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Queridos irmãos e irmãs!

Não poderia deixar de partilhar uma das experiências, mais importantes, da minha vida com vocês. Estive no coração da floresta Amazônica conhecendo o trabalho do P. Walter Sass com o povo indígena DENI. Não foi o primeiro contato com comunidades indígenas, mas, este marcará a minha vida e o ministério para sempre.

Vivemos a vida de forma alucinada, no limite do possível, perseguindo a demanda das atividades Sinodais. De repente, me encontro numa chalana que mansamente avança rio acima numa velocidade de 7,5 quilômetros horários. Três dias e duas noites de viagem e rompemos um pouco mais de 700 quilômetros que separam a cidade de Carauari – AM e as comunidades Deni no Rio Xeruã. Passei horas olhando para o horizonte, que a cada curva do rio ficava em um ponto cardial diferente, angustiado em chegar. Para onde fitava havia água e mata, digo, muita água e muita mata. Imaginem a maior cheia de todos os tempos na maior floresta do planeta. Neste mundo novo aprendi que paciência não é um dom com o qual se nasce, mas, que no andar da Chalana se aprende a encontrá-la.

Não encontrei somente paciência nesta viagem, mas, um povo, esplendorosamente, acolhedor. O povo Deni da comunidade Morada Nova nos recebeu, em massa, na barranca do Rio Marahi. Aperto de mão, abraços e dizeres de boas vindas ecoavam de homens, mulheres e crianças. Fomos conduzidos imediatamente, para a casa comunitária onde nos serviram uma das seivas mais preciosas da floresta, a polpa de açaí com farinha. No dia seguinte, ás cinco horas da manhã a voz do cacique ecôo no silencio da madrugada; era a convocação de uma assembléia comunitária extraordinária para planejar o dia, afinal tinham visita de Walter Sass (Kushuvi nome dado pelo povo ao Pastor) e Mauri Magedanz (Muivara nome recebido na aldeia; significa “homem bom”). Na assembléia, as tarefas de caçar, pescar e as demais atividades do dia foram partilhas. Vivi intensamente vários princípios que integram a essência da Igreja cristã, com o povo Deni. A comum unidade na organização, a partilha dos frutos do trabalho de cada dia, o respeito à criação, o amor fraternal entre as famílias e conosco, enfim, fizemos muitas atividades que estão cada vez mais raras entre nós.

Agradeço a Deus pela maravilhosa experiência, ao povo Deni pela acolhida, integração e convite para voltar e ao Pastor Walter Sass que com carinho me conduziu nesta visita.

Mauri Magedanz – Pastor Sinodal do Sínodo da Amazônia