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“Ó Deus Eterno, aqueles que te conhecem confiam em ti, pois não abandonas os que procuram a tua ajuda.” (Salmo 9.10)
A Comunidade de Campinas se despediu, no dia 09 de julho, da Sra. Gertrud Schünemann, a d. Gertrudes, aos 83 anos, esposa do pastor emérito Gustavo Schünemann. Gertrudes e Gustavo chegaram como família pastoral em Campinas há 33 anos. Foi a última comunidade antes da aposentadoria. Gostaram e aqui ficaram.

Hoje é possível colher muitos testemunhos de como Deus, pela vida deles, impacta pessoas e a comunidade. Registro algumas delas:

* “Foi no tempo (de pastorado) de vocês que me tornei luterano”, diz uma liderança;

* “O que mais admiro em vocês é a postura firme e convicta de fé”, diz outra liderança. Registre-se, aliás, o belíssimo depoimento dado por seu Gustavo no culto de oração memorial;

* “os quase 60 anos de casamento de vocês nos são exemplo e motivação”, diz um jovem casal;

* “a coisa mais difícil é ver somente um deles. Eles estão sempre juntos” diz outro membro.

No dia do chá da OASE d. Gertrudes era presença certa. Trazia as flores que ornavam as mesas. Marcava seu bingo com muita atenção. Ganhar algo era somente um detalhe que, quando acontecia, alegrava muito.

Nós, hoje família pastoral em Campinas, somos muito gratos pelo tempo de partilha que ainda tivemos, pela acolhida, orientações e apoio na chegada a Campinas. O que mais nos impressionou foi seu discernimento acerca do que é ou não é Evangelho. Seremos sempre gratos por isso.

Assim como a comunidade em Campinas foi agraciada com a presença e vida de d. Gertrudes, também outras comunidades da IECLB o foram. Cremos que em cada uma delas ficou espelhado um pouco do amor de Deus pelas pessoas e do amor das pessoas pelo Evangelho, no jeito de d. Gertrudes.

A seguir compartilhamos um breve histórico de vida encaminhado pelo p. em. Gustavo Schünemann.
 

“Gertrudes Pollmann nasceu em Mondai – SC. Em 27.11.1926, filha de Gustav Pollmann e Olga Pollmann, nascida Heusner. Freqüentou a escola particular, construída e mantida, principalmente, por imigrantes alemães e teuto-brasileiros no início da colonização desta região. Na época de grave crise econômica, por falta de estradas para transporte da produção agrícola, quando muita gente teve que abandonar a região, a família Pollmann se transferiu para Panambi – RS, aonde Gertrudes freqüentou a Deutsche Stadtplatzschule “Elsenau”, hoje Colégio Sinodal.

Em 1937 a família viajou para a Alemanha para visitar os parentes de Gustav, alemão, emigrado sozinho para o Brasil, para conviver de novo com seus pais e demais parentes e para que também conhecessem a sua esposa, seu filho e a sua filha Gertrud. Em conseqüência da segunda guerra mundial, que irrompeu durante a sua estadia, não pode retornar ao Brasil. Gertrudes concluiu então o segundo grau, estudou pedagogia e formou-se professora. Repatriada ao Brasil, após o término da guerra, a família veio morar em Santa Rosa- RS em 1948.

Pelos desígnios de Deus a Comunidade Ev. de Santa Rosa planejou fundar uma escola particular em 1949, o que ocorreu em 1º de março e ao mesmo tempo reiniciar o ministério pastoral na paralisada Paróquia que por falta de sustentabilidade tornou-se filial da Paróquia de Tuparendi. O pedido do presbitério por um pastor e professor numa pessoa foi atendido pelo Sínodo Riograndense, enviando o jovem, recém formado pastor da segunda turma da então Escola de Teologia, Gustavo Adolfo Schünemann. Gertrudes, conhecida como professora, foi chamada pela Comunidade a assumir o Jardim de Infância. Arregaçaram as mangas e trabalharam nesta missão: instruir e educar os alunos dos membros da Comunidade e de outras confissões num prédio antigo: ela no Jd. de Infância e Gustavo na Paróquia e como professor e diretor da Escola Evangélica da Paz. Durante este trabalho conjunto Gertrudes e Gustavo se conheceram, se apaixonaram e se casaram em 1951. O casal foi abençoado por 5 filhas: Beate, Christa, Ursula, Susanne e Dorothea.

Desde o início a Paróquia da Paz agregou algumas filiais de Tuparendi (muito extensa territorialmente e com demasiadas comunidades) e as novas, criadas no decorrer do tempo. Gertrudes também assumiu a coordenação de algumas OASEs. Este trabalho ela continuou a realizar também nas demais paróquias pelas quais o casal passou e exerceu o ministério pastoral: Navegantes em Porto Alegre, Ipanema no Rio de Janeiro e Campinas. Foi professora de alemão nas escolas comunitárias de Santa Rosa (após o período inicial no Jardim) e no Ginásio da Paz em Porto Alegre-RS e nas escolas particulares Cruzeiro e Corcovado- RJ (onde também ministrou o ensino religioso) e em Campinas-SP onde era professora e diretora no Instituto Hans Staden. Em todas as paróquias, sedes e em várias filiais das mesmas tocou o harmônio (de cuja atividade sempre se considerou autodidata). Exerceu também a regência de corais em todas estas paróquias, às vezes em substituição dos titulares em seus impedimentos. Igualmente ajudou nos grupos de juventude das comunidades. Dedicou-se a trabalhos sócio-diaconais, principalmente nas Paróquias de Navegantes-Porto Alegre, atendendo grupos de mulheres carentes do Bairro Vila dos Farrapos em P.A. e no Rio de Janeiro, assistindo o médico voluntário, Dr. Wolf que tratava os carentes da Favela do Morro do Canta Galo.

Foi uma fiel esposa, grande auxiliadora do marido Gustavo Adolfo que compartilhou com ele muito de suas atividades comunitárias e pastorais, bem como dos pedagógicos e diaconais. Por este compartilhar na vida e no trabalho, ele sempre lhe agradeceu em vida e agora também post mortem.”