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Pastora Sinodal Mariane Beyer Ehrat
sinodovi.mariane@terra.com.br

Hoje é dia 22 de novembro! Imagens da tragédia vivida no Vale há exatamente um ano voltam à nossa memória. Com as lembranças, também os sentimentos vêm à tona. Bem dentro das pessoas atingidas até retorna um pouco daquele desespero e medo. Agora em outubro, juntamente com uma delegação da Direção da Igreja da Baviera e o secretário-geral da IECLB, visitamos várias famílias atingidas na região do Alto Baú e em Blumenau. As marcas da tragédia ainda estão aí. As feridas abertas na natureza são visíveis. E, dentro da alma de cada pessoa uma história de dias a contar.

Há, também, muitas vitórias a serem compartilhadas. Na reconstrução de vidas percebe-se a fé que move montanhas. Comovente, ao ponto do corpo se postar em calafrios, foi reencontrar pessoas, que há um ano estavam no abrigo, cabisbaixas, e agora vê-las no culto cantando no coral “amigos para sempre é o que nós queremos ser”. Sim, o que sempre fica é o que as pessoas são e não o que elas têm. Ficou o que estava dentro das pessoas, isso as águas não puderam levar.

Vitória é vermos as pessoas se reerguendo com fé e esperança, estarem juntas em ação solidária. Esse jeito de ser, de erguer a cabeça e recomeçar, é qual uma herança que nossos pais nos deixaram. Qual é a melhor herança que podemos transmitir a nossos filhos? O que podemos deixar, que a traça e a ferrugem não corroem, que ventos e águas não destroem? O ser da pessoa se constrói no convívio, no ensino, na disciplina, no exemplo de vida, na fé, no amor.

A tragédia nos sacudiu. Será que dela aprendemos o que em última análise vale na vida? Ela nos fez repensar valores?Após um ano nem todos ainda conseguiram refazer a vida. Em Blumenau ainda há em torno de 1.500 pessoas que não têm casa. Só numa antiga escola, situada perto da sede sinodal, em Blumenau, ainda há quase 650 pessoas abrigadas. Deixamos nossa profunda gratidão a todos doadores. Agradecemos a todas as mãos solidárias que carregaram fardos, que levaram alento e esperança. Desejamos que o novo que nasceu em meio à dor continue a crescer dentro de nós. Que juntos façamos advir um novo tempo mais humano e mais divino. Saibamos: o nosso socorro vem de Deus, que no Natal veio a terra.