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Realização conjunta do COMIN e da Faculdades EST, aconteceu de 19 a 31 de janeiro a primeira etapa do curso de especialização lato sensu em Educação, Diversidade e Cultura Indígena. O curso tem como objetivo qualificar educadoras e educadores, lideranças e profissionais para práticas em educação na diversidade, com ênfase nas culturas indígenas. O curso ocorre na própria EST, em São Leopoldo.

A primeira etapa do curso contou com 24 participantes – 9 homens e 15 mulheres, entre eles um homem e uma mulher Kaingang e duas mulheres Xokleng.

O público apresentou uma diversidade muito grande, seja em termos de origem étnica (além de indígenas, descendentes de italianos, alemães, poloneses, russos, judeus e afro-brasileiros); de localização geográfica (Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo,) e de formação (História, Teologia, Arquitetura, Assistência Social, Artes, Pedagogia, Matemática, Agronomia). Esta diversidade proporcionou uma riqueza muito grande, sendo o diferencial mais evidente a presença indígena, apontando para as especificidades culturais que precisam ser consideradas nos processos educativos.

Em relação ao currículo, nesta primeira etapa, ocorreram sete disciplinas com 135 horas-aula: 1. Colonização, migração e relações interétnicas, 2. História dos povos indígenas, 3. Introdução à Antropologia, 4. Tradições religiosas indígenas, 5. Educação no contexto indígena, 6. Metodologia e Orientação de Trabalho Científico; 7. Territorialidade indígena.

As duas primeiras disciplinas – Colonização, Migração e Relações Interétnicas e História dos Povos Indígenas -, abordaram a história brasileira desde a perspectiva indígena, bem como as relações que se estabeleceram entre as etnias; Introdução à Antropologia apresentou concepções e implicações a serem consideradas na diversidade e interculturalidade, como conceitos de cultura, etnia, etnocentrismo; as disciplinas Tradições Religiosas Indígenas e Educação no Contexto Indígena, trataram de aspectos específicos e diferenciados das culturas indígenas, no caso da religião e educação; Territorialidade Indígena estudou a legislação brasileira em relação ao território indígena. E a disciplina de Metodologia fez o encaminhamento para a pesquisa e monografia.

Também ocorreu uma atividade de campo na Aldeia Indígena Guarani da Estiva, no município de Viamão/RS. O grupo passou o dia inteiro em convívio com esta comunidade, que recepcionou os visitantes com comidas da sua culinária tradicional, contou sua história e cultura, relatou sobre seus desafios e conflitos que enfrenta. Também foram apresentados cantos e danças tradicionais.

A avaliação geral do grupo mostrou a importância desta atividade, pois muitos participantes nunca haviam visitado uma comunidade indígena. Constatou-se que, após a visita, muitas outras reflexões foram introduzidas no curso.

Integraram o corpo docente desta primeira etapa professoras e professores do COMIN e da Faculdades EST, uma professora da Universidade Federal de Santa Catarina e outra, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e também um professor indígena Kaingang – todos com um perfil de competência acadêmica aliado com prática indigenista. Ressalta-se a importância desta etapa ter tido um professor indígena que trouxe sua perspectiva específica da história e realidade a partir do olhar dos povos indígenas.

No final, realizou-se uma avaliação conjunta desta primeira etapa com a intenção de encaminhar a próxima com qualidade e para verificar se as expectativas estavam sendo contempladas. Entre as avaliações, alguns depoimentos:

“Sou formada em Pedagogia e atuo como professora de Educação Básica na rede pública estadual. Esse curso de pós-graduação vem ao encontro de questionamentos que eu já fazia com relação à ausência do trabalho sob a ótica da diversidade e das culturas indígenas na escola não indígena. A partir dele retorno à escola com novos instrumentos para enriquecer meu trabalho e dos demais professores com quem convivo.”

“Sou professora de História e o curso de pós-graduação está sendo de grande importância para conhecer aspectos da cultura indígena e suas diversidades. Com isso, poderei contribuir para divulgar a riqueza cultural dos povos indígenas e contribuir para romper com idéias preconceituosas que atrapalham o entendimento entre as pessoas.”

“O programa do curso está bem elaborado e as temáticas estão sendo abordadas com competência e seriedade.”

A coordenação entende que, para a continuidade do curso, alguns aspectos podem ser refletidos e melhorados. Mas, no geral, percebe que, como proposta pioneira que quer trabalhar com práticas em diversidade com ênfase nas culturas indígenas, esta etapa trouxe algumas revelações importantes: existe o interesse de educadores em buscar qualificação nesta temática; a formação proporcionada pelo COMIN tem recebido credibilidade em muitos âmbitos; a participação de docentes e discentes indígenas no curso traz um diferencial importante para cada participante do grupo; a construção coletiva e conjunta de conhecimentos apresenta uma riqueza muito grande.

Desta forma, esta primeira etapa foi concluída com alegria e agradecimento a cada participante e a cada docente do curso. E já estão sendo preparadas as próximas etapas, para que também estas sejam com qualidade.

 

São Leopoldo, março de 2009.
Pela coordenação – Cledes Markus