HPD nº 34 Já finda silencioso este ano do Senhor.
Letra: 1857, de Eleonore F. Reuss (*1835, +1903 )
Música: 1603, de Bartholomäus Gesius (*1560, +1613)
Poucos dias antes do Natal do ano 1857 Eleonore F. Reuss (1835-1903) recebeu a notícia do falecimento de sua amiga Maria Natusius, com somente 40 anos de idade. Maria era uma escritora cristã. Há poucos anos ela havia iniciado um lar para crianças problemáticas. Com corpo e alma ela se dedicava a educação de crianças mal-educadas. E agora, de repente, foi arrancada desta vida. Impressionada com este acontecimento triste Eleonora se pergunta: Por que Deus permite isso?
Esta pergunta ela expressa na 2ª estrofe do hino: Por que, Senhor, Deus meu? ou Por que é tão grande o pranto e breve o prazer?
Notem que neste hino Eleonora não expressa só sua própria dor; ela não diz (na 1ª pessoa do singular): Eu estou magoada; mas ela usa a 1ª pessoa do plural nós, nos; isto quer dizer: ela sabe-se ligada as muitas outras pessoas que passam por sofrimento idêntico e igualmente questionam Por que, Senhor, por que?
Porém, o hino não inicia com esta pergunta inconformada. Mas começa (na 1ª estrofe) com uma recomendação a todos que passam por luto ou problemas: Entrega ao Deus bondoso tua alegria e dor! As ânsias do passado, Deus as conhece bem, o coração magoado e as lágrimas também. Esta é a certeza que igualmente o Salmo 90 expressa no início: Senhor, tu tens sido o nosso refúgio!
Na 3ª estrofe do hino Eleonora Reuss se refere ao V.12 do Salmo 90, que diz Ensina-nos a usar bem os dias da nossa vida, para que nos tornemos sábios. E Leonora diz, como resposta a nossos Por-quês: Que sempre nos lembremos sem nunca duvidar, que o mundo em que vivemos teremos de deixar! Cada falecimento de pessoa querida é como uma aula na escola da vida. Somos ensinados que a vida na terra é como uma ponte, pela qual passamos, a fim de chegar para o outro lado. (Hebr.13,14: não temos aqui cidade permanente).
Não precisamos nos assustar da morte, nem temer o juízo final. Na 3ª estrofe o hino nos lembra ainda: Nós fomos batizados no nome do Senhor, e fomos resgatados por sua morte e dor. Nós pertencemos ao Senhor. Ele nos aceitou como seus filhos (ou filhas). No dia do batismo Deus disse SIM a nós. O Senhor disse: Não temas, pois eu te remi, chamei-te pelo teu nome, tu és meu (Isaías 43,1). Por isso mesmo podemos confessar alegremente: Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração!
As estrofes finais mostram, então, algumas conseqüências para nós que fomos batizados:
4ª estrofe: Com júbilo e louvor podemos olhar para o futuro. Não sabemos responder todos os Por-quês da vida e da morte, mas sabemo-nos abrigados nas mãos poderosas do Senhor. Não sabemos o que tudo acontecerá durante o novo ano; mas sabemos: – aquele que era o nosso refúgio até aqui, também o será no novo ano.
5ª estrofe: Por isso mesmo podemos, confiantes na senda prosseguir, vivendo, vigilantes, dispostos a servir. Nada de medo, horror ou pânico que nos fecham a boca, amarram as mãos e deixam sem ação! Mas com confiança e fé e bom ânimo podemos entrar no novo ano e servir ao Senhor com alegria (Sl.100,2). Servir com o dom que Deus concedeu, e cada um no lugar onde Deus o colocou.
Porém, convém lembrar que nossa fé muitas vezes passa por provações. Por isso, na metade da 5ª estr., as palavras se transformam em oração, em diálogo com Deus. Pedimos: Teu braço nos suporte, fazendo-nos vencer.
E a oração continua na 6ª estrofe: Vai tu ao nosso lado, sê nosso protetor! / E mesmo que passemos por ânsia e solidão: / Concede que alcancemos a vida e a salvação! – Uma boa oração, não só para o início dum ano, mas para todos os dias do ano: Vai tu ao nosso lado. Acompanha-nos em dias de alegria e de dor.
L.C.