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O altar do templo da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Santa Maria de Jetibá teve uma novidade no último culto de ação de graças. Além das inúmeras ofertas de gratidão trazidas por grupos, famílias ou pessoas, havia também uma fonte. Certamente a imagem da bica vertendo água ficará guardada na memória de quem veio participar de mais uma festa da colheita.

Às 9 horas do dia 21 de setembro, dia da árvore e véspera do início da primavera, começava mais uma celebração festiva em Santa Maria de Jetibá. Após o badalar dos sinos e o prelúdio entoado pelo coro de metais, as pessoas presentes foram acolhidas. Mas não havia como acomodar a todas, pois o espaço mais uma vez foi pequeno para receber tanta gente. Seguiu-se, então, a entrada de cestas, de caixas e até de uma carriola 0 km repletas de donativos, os mais variados: cereais, legumes, flores, trabalhos manuais, produtos industrializados e muito mais. Os diferentes grupos atuantes na Comunidade haviam preparado, com antecedência, os seus donativos que, após a entrada solene, foram juntados às outras ofertas, trazidas por pessoas ou famílias. Estas já se encontravam no altar desde a véspera ou então desde o raiar do domingo. O mais difícil foi achar espaço para colocar tantos donativos.

Vários grupos musicais tiveram a oportunidade de apresentar canções de louvor ao Senhor Criador e de ajudar nos hinos entoados por toda a comunidade reunida.

No momento da proclamação da palavra de Deus, uma bica, previamente instalada no altar, entre flores e donativos, foi ativada. Lembramos, em seguida, o recente e longo período de seca que ocorreu em todo o Estado do Espírito Santo. Muitas vertentes secaram. As águas de córregos e rios minguaram. Diante desta situação preocupante a Comunidade foi animada a voltar sua atenção para Jesus, a Fonte da Água da Vida. Pois ele, numa festa da colheita como esta, lá em Jerusalém, possivelmente num momento litúrgico do qual fazia parte o elemento água, disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (João 7.37). Após a leitura do Salmo 103. 8-13, a Comunidade foi lembrada de que o Senhor Deus é fonte. É vertente que jamais seca. Dele nascem as doces e eternas águas do amor, da bondade, da misericórdia e da reconciliação. Foi esta fonte divina que saciou a sede de todas as pessoas e famílias que lutaram, durante mais um ano, por uma vida digna e justa. Foi este Deus Criador que ofereceu as condições e os meios necessários para a busca de uma vida com sentido. E é a palavra de Deus, fonte de vida, que desperta e capacita a todos nós para atitudes de cuidado e de responsabilidade em relação à natureza, em relação ao meio em que vivemos e no qual lutamos pela sobrevivência. O que nós podemos fazer, de concreto, até a próxima festa da colheita, no sentido de preservar e recuperar nossas bicas, fontes, nascentes, vertentes, córregos, rios, mananciais aqüíferos enfim?

Depois de exatamente duas horas de celebração no templo, foi servido almoço comunitário. E as festividades continuaram, com boa música e com muita animação, até ao anoitecer. As ofertas trazidas ao altar foram leiloadas, em parte, beneficiando trabalhos da Comunidade. Outras foram destinadas, como doação, ao hospital da cidade.

Texto: P. Valdemar Gaede

Fotos: Jair Schulz