No último fim de semana esteve em nosso meio aqui em Cacoal – RO o Pastor Presidente da IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana, Dr. Walter Altmann. Aconteceu também o Conselho Sinodal, onde muitos assuntos relacionados ao Sínodo da Amazônia foram tratados. Tivemos como reflexão neste conselho o texto base: “Deus ama quem oferta com alegria” (2 Co 9.7b). Tivemos também a escolha e instalação da Vice-pastora Sinodal; Pa. Jandira Keppi de Ji-Paraná. Com a bênção de Deus o Tema do Ano de 2Co quer nos animar para este ano na IECLB e em nossas comunidades.
E como reflexão para este tema sugiro a leitura de 2Co 9.6-15.
Temos mil razões para louvar e agradecer ao Senhor da vida. Temos a terra com tanta riqueza de animais, plantas, aves, flores, águas, minérios, frutos… E a terra dá alimentos a todo o mundo.
Temos a natureza que nos rodeia. As estações do ano. A variação das noites e dos dias. Agradecer a Deus porque ele nos acompanha, dia e noite. Porque ele nos quer bem. A Bíblia diz que a pessoa que não sabe agradecer tem um coração de pedra. Deus quer que todos tenham coração agradecido. Ele diz: eu vos arrancarei o coração de pedra e vos darei um coração de carne” (Ez 36.26). Paulo diz: “Cada um de vocês dê conforme decidir o seu coração, sem pena nem constrangimento, sem medo e mesquinhez, porque Deus ama a quem dá com alegria” 2 Co 9.7.
Em todo o mundo, todas as religiões agradecem a Deus, dando-lhe ofertas, flores, dinheiro, alimentos, frutos, animais, cantos, hinos… Em todo o mundo se constroem igrejas… tudo em louvor a Deus. Um gesto de gratidão a Deus é a nossa oferta. Separar e dar com alegria a Deus é gesto de reconhecimento, de louvor e gratidão. Deus gosta de nossa generosidade. Ele não precisa de nossas coisas e do nosso dinheiro, mas quer nos educar à generosidade e partilha. Deus gosta de quem dá ajuda à comunidade, à Igreja. Ele ama a quem dá com alegria. Deus não precisa de dinheiro, mas os irmãos, a comunidade, sim. Irmãos que se amam se ajudam. Cria confiança. Cria crescimento, tanto da família que o dá, como da comunidade que o recebe. Fazer a sua contribuição para a Igreja é ofertar em gratidão. A oferta de gratidão é o reconhecimento de que tudo que temos e recebemos vem de Deus. Além do mais, nossos filhos e netos aprendem desde cedo também esta lição de ser grato a Deus e entender-se como pessoas que não pensam só em si mesmas, mas sentem-se responsáveis para com outras pessoas.
Desde o começo do mundo, a Bíblia fala deste assunto. Temos a história dos dois irmãos, Caim e Abel, que ofertaram ao Senhor: Caim do fruto da terra e Abel das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou (Gn 4.5). Não se sabe quanto cada um ofertou. E existem muitas teorias porque Deus aceita uma pessoa e outra não, uma oferta e outra não.
A primeira, baseia-se na descrição das ofertas: O texto especifica que Abel oferece a Deus o melhor de seu rebanho. Mas não menciona a qualidade dos frutos de Caim. Poderia isto indicar de que Deus rejeitou a Caim por ele não ter feito a melhor oferenda? Vejam bem: Não está escrito que Deus desaprovou a sua oferenda, mas que Deus desaprovou Caim e sua oferenda. A oferenda é rejeitada não por ser uma má oferenda, mas porque é ofertada por uma pessoa má.
O texto dá uma dica, porque Deus gostou de uma pessoa e de sua oferta ao passo que de outra e de sua oferta não se agradou, nas palavras do Senhor dirigidas a Caim: “Por que você está com raiva? Por que anda carrancudo? Se tivesse feito o que é certo, você estaria sorrindo; mas você agiu mal, e por isso o pecado está na porta, à sua espera. Ele quer dominá-lo, mas você precisa vencê-lo” (6-7). “Se tivesse feito o que é certo, você estaria sorrindo; mas você agiu mal”. Sempre vejo nestas palavras a chave para compreender a atitude de Deus. Caim agiu mal. Não fez o que era certo, não estava feliz. Tinha cedido ao pecado! Talvez fosse à avareza! Avareza toma conta de nós quando achamos que qualquer coisa serve. Quando amamos mais ao dinheiro, do qual não estamos dispostos a abrir mão, do que a Deus a quem devemos tudo! Por isso, que há a advertência no NT: “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, e alguns nesta cobiça, abandonam o caminho da fé, trazendo sobre si muitos sofrimentos” (1 Tm 6.10).
