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Prédica: João 5.19-21
Autor: Cláudio Molz
Data Litúrgica: Noite de Páscoa
Data da Pregação: 26/03/1989
Proclamar Libertação – Volume: XIV


I — Introdução

Então Jesus respondeu e lhes disse: Em verdade, em verdade, vos digo: O Filho não pode fazer nada de si mesmo, se não vir o Pai fazê-lo, pois o que ele fizer, isso também o Filho semelhantemente faz.

Pois o Pai ama o Filho e tudo o que faz lhe mostra. E obras maiores do que estas lhe mostrará, para que vós vos maravilheis.

Pois como o Pai ergue e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica os que quer.

II — Aprendendo do contexto

O exemplo prático que os vv. 1-16 mostram, não fala de um morto sendo erguido e vivificado, mas de um doente, que esperou 38 anos, em vão, receber a ágape de Deus. Só foi erguido e vivificado quando veio Jesus. Conclui-se que os mortos de que o texto trata, não se restringem aos que já estão nos túmulos, mas incluem os vivos que têm vida indigna, desumanizada, enfim, sem ágape, no abandono dos homens e de Deus.

Para manter a criação, o trabalho de Deus é constante (v. 17). O Deus único enviou Jesus a trabalhar, para que as obras glorificassem o Pai, cuja aceitação é incompatível com a rejeição de Jesus (v. 23).

A Escritura, que é composta de letras (grammata), carece da fé para ganhar vida. Na Escritura, Moisés tematiza Jesus e as suas obras de amor (v. 46). Por isso precisam da aceitação pela fé as palavras, as remata, de Jesus, unidades de seus fatos e ditos (v. 47). Assim, a Escritura é uma acusação contra os acusadores de Jesus (v. 45), que dizem que ele liberou da lei do sábado sem a devida autorização, (v. 18).

Dos inimigos de Jesus se diz que não têm a palavra nem a imagem nem a voz de Deus (v. 37). Falta-lhes isso tudo, porque não crêem, não aceitam Jesus (v. 38). Prova-para isso é que procuram autoridade própria entre si mesmos (v. 44), não entendem a mensagem sobre Jesus contida na lei (= Thora, v. 46; cap. 1.45!), não dão atenção ao testemunho de João Batista, de cuja luz apenas querem se aproveitar (v. 35), nem interpretam corretamente as obras de Jesus (v. 38).

A lei do sábado desencadeia nos inimigos de Jesus um plano de o justiçarem. Querem matá-lo. O beneficiado da cura delata involun¬tariamente Jesus (v. 15). É usado como testemunha contra o seu benfeitor (v. 13). Desligada de seu sentido original, a lei quebra e rompe a unidade do povo. Adulterada, a lei aliena, cega para os verdadeiros bens: em lugar do amor à pessoa humana colocam a perseguição (v. 16). Também o templo sagrado não evita essa alienação (v. 14).

Fica claro que, apesar de a disputa começar com a lei do sábado, a verdadeira separação entre sinagoga e igreja se dá no reconhecimento ou não da messianidade de Jesus. A autoridade de Jesus não vem dele. Ela se constitui a partir da identidade de ação com o Pai (v. 30). Tudo o que o Filho faz, corresponde ao que o Pai faz. Em nada o Filho excede o Pai. As obras do Filho são compatíveis, são de conformidade, são homoia (semelhantes?) com as do Pai (v. 19). O Pai ergue e vivifica mortos. O Filho também (v. 21). O Pai tem a vida para repassar e dar adiante. O Filho também (v. 26). O Pai tem condições de proceder o julgamento. O Filho também (v. 27). Os homens reverenciam o Pai. Ao Filho também (v. 23). O Pai trabalha. O Filho também (v. 17). Por isso Jesus é chamado de Filho de Deus (v. 25) e também de Filho do homem (v. 27).

Jesus não retribui o mal com o mal (v. 45). Não quer acusar, mas salvar. Não quer a autocracia ou a promoção pessoal (vv. 41 e 44), mas serviço e aceitação. Jesus não pratica vanidades, mas o bem, a justiça, a equidade (v. 29). Ele ouve a Deus e, por isso, consegue julgar com veracidade (v. 30). Não recebe o testemunho de João Batista como vindo de uma pessoa humana com seus interesses e parcialidades, fraquezas e insuficiências, mas vindo de Deus (v. 34). Quem, porém, só atenta para os seus interesses, não ouve nada de Deus, porque não percebe que os seus mensageiros não vêm em nome próprio (v. 43).

