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O pastor Teobaldo Witter, 60, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), foi escolhido de uma lista tríplice pelo Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH-MT) e nomeado pelo governador Silval Barbosa para a função de ouvidor da Polícia do Estado de Mato Grosso. Ele atuou como ouvidor do Departamento de Trânsito (Detran-MT) por oito anos e meio, informou a jornalista Keka Werneck, do Centro Burnier Fé e Justiça, dos padres jesuítas.

Witter, que é pastor desde os anos 70, sente-se desafiado para a nova tarefa. Além de Teologia, cursou Pedagogia na Universidade Federal do Mato Grosso e concluiu Mestrado em Teologia nas Faculdades EST, de São Leopoldo, em 2010. O pastor coordena o Centro de Direitos Humanos Henrique Trindade (CDHHT) e o regional do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC-MT).

O papel do ouvidor na polícia será o mesmo do desenvolvido no Departamento de Trânsito: ouvir denúncias da população e apresentar sugestões de mudanças. “A Ouvidoria é a porta de entrada das reclamações”, explicou.

As Polícias, Militar e Civil, têm suas ouvidorias institucionais. “Essa Ouvidoria que eu assumi é popular”, observou. “Aqui chegam assuntos vários”, esclareceu, desde reclamações da atuação da polícia até sugestões de melhorias na área.

“Vejo que a população acha que as reclamações não são devidamente levadas a sério. Então, primeiro é preciso trabalhar para que o povo entenda que tudo é investigado. Não fica nada engavetado. Tudo é encaminhado à Corregedoria”, garantiu.

Seu papel é “responder qual é a função de uma polícia em uma sociedade democrática”, ao mesmo tempo em que “defende os Direitos Humanos”. Afirmou que “o sistema é teoricamente democrático, mas na prática não é. Muitos dos policiais entram na dimensão de um trabalho que reafirma esse sistema de exclusão”. A função exige que “administre aula de Direitos Humanos, democracia e cidadania nas academias de polícia”.

Sobre tensões internas às forças, observou que o Mato Grosso e o Brasil obrigatoriamente vão ter que ter uma polícia mais cidadã, se quiserem ser reconhecidos no mundo como um país justo, um Estado justo. “O Estado tem que zelar para que se respeitem os Direitos Humanos. Não pode ser como antigamente: fez e acabou. Isso tem a ver com a política externa e financiamento”, pontuou.

Entre os novos policiais que têm entrado na corporação, boa parte está com essa visão de uma outra polícia, disse. Entende que “a maioria dos policiais são trabalhadores, e a sociedade deve ter respeito por eles, que também são ofendidos, desrespeitados e agredidos. Outros, porém, são realmente violentos. Esses devem receber tratamento diferenciado, não podem contar com a impunidade. Devem trabalhar no limite da lei”, sinalizou.

ALC