Talvez fosse o egoísmo: pensar mais em si mesmo, do que ao próximo, a quem nos cabe amar e ajudar concretamente. Isso dá para ver claramente quando mais adiante Deus pergunta: “Onde está teu irmão? E Caim responde: Não sei. Por acaso sou eu responsável pelo meu irmão?” (v.9).
Claro que somos responsáveis! O apóstolo João, na sua carta, deixa claro: “Se alguém diz: “Eu amo a Deus”, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê” (1 Jo 4.20). Seja qual foi o motivo, cedeu ao pecado. Na Bíblia, com a tradução antiga, o v. 7, está escrito assim: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Isso nos faz pensar: Como devo fazer de modo certo, correto e bom para ser aceito? A resposta, nós temos, no lema do ano: “Deus ama a quem oferta com alegria” (2 Co 9.7b). É sempre bom a gente ler todo o versículo, ali diz: “Cada um de vocês dê conforme decidir o seu coração, sem pena nem constrangimento, sem medo e mesquinhez, porque Deus ama a quem dá com alegria” (2 Co 9.7). Esta foi a orientação seguida pela comunidade cristã dos primeiros tempo. Uma contribuição livre e espontânea. Feita de boa vontade! Sem pressão. De um coração agradecido. Um coração conquistado pelo amor de Deus. Um coração que entende que não se negocia com Deus – eu dou tanto e você me dá tanto, – não se compra nem batismo, nem Ceia, nem Confirmação, nem Bênção Matrimonial, nem Sepultamento, nem salvação! Mas um coração que aprendeu que Deus é amor; Deus é generoso. Sou filho e filha dele. Quero espelhar a sua imagem e semelhança, por isso vou ser generoso. Uma pessoa que entende que a Igreja precisa de recursos para cumprir a sua missão. Não só no lugar onde moro, mas em todas as partes do planeta. E nisso vou ajudar também, pois sou responsável pelos meus irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pai do céu!
Aqui, chamo para uma descoberta de Lutero. Lutero disse que é pecado ficar olhando somente para seu umbigo! “Ficar olhando para seu próprio umbigo” é olhar só para a pequena família da fé, a comunidade e a família de sangue e esquecer que somos chamados a transpassar fronteiras. A oferta dada em alegria combate a avareza, combate o egoísmo. Deus não se alegra quando fazemos algo a contragosto. Nem o trabalho rende feito com pouca e nenhuma vontade. Então, Deus ama quem oferta com alegria! Mas o que devemos ofertar? Tempo! b) Talento! c) Tesouro
– A Igreja precisa que não apenas doamos coisas. Somos chamados a nos doar. Doar nossa vida. Doar tempo da nossa vida. Muitas vezes, é difícil de conseguir preencher cargos e funções, pois as pessoas não têm tempo para participar em reuniões; para juntos pensarem os caminhos da Igreja. Em Eclesiastes 3, nos é dito que para tudo tem o seu tempo. Deus nos dá isso. Por isso, não devemos desperdiçar tempo, mas nos organizar no tempo. Participar da vida da Igreja – vindo aos cultos e grupos, meditando e orando em casa, fazendo visita a doentes,… é doação de tempo, doação da vida!
– Talentos: Animação, direção de grupos… requer pessoas que foram agraciadas com dons específicos. Colocar os dons recebidos de Deus para animar e direcionar vida é o que Deus deseja da gente!
– Tesouro: Somos chamados e desafiados a contribuir cada um com a quantidade de bens que Deus nos deu! Que possamos ter um coração humano, cheio de amor e alegria, transbordante de generosidade. Que possamos ser cristãos por inteiro. Que possamos deixar Deus nos abraçar com seu amor, que nos anima a levantar cabeça, tirar tempo para Deus e fazer o bem, colocar nossos dons e talentos para o bem da comunidade, contribuir com alegria e exercitar o amor que perdoa e transforma. Que a paz e bênção de Deus possam nos acompanhar. Amém.
Graça e Paz do Nosso Deus!
P. Márcio Sedinei Frank – Cacoal – RO