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Introdução

Celebrar é um ato profundamente humano. Não acontece somente na esfera religiosa, mas está presente nos mais diversos espaços da vida. Há celebrações em eventos esportivos, artísticos, políticos, nas festas de aniversário, nas inaugurações, etc. Celebrar fortalece sentimentos, aproxima pessoas e solidifica a consciência de pertença a um determinado grupo.

Porém, num contexto religioso cristão, celebramos para nutrir a nossa espiritualidade cristã, através do encontro com Deus e com as pessoas da comunidade. Esse encontro não acontece somente no culto dominical, mas acontece, também, nos momentos em que os diversos grupos da comunidade (crianças, mulheres, presbitério, jovens, visitação,…) se reúnem para planejar, refletir, festejar. Segundo KIRST (2001, p.8) o culto cristão se articula em diferentes tipos de manifestações. Os tipos mais comuns são:

– o culto eucarístico (culto com Ceia – em muitas tradições, o culto principal, semanal, da comunidade);

– o culto batismal;

– as orações públicas diárias, celebradas regularmente em determinadas horas do dia;

– os ofícios casuais, nos quais a comunidade acompanha liturgicamente as mais importantes passagens na vida de seus membros (os mais salientes são benção matrimonial e sepultamento);

– os cultos especiais, como: cultos só de pregação (em muitas tradições, o culto principal, semanal da comunidade) de evangelização, de missão;

– as meditações ou devocionais que acontecem em toda sorte de reuniões e eventos na vida da comunidade.

Nessa oficina queremos exercitar uma forma de celebração bastante comum nos encontros e reuniões das comunidades: a meditação. Uma meditação não precisa ser relizada somente por representantes dos ministérios ordenados, mas pode ser elaborada e assumida por uma ou mais pessoas que se dispõem para essa tarefa. Com alguns cuidados básicos, podemos elaborar meditações bonitas e significativas para o grupo. Para isso, é muito importante que as pessoas não sejam atingidas apenas de modo racional. É fundamental que as pessoas sejam tocadas integralmente, ou seja, que as pessoas possam meditar sobre o seu comportamento e sobre as suas idéias a respeito do tema que perpassa a meditação.
 

Metodologia para elaborar uma meditação

1) Planejamento

Antes de desenvolver uma meditação é fundamental fazer um planejamento e estabelecer alguns passos. É importante que o grupo responsável pela meditação preste atenção aos seguintes aspectos:

a)Qual é o tema que será abordado na celebração? O tema pode partir de um texto bíblico ou da própria realidade em que o grupo está inserido.

b)Quem são as pessoas que participarão da celebração? Idosas, crianças, jovens ou adultos? Vivem num contexto rural ou urbano? Que tipo de música gostam de escutar e de cantar? Quais são suas alegrias e preocupações?

c) Como é o ambiente onde será realizada a celebração? O espaço é grande ou pequeno? Interno ou externo? Permite uma maior ou menor movimentação das pessoas? Tem cadeiras para todos? As cadeiras serão colocadas em círculo ou semi-círculo?

d) A que horas do dia acontecerá a celebração? Qual a época do ano? Qual é o tempo litúrgico? Qual o tempo de duração da meditação?

e) Quem participará da coordenação? Quem vai fazer o quê?

f) Que símbolos vão ser usados (velas, cruz, bíblia, flores, toalhas para o altar)? Serão usadas dinâmicas (que material será usado para desenvolver a dinâmica)?

2) Desenvolvimento

Materiais que facilitam a elaboração de uma meditação: Bíblia, cancioneiros ou hinários, chave bíblica, Livro de Culto da IECLB, textos diversos (meditativos, reflexivos, poemas, crônicas, Senhas Diárias,…), material para dinâmicas (panos, cola, cartolinas coloridas, papel ofício de diversas cores, tesouras, revistas, canetinhas, giz de cera,…), Cds diversos (música instrumental, com músicas de cancioneiros ou hinários, músicas diversas), aparelho de Cd.

