Os Araras da aldeia Iterap, município de Ji-Paraná, estado de Rondônia, que se autodenominam Karo, fizeram mais uma festa tradicional de sua cultura na semana dos povos indígenas, com belos cantos, danças, comidas típicas e uma ornamentação linda e exuberante.
Este povo, que já estava bem próximo da extinção – eram menos de 50 pessoas quando tiveram contato com o SPI (Serviço de Proteção ao Índio) na década de 60 – hoje conta com cerca de 300 pessoas, mantém muito viva sua cultura e apesar dos elementos novos que incorpora na vida cotidiana, vem dando muito valor aos rituais, cantos, danças, artesanato e histórias dos antepassados, não só nestes momentos de festa, como também na vida e inclusive na educação escolar. Os jovens aprendem dos mais idosos as histórias e a tradição do povo e os professores reforçam a importância de ser Arara na educação escolar.
Tudo isto tem contribuído para elevar a auto-estima de ser Arara, fortalecendo a união da comunidade e dando forças para enfrentar os novos desafios que enfrentam para manter e buscar seus direitos indígenas, mesmo num contexto onde ainda há um enorme preconceito e em que historicamente tem se sobressaído a visão do colonizador.
Rondônia tem mais de 40 povos indígenas. Muitos deles com populações bem pequenas. Alguns povos que ainda hoje buscam o reconhecimento de sua identidade indígena e o direito a suas terras que lhes foram usurpadas. Ainda há alguns povos isolados e outros que sucumbiram às atrocidades da colonização… por arma de fogo, veneno, dinamite ou doença…
Fazer festa hoje, diante de uma história passada de tamanha violência é uma enorme forma de resistir… de celebrar a vida, dentro de um clima e espírito muito envolvente e cativante. Fica difícil não dançar junto…
Nelson Deicke
Obreiro do COMIN na Rondônia