Not God’s fault, It’s Our Fault
“A fome não é culpa se Deus. É nossa culpa”, disse o presidente da Federação Luterana Mundial (FLM), bispo Mark S. Hanson, na abertura de uma das conferências de imprensa durante a assembléia. Apresentando o tema do evento, “Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia”, o presidente afirmou que “se as pessoas não têm o que necessitam em suas vidas diárias, é porque falhamos em assegurar que as boas coisas da criação de Deus sejam distribuídas de forma justa e igual entre todos”.
Hanson aproximou o tema da fome de casa quando disse que mesmo entre os/as delegados/as da assembléia há alguns/mas que sabem o que significa não ter comida suficiente. “Então, não estamos falando sobre esse assunto de forma abstrata, mas no contexto de nossas experiências vividas”. A fome, no entanto, não de refere apenas à ausência de comida. “Há também os que têm fome de paz em meio à guerra”, acrescentou. “Há os que têm fome de Direitos Humanos. São os/as marginalizados/as por conta da HIV/AIDS ou porque são de povos indígenas ou por causa do seu gênero ou geração”.
Na Nicarágua, o tema da fome é fundamental, disse a Dra. Victoria Cortez Rodríguez, bispa da Igreja Luterana Nicaraguana de Fé e Esperança. “Há pessoas no nosso país que vivem cada dia e vão dormir com fome”. Reforçando o tema introduzido pelo presidente, a bispa Cortez Rodríguez disse que “a pobreza não veio de Deus. Deus criou o suficiente para cada um/a de nós”. Os povos de Deus são responsáveis pelo cuidado de uns/umas com os/as outros/as e por tratar cada pessoa com dignidade “porque cada pessoa foi criada por Deus”.
“Como luz do dia em meio à escuridão”
Ao longo dos últimos 58 anos a FLM mudou em maneiras que não podem ser medidas, disse o secretário geral da FLM, rev. Dr Ishmael Noko. Em 1952, a segunda assembléia da FLM aconteceu em Hannover, Alemanha. Quando comparamos aquela assembléia a esta, ele disse, “quase não havia ninguém da Igreja Católica Romana naquela assembléia; ninguém representou as Igrejas Reformadas e não havia nenhum Menonita”. Noko também assinalou que na última assembléia que aconteceu na Alemanha, as mulheres quase não tinham voz, os povos indígenas “não faziam sequer parte da imaginação das pessoas naquele tempo” e os africanos não participavam com direito de voto, mas apenas como visitantes oficiais.
Noko ainda apontou para como a característica e a natureza ecumênica da FLM mudaram ao longo destes 58 anos, notando especialmente a inclusão de Igrejas Reformadas entre os membros da Federação. A diferença entre a FLM de 1952 e a FLM de 2010 é “como a diferença entre a luz do dia e a escuridão”, disse o secretário geral. “Este encontro é um marco histórico por diferentes motivos”.
A questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo parece estar longe de ser um ponto de discussão nesta assembléia. O secretário geral disse que, como resultado de uma decisão no encontro de 2007 do Conselho da FLM, em Lund, Suécia, as igrejas-membro estão discutindo as questões relacionadas a casamento, família e sexualidade. “O que pode parecer uma tensao entre algumas igrejas no que tange o casamento, família e sexualidade, é simplesmente a expressão de diversos pontos de vista acerca dessas questões”.
O secretário geral afirmou que a FLM deu a si mesma um amplo período de tempo – de 2007 a 2012 – para debater e refletir sobre estas questões. Seu relatório nesta assembléia ofereceu uma atualização acerca deste tema. (Stuttgart, dia 19 de julho de 2010, pela LWI, com edição de Marcelo Schneider)