Ill — Temas

1 — Jesus vê o Pai atuando.

Jo 1.14 revela: E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigénito do Pai. Em Jo 1.18 se diz: Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigénito, que está no seio do Pai, é quem o revelou. Em Jo 1.34 João Batista diz: Pois eu de fato vi,e tenho testificado que ele é o Filho de Deus. Em Jo 3.11 Jesus diz: (. . .) dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto, contudo não aceitais o nosso testemunho.

Conforme o Evangelho de João, Jesus não aceita testemunho humano (v. 34) nem glória humana (v. 41). Não procura a autoridade auto-imputada. Seu poder, sua autoridade, seu julgamento, sua vida vêm do Pai, do Criador de tudo, da Fonte da luz, do amor, da origem de todas as obras, daquele que instituiu o sábado. Por isso, obras humanas devem ser avaliadas a partir das obras de Deus (cp. Mt 5.16!). Elas não têm autonomia. Precisam ser aferidas pelo padrão originário.

Se Jesus só fez o que Deus mesmo, o Pai, lhe mostrou, nós podemos olhar para as obras dele e reconhecer nelas as obras de Deus. O homem do Antigo Testamento confessa que Deus fez o que existe sobre, acima, abaixo e fora da terra, e que, ao fim, descansou instituindo o sábado, o dia de descanso. Na história de Jo 5, o que a concorrência, a pressa, a insensibilidade, a luta pela sobrevivência no mundo, enfim, a lei desligada da vida não nos permite ver, isso Jesus vê. Jesus tem a visão do Pai. Jesus vê a miséria (v. 6)! Num local Betzatá que, provavelmente, os cristãos passaram a chamar de casa da compaixão (= Bethesda), Jesus recria o corpo de um doente (paralítico?) e o manda andar e carregar a sua enxerga (para o sacerdote inspetor?). Em ambos os casos (Gn 2.2 e Jo 5.8) há criação, há liberdade de ação, há amor, há relação de compaixão e há confiança: o Deus que institui o sábado é o Deus que se compadece do escravo que necessita do dia da recuperação de forças, de ânimo e de chance para continuar vivo e manter a esperança de libertação (Êx 20.10). E Jesus promove a mesma coisa. Liberta da omissão de perspectiva de ajuda para quem já esperava 38 anos. Liberta da angústia de nunca chegar a vez, o momento da redenção. Enfrenta o estreitamento da interpretação da lei, restrita a uma elite de poder incompassivo. Redescobre que a recriação da vida tem prioridade sobre restrições legalistas formais. A lei não pode servir para a repressão do fraco. Revela que o sábado não foi feito para que o dominador tenha mais poder sobre o pobre, mas para que ao indefeso, fraco, extenuado e explorado, como é o escravo, seja concedida uma oportunidade de respirar aliviado e olhar o céu, as nuvens, as árvores, as águas, os montes, os amigos, parentes, vizinhos, tudo e todos que compõem a grande família do Pai.

2. O amor do Pai mostra obras maravilhosas.

O amor de Deus doa o Filho (3.16), a Luz do mundo. Os homens também amam, só que amam mais as trevas (3.19). O homem do Antigo Testamento confessa que Deus fez maravilhas no Egito ao libertar o seu povo escravo (Êx 3.20; 15.11; Dt 26.8). E os inimigos se apavoram com isso (Êx 14.24s; 15.14ss). Com as obras de Jesus surge também o pavor (Lc 4.34) e o maravilhamento (Lc 9.43; Jo 5 °8' 6.14s).

O amor de Deus dispõe para a luta. Impulsionado por esse amor, Moisés enfrenta o poderio do faraó (Êx 5.1; 7.10;11.4). As obras maravilhosas de Deus promovem libertação para o povo hebreu oprimido e, ao mesmo tempo, crise para o opressor, que é julgado e condenado por sua dureza. O opressor é surdo para o apelo do amor, não aprende com exemplos de paciência e de argumentos. A violência lhe é fatal. Em Jesus, a cura do paralítico acontece. Mas a maravilha dessa obra de Deus é ignorada. Em vez de redescobrir a mensagem do amor de Deus, os inimigos de Jesus procuram matá-lo, protegidos pelo manto formal de uma lei abusada, desviada e adulterada no seu sentido li¬bertador.

