeito da atuação dos trombonistas estava datado de l914. Parabéns aos trombonistas, pela participação ativa em 97 dos 116 anos de história da Comunidade de Santa Maria de Jetibá.
Texto: P. Valdemar Gaede
Fotos: Pa. Marli Hoffmann Gaede