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No dia 16 de junho de 2012, nas dependências da comunidade de Cruzeiro, a pastoral da agricultura familiar do Sínodo Noroeste Riograndense, realizou o seminário anual com a temática da Sucessão na Agricultura Familiar sob a assessoria de Cecília Bernardi.

Inicialmente fomos motivados com a reflexão bíblica coordenada pela pastora Alice L.K Griebeler que usou o texto base de 1Rs 19.19-21, em que o profeta Elias chama o seu sucessor Eliseu, que o acompanha na missão e posteriormente o sucede no oficio profético junto ao povo de Israel.

Em todos os tempos e setores da sociedade, o tema da sucessão se faz presente. Porém nos últimos anos a sucessão na agricultura familiar tornou-se um ponto polemico e preocupante e urgente na sua reflexão e encaminhamentos. Não é segredo para ninguém que as famílias diminuíram em numero de pessoas, a migração para os centros urbanos é imenso, além do envelhecimento da população rural. Aliado a isso o modelo urbano de ser e viver envolve as pessoas, a ponto de muitos perderem e mesmo negarem a sua identidade rural.

Culturalmente, a família, a escola e a sociedade, focalizam e reforçam o modelo urbano, induzindo e motivando a ida para os centros urbanos, reforçando e legitimando o processo que é conhecido como desativação do meio rural, que na prática significa o abandono de propriedades, o fechamento de escolas, sociedades, igrejas etc….( no linguajar popular : “ aqui esta acabando tudo” )

Ponto central na sucessão seja de qualquer setor é o jovem, a ser chamado e envolvido, tal qual Elias Chamou e envolveu Eliseu. A permanência do jovem no campo passa necessariamente pelo seu envolvimento e participação. Neste ponto, muitas vezes faltou-lhe e continua faltando espaço dentro da própria família e propriedade para colocar suas idéias em prática. O conflito de gerações não pode passar desapercebido, e muitas propostas dos jovens são vistas com desconfiança, o que agrava ainda mais a situação da sucessão. Por outro lado o setor educacional não reforça a questão da agricultura familiar e pouco promove a troca de experiências entre jovens agricultores, legitimando uma educação voltada ao modelo urbano.

iante da situação e pela suma importância do setor da agricultura familiar o governo federal volta-se com políticas publicas de incentivo a produção de alimentos e permanência do agricultor no campo, bem como política de incentivo a serem implementadas para a permanência de escolas rurais ou mesmo a reativação de escolas pólos com incentivos econômicos, dentro do projeto, o qual podemos denominar de Recampenização, ou seja, em parte, manter a pessoa no campo, ou mesmo motivar a volta. Promovendo a sua auto-estima e que ele se reconheça como agricultor.

Mudanças precisam ser provocadas e promovidas. Assim, instituição tem importância, bem como a Igreja, no sentido de valorizar a pessoa e que ela se sinta alguém importante e imprescindível na cadeia social e econômica, em constante modificação no tempo atual, mas que não pode abrir mão do essencial que é a produção de alimentos. Setor que através de sua diversidade e complexidade também abre inúmeras possibilidades, de modo especial para os jovens, que com o foco no conhecimento tem toda possibilidade e oportunidade de estarem colaborando para um mundo cada vez melhor e mais sustentável. Vamos oportunizar, envolver e chamar os nossos jovens para decisões conjuntas, confiar mais, na certeza que assim também estaremos errando menos.

Pela Coordenação
Pastor Élson Lauri Rysdyd