3. Mortos ressuscitam.

A presença e o apoio de Deus que cria a vida, impulsiona Moisés. As desculpas que apresenta para não ir, revelam seu medo, o risco da morte (Êx 3.11,13; 4.1,10; 5.22ss; 6.30). O amor de Deus protege o ser humano contra o egoísmo, a pusilanimidade, a covardia. Assume a cruz, sabendo da presença consoladora e criadora do Pai. De quem recebemos a vida, daquele também esperamos a superação do medo e da morte. A luta em favor da vida inclui os riscos da cruz. No exemplo de uma invasão de sem-teto, nos dias atuais, podem-se ver companheiros de luta sendo presos, torturados ou mortos. Nessa hora, a dúvida nos assalta, se incentivando a luta incentivamos a repressão e, com ela, a morte, ou se a morte está incluída na fé no Reino de Deus (cf. Êx 5.6-14). Decerto cabe-nos cuidar da estratégia por justiça e não-violência, para superar essa dúvida. Mas Deus no exige a doação não só da nossa vontade, de toda a nossa inteligência e força, mas também da nossa alma, i. e., da nossa vida (Dt 6.4ss; Mc 12.29ss). E os cristãos, perseguidos no Império Romano, experimentaram que o amor supera o medo, também o da morte (l Jo 5.18).

IV — Aprendendo com Jesus

Prioritariamente, o texto de Jo 5.19-21 sublinha a comunhão entre Jesus e o Pai. Sem unidade com Deus, não há avanços de qualidade nas comunidades e nos nossos movimentos. Para promovermos e atuarmos dentro dessa comunhão, o texto sugere:

1. É preciso ter lealdade na relação com o Pai. Sempre somos seus embaixadores submissos. Ao almejarmos a autonomia, quebramos a relação com o Pai, nos desautorizamos e desarmamos de quaisquer recursos: O Filho não pode fazer nada de si mesmo (v. 19)!

2. Ver o Pai fazendo significa aprender, entrar em sintonia, compatibilizando-se com o Pai. Esse ver permite o uso dos óculos, da visão, da hermenêutica, da interpretação e da prioridade adequada: o amor acima das leis, leis que os poderosos impõem e com as quais, em nome de Deus, oprimem, exploram, abandonam, desumanizam o pobre, e as quais abusam para o fim da sua auto-justificação. A cruz de Jesus nos diz que ele não aboliu simplesmente a lei, mas cumpriu a lei que está ern favor do totalmente indefeso, como estava o Crucificado (Rm 3.28; 5.8; 7.12,14; 8.2,11; 10.4). A cruz nos exige a fé. E essa fé nos exige uma releitura da lei.

Antes de falar ou até de ensinar, é bom que primeiro aprendamos todos a ver. Vendo, nos abrimos para a análise da realidade. Vendo, tomamos conhecimento da situação do fraco, do doente, do velho, da criança, do marginalizado. Para ver, necessitamos do encontro com as pessoas. Mas o impulso do nosso ver não pode ser o circo, o sensacionalismo, e sim o amor.

3. Conscientes da relação com o Pai, impelidos pelo amor, o Pai nos mostra grandes obras: as feitas por ele e as desfeitas pela cobiça e pelo pecado humanos. E Jo 5 nos mostra que Jesus olhou prioritariamente para a vítima do pecado humano: Não tenho ninguém que me ponha no tanque (v. 7). Aqui temos um exemplo do significado do v. 21: (…) o Filho vivifica os que quer. Jesus quer vivificar os esquecidos, os marginalizados, os preteridos. Essa prioridade faz parte do amor do Pai que impulsiona o nosso ver.

4. No encontro pessoal de Jesus com o doente é importante que primeiro o ouve: Na forma por que ouço, julgo. (v. 30) O ver é completado pelo ouvir. O ouvir só se dá no encontro pessoal. O ouvir liberta o doente da angústia e promove o sentimento de aceitação. O ouvir permite a expressão articulada da injustiça e do anseio por libertação. O ouvir inicia o encontro de dois irmãos ou duas irmãs, unidos(as) pelo amor do Pai.

V — Quanto à prédica

1. Apesar de parecer certo que o texto surgiu numa comunidade que se defendia de acusações judaicas (cf. H. Schmidt, p. 409ss, de quem tirei algumas ideias a seguir) e procurava se afirmar, baseando-se na unidade de ação de Pai e Filho, não deveria ser tema na prédica das nossas comunidades a tradicional polémica contra uma interpretação legalista da Bíblia pelos judeus. Os cristãos entre nós não têm problemas com as leis judaicas sobre o sábado. No máximo devemos abordar o tema do nosso legalismo moralista, burguês, político ou religioso que inibe e impede o amor na sua ação libertadora. Para isso seria ponderado omitir a palavra generalizante do Evangelho de João: os judeus (5.10,15,18).