Não há receitas prontas ou estruturas prontas para se preparar meditações. Elas, não necessariamente, precisam atender a uma determinada forma ou estilo com passos litúrgicos rígidos. Podem ser adaptadas conforme a realidade de cada grupo. Abaixo, arrolamos alguns passos que podem ser úteis na hora de elaborarmos uma meditação:

a) Acolhida

É o momento das boas-vindas, de lembrar que queremos nos colocar sob o amor e a graça de Deus junto com as outras pessoas. Aqui, pode-se pedir que as pessoas acolham-se mutuamente, através de um gesto como um abraço ou um aperto de mão.

b) Invocação/Voto inicial

A iniciativa do ato amoroso é sempre de Deus. “Foi Deus quem nos amou primeiro”(Jo 4.10). Por isso, colocamo-nos à disposição desse amor, pedindo a presença do Deus Pai/Mãe, Filho e Espírito Santo (nesse momento, podemos acender a vela do altar, em sinal da presença do Deus da vida).


c) Canto

Através da música louvamos a Deus em parceria com as demais pessoas. Aqui, pode-se cantar um canto que possibilite a aproximação das pessoas, um canto de boas-vindas.

No decorrer da meditação, podemos incorporar cantos que refiram-se ao tema específico da meditação, que expressem louvor, adoração, confiança em Deus, gratidão, confissão de pecados.

d) Oração

Através da oração nos comunicamos com Deus. As orações podem ser espontâneas ou elaboradas com antecedência.
Uma oração pode ter várias partes. Por exemplo:

Petição: Quando pedimos algo.
Intercessão: Quando pedimos algo em favor de outras pessoas.
Agradecimento: Quando expressamos nossa gratidão por tudo o que recebemos ou por tudo que aconteceu conosco.
Arrependimento: Quando nos arrependemos de algo que fizemos e pedimos perdão.
Louvor/adoração: Quando expressamos a Deus o carinho e a confiança que sentimos por ele.
Numa mesma oração, podemos pedir, agradecer, interceder…

e) Leitura bíblica

Para a leitura bíblica, podemos lançar mão das Senhas Diárias, com leituras selecionas para cada dia da semana ou podemos pesquisar, através da chave bíblica, textos que estejam ligados com a temática abordada na meditação. Pode-se fazer leituras breves, usando alguns versículos ou podemos fazer a leitura, de forma dinâmica, de algum salmo.

f) Reflexão

Não é espaço para a prédica ou o sermão. Para o momento de reflexão, podemos fazer uso de crônicas, poemas ou alguma dinâmica ou podemos partir de um texto bíblico específico. O importante é que a reflexão sensibilize e envolva as pessoas sem se alongar demais.

g) Benção

Como grupo pertencente a uma comunidade, saímos da meditação confiantes na presença de Deus em nossa vida e no mundo. Através da benção, colocamo-nos sob a proteção de Deus. Segundo a equipe de liturgia da Revista Tear ( 2002, nº 7, p.9) a benção pode ocorrer de inúmeras formas: da pessoa oficiante para a comunidade, de maneira recíproca entre a congregação, com gestos ou sem gestos, de forma falada ou cantada.

h) Envio

Abençoados por Deus, saímos agradecidos e dispostos a servi-lo com alegria. Numa meditação final, podemos fazer a benção e o envio do lado de fora do local onde o grupo está reunido.


BIBLIOGRAFIA

EQUIPE TEAR. Revista Tear: Orações diárias da comunidade. São Leopoldo: Centro de Recursos Litúrgicos, nº7, Maio de 2002.

KIRST, Nelson. Revista Tear. São Leopoldo: Centro de Recursos Litúrgicos, nº4, abril de 2001.

KNEBELKAMP, Ari; TREIN, Hans Alfred. Liturgia como se faz. São Leopoldo: Sinodal, 1996. (Série Colméia)

SECRETARIA DE FORMAÇÃO DA IECLB. Manual para presbíteros e presbíteras: celebração. São Leopoldo: Editora Sinodal, nº 7, 1998.

Fonte: Caderno Semanas de Criatividade. Espaços de transformação: propostas educativas na atuação dos profetas. São Leopoldo, 2005.

 

Cat. Maria Dirlane Witt