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Densa neblina pairava sobre a planície. Grossas nuvens de fumaça, provenientes do incêndio da pacata cidadezinha de Luetzen, situada na Alemanha central, ainda escureciam mais o ceu. O exercito do rei sueco Gustavo Adolfo estava pronto para o ataque. Em algum lugar desconhecido, defronte deixam uma orientação exata. Nesta situação não foi possível atacar de surpresa, conforme se pretendia. Só se ouvia o tiroteio esparso de canhões. Finalmente, ao meio-dia, clareou o céu. Imediatamente, os soldados de Gustavo Adolfo avançaram. O grito de guerra dos inimigos foi: Jesus Maria! A resposta dos suecos e seus aliados alemães foi: Deus conosco! A batalha estendeu-se sangrenta por muito tem¬po. Centenas de pessoas tombaram feridas ou mortas. Só quando a escuridão da noite caiu sobre a carnificina, silenciou o troar das armas.

As tropas do imperador, seriamente atingidas, recuaram. O exército do rei Gustavo Adolfo manteve o campo como vencedor. O rei mesmo, porém, não mais pode assistir a vitória. No turbilhão da luta aproximara-se demais das fileiras inimigas e fora mortalmente ferido. Os soldados tinham visto o seu cavalo branco ferido, todo ensangüentado, solto, sem o cavaleiro. Somente ao escurecer, acharam o seu cadáver, horrivelmente massacrado, com 11 ferimentos, empapado de sangue e poeira, despojado pelos soldados inimigos. Era o dia 6 de novembro de 1632.

Desde o ano de 1618, toda a Alemanha vinha sendo devastada pela cruel Guerra dos Trinta Anos. Conflitos políticos e religiosos se descarregavam numa carnificina hedionda. Os principes cató1ico-romanos, liderados pelo impe¬rador, pretendiam anular a Reforma do século XVI, reprimir o protestantismo e mesmo destruí-lo completamente. A situação dos evangélicos, as vezes, parecia desesperadora. Mas desde o começo, a guerra tomou dimensões européias; sempre de novo, países estrangeiros interferiram no conflito alemão. Exatamente quando o protestantismo parecia estar definitivamente vencido, interveio a Suécia, que era um país evangélico.

Em 1630, o rei Gustavo Adolfo, de 36 anos de idade, desembarcou em ter¬ra alemã, com um pequeno exército. Um ano depois, ele venceu o exército do imperador, usado para acabar com o protestantismo, perto da cidade de Breitenfeld, e em 1632 venceu-o novamente em Luetzen. As forças católicas nunca mais se recuperaram desta derrota. Assim, Gustavo Adolfo evitou que os protestantes fossem subjugados completamente.

O rei sueco, uma das figuras mais importantes da história universal, já foi chamado de Leão do Norte (Isaias 41, 25) por seus contemporâneos, isto significava tanto como Salvador da cristandade evangélica, chamado e enviado por Deus. Sem dúvida foi movido também por interesses politicos, quando interveio no campo da luta. Mas por outro lado também não há dúvida que ao mesmo tempo queria salvar o protestantismo na Alemanha e na Europa. Foi para este fim que finalmente sacrificou a sua vida em Luet¬zen, conseguindo o seu objetivo. Por isto a cristandade evangélica sempre se lembra dele com gratidão. Em memória de seu feito foi fundada, por ocasião do segundo centenário de sua morte, em 1832, a Obra Gustavo Adolfo, na Alemanha. Esta Obra tem por fim auxiliar os irmãos evangélicos necessitados em todo o mundo. Não é possível relatar em poucas palavras os benefícios que desde então esta entidade distribuiu. Lembramos apenas que também a nossa Igreja no Brasil foi beneficiada grandemente pela Obra Gus¬tavo Adolfo, por exemplo, na construção de muitas igrejas e casas pastorais, na conclusão do prédio central de nos¬sa Faculdade de Teologia, no Morro do Espelho, em São Leopoldo. Mais ainda, também em nossa Igreja existe a Obra Gustavo Adolfo, que por seu trabalho mantém viva a lembrança do grande Salvador do protestantismo.

Não deve ser isto um estímulo para participarmos desta Obra e fazermos tudo que podemos para ajudar a irmãos de fé atribulados?

Graças a Deus, hoje não precisamos lutar pela nossa fé com a arma na mão, assim como o fez o rei da Suécia. Num ponto, porem, ainda hoje nos pode servir de exemplo Gustavo Adolfo, ainda que repouse há mais de 300 anos em seu túmulo num templo da capital sueca de Estocolmo: que também nós com nossas forças modestas contribuamos para guardar e difundir o cristianismo evangélico.

Dr. Joachim Fischer,
em Pedras Vivas