2. Como para os judeus o cumprimento do sábado se tornou um símbolo de preservação de sua identidade nas histórias de perseguição, assim devemos dar valor ao domingo por causa da Páscoa. O domingo é símbolo histórico de descanso e possibilidade de reunião dos crentes. A pregação deveria valorizar esse símbolo, que sinaliza a vitória sobre a morte e seus poderes asfixiantes pela ressurreição de Jesus.

Conforme a teologia rabínica (v. R. Bultmann, p. 184, esp. nota 4.!), apesar de Gn 2.2s; Êx 20.11; 31.17, Deus não pára de atuar como juiz e mantenedor do mundo. Essa atuação vale também para Jesus (v. 19). A libertação (v. 18) do sábado não significa o fim da necessidade da lei, mas indica a excepcionalidade do momento messiânico: não há tempo a perder (9.4), pois a cruz é uma realidade. Com isso Jesus redimensiona o sábado e o coloca sob a sua ação de libertação e amor: descanso .e abolição do pecado e do sofrimento.

O dia do Senhor, dies dominicus, domingo, é o dia da ressurreição, da vitória sobre os males do mundo e inimigos de Deus. Quando é que, afinal, teremos descanso dessas lutas e derrotas, desses avanços e recuos no movimento de libertação hoje? A Páscoa nos leva a sonhar com esse domingo definitivo, no qual Deus encerra a sua obra de redenção e nos dá a paz, o descanso, gozo de sua presença benfazeja e criadora. Dentro da teologia luterana ressaltamos que o texto proíbe qualquer autonomia humana, assim como o Filho também não a tem diante do Pai. O Pai é que tem a iniciativa da salvação. O que ele faz, o Filho também faz. Essa ideia nos tira toda a angústia de ter que fazer o movimento andar à força. A libertação é dom de Deus e não podemos antecipar-nos a ele.

No mundo da tecnologia e do progresso de hoje, essa angústia também tem o seu paralelo: somos colocados profissionalmente numa engrenagem de obrigatoriedade de produção, de trabalho e de consumo pela máquina do tempo que nos envolve irresistivelmente como demônio. Os ecologistas de hoje clamam por uma limitação desse progresso, por uma satisfação antes da explosão final que ameaça destruir a criação de Deus. Não há crescimento ilimitado nem desenvolvimento que propicie necessariamente o bem. Alguém tem que parar essa lei que nos arrasta ao cataclisma. A cruz de Jesus, o Sábado de Aleluia e o Domingo de Páscoa e cada novo domingo do ano nos lembram do grande dia de descanso, do silêncio, da meditação, da leitura, da contemplação, da libertação da azáfama e correria de auto-salvação.

Apesar da gritaria de que o brasileiro não trabalha, não podemos permitir a abolição do domingo pelas indústrias, como já foi proposto e, em parte, também é praticado. O objetivo do trabalho não é, conforme a vontade de Deus, a destruição da natureza e do ser humano, mas a preservação da boa criação de Deus, a manutenção da vida de forma equilibrada e justa, como obra bela e agradável.

VI — Formas alternativas de celebração da Páscoa

Sintetizo algumas sugestões práticas, conforme A. Sommerauer, p. 172ss:

1. Passar várias horas da Noite de Páscoa na igreja, da noite à madrugada ou da madrugada até a aurora, com a família, com amigos, conhecidos, também com estranhos que pertencem à comunidade, não para ficar sentado nos bancos todo o- tempo, mas para participar de ideias pascais criativas. A juventude, por exemplo, causou sensação, quando dançou na igreja na Noite de Páscoa. A dança, como alegria transformada em movimento, pode ser expressão pascal. A celebração conjunta da fé não precisa ser monótona.

2. Realizar um culto na manhã de Páscoa no cemitério. Quem está de luto ou quem, mesmo sem luto, não tiver medo desse lugar, pode testemunhar a vida e desejar Feliz Páscoa aos vivos e aos mortos.

3. Cada celebração pode ser adequada para a Páscoa, desde o teatro até uma reunião social mais complexa.

4. Para muitos, a Páscoa é oportunidade de viajar. O homem urbano procura por compensação para a falta de natureza, de verde. É verdade que nem sempre encontra nisso uma parábola de Páscoa. Mas talvez um desvio do caminho possa ser uma oportunidade de reflexão e silêncio, de perceber outras formas de festejar Páscoa, ou simplesmente de ajudar alguém.

5. O coelhinho da Páscoa continua a sua presença entre nós, apesar de ser anacrônico na atual civilização. Talvez um cordeiro pascal, de massa de bolacha caseira, um para cada membro da família, forneça um símbolo pascal mais criativo ou memorativo.

6. Quem tem uma cruz em casa, indiferente se com ou sem o corpo do Crucificado, pode acender uma vela pascal diante dela, quem sabe, ornada com flores, o que também seria bom para valorizar positivamente a faxina pré-pascal, com que, em geral, as mulheres se cansam.

7. Quem achar que não vale mais a pena admirar-se, assustar-se ou ficar profundamente grato diante das palavras Eu vivo e vós também vivereis (Jo 14.19), e que não compensa ameaçar a Páscoa com tantas tradições como no Natal, faria melhor em estabelecer contato com pessoas que precisam de um parceiro fraterno para conversar sobre o vazio que experimentam na vida: sem sentido e sem Deus, absurdo, solitário, preso à morte, mas franco e honesto consigo mesmo.

VII – Subsídios litúrgicos

1. Confissão de pecados: Senhor Deus, Pai no céu. Nesta hora em que nossos pensamentos se voltam para a mensagem da ressurreição do teu Filho Jesus, te confessamos humildemente o nosso pecado. Deixamos passar o tempo sem anunciar que o teu dia da ressurreição já veio em Jesus e virá a nós todos. Passaram-se 10, 20, 30, 40 ou mais anos de nossas vidas e o teu trabalho de amor por nós continua, sem que nós o valorizemos. Confessamos-te que não fomos ver nem ouvir as numerosas pessoas que experimentam a solidão e o abandono que a morte produz em seu redor. O sábado, em que lembramos que o teu Filho estava dentro do túmulo, nos faz recordar o vazio que precisa ser preenchido com um diálogo, uma conversa, um carinho, uma presença, para vencer a morte. Tem piedade de nós, Senhor!

2. Oração de coleta: Senhor, dás-nos a tua palavra de amor e esperança na vida plena contigo. Graças te damos pela oportunidade de te ouvir. Congrega-nos como família que se alegra e celebra a tua presença criadora, a vitória sobre o inimigo do teu reino de descanso, paz e comunhão.

3. Oração final: Oremos pelos que desvalorizam a vida da pessoa, escravizando-a, violentando-a, explorando-a; pelos que se beneficiam de leis para reprimir e eliminar o direito do fraco, doente e pobre; pelos responsáveis da justiça, em especial do trabalho e pelos patrões, para que haja cumprimento do dia de descanso; pelos responsáveis da saúde, para que acabe o abandono, a preterição, a protelação da ajuda.

Oremos pelos líderes de grupos, comunidades e movimentos que, arriscando a vida constantemente, defendem e favorecem a vida, a comunhão da família de fé, a integração das crianças nos lares, pelas reformas para os sem-teto e sem-terra, para a organização dos sem-emprego e sem-defesa, para a proteção dos velhos, órfãos e abandonados.

Abençoa os que te procuram e confiam em teu poder da ressurreição e vida eterna. Amém.


VII – Bibliografia

– BAUMANN, H. (ed.) Was jeder vom Judentum wissen muss. Gütersloh, 1983.
– BULTMANN, R. Das Evangelium des Johannes. In: Kritisch-exegetischer Kommentar über das NT. 18. ed. Göttingen 1964. V. 2.
– DENKER, J. Auxílio Homilético sobre Jo 5.39-47. In: KIRST, N. (coord.) Proclamar Libertação. São Leopoldo, 1980. V. 6.
– DREHER, M. Auxílio homilético sobre Jo 5.1-16(18). In: DREHER, C. A. et KIRST, N. (coord.) Proclamar Libertação. São Leopoldo, 1982.V. 8.
– SCHMIDT, H. Meditação homilética sobre Jo 5.1-14(15-18). In: Göttinger Predigtmeditationen. Göttingen, out.-dez. 1977. V. 31(4)
– SOMMERAUER, A. Diesseits und Jenseits. Gütersloh, 1978.