É difícil conviver com o que é transitório. Pior ainda é descobrir-se provisório. Como ser e viver sempre dependendo, sem o controle de tudo e dos próprios passos? Como ser livre e feliz nessa condição, semelhante a uma eterna criança? Será que a vida é um brinquedo?
Devido os limites da provisoriedade humana, percebida cognitivamente, é comum encontrarmos pessoas que já fizeram muitas experiências religiosas e, por isso, interagiram com uma diversidade de propostas e filosofias também espirituais. Mesmo assim percebe-se nestas pessoas, que vagaram por muitos caminhos, uma sensação de vazio. Onde está o tesouro?
Caminhos são muitos, mas é preciso um para viver – Um caminho que preenche o vazio criado pela transitoriedade. Quem não sabe para onde vai e não acredita que o caminho pode ser uma grandeza que escapa ao seu controle, tal como uma dádiva, mesmo caminhando está perdido.
No vazio somos tentados a ser o caminho em vez do caminhante. O caminho não é nosso, a verdade e a vida também não são. O mapa do tesouro está na escolha de um caminho e caminhar despido de seus próprios, interesses, doenças e poderes. Para isso precisamos da fé. Optar por um caminho que, a princípio, por não ser nosso, pode nos levar a um destino bem diferente daquele que imaginamos.
As comunidades da IECLB, e as Igrejas cristãs que confessam Jesus Cristo como Senhor e Salvador, anunciam o CAMINHO da vida, O Cristo de Deus, a verdade e a vida. Insistem em denunciar as tentativas dos caminhantes apossarem-se do caminho e, assim, caminharem nos limites dos seus próprios horizontes na tentativa de superar sua dependência. Indubitavelmente ali se encontra o vazio, a arte da loucura humana.
O caminho que Jesus abriu no mundo cria espaço para o “caminhar juntos”; partilhar os fardos; fazer paradas para celebrar e dialogar na “mesa da comunhão”; receber novos caminhantes; chorar e estender o abraço, o ombro, a mão; ajudar e permitir que seja ajudado; despir-se do controle de tudo e interagir com o outro; perdoar e começar de novo; cair e levantar; alegrar-se e não ter medo do novo que está à frente; afinal, o destino é a eternidade que não conhecemos.
Testemunhamos a respeito de um caminhar permanente, em que os traços do final da caminhada já se encontram pelo caminho. A provisoriedade e a dependência da plenitude imprimem liberdade, sentido e alegria. O tempo de caminhada e o próprio caminho escapam do controle humano. Um caminho invisível, visível em toda a Criação por aqueles e aquelas que aceitam o chamado para a peregrinação. O tesouro de vida sem fim daquele que veio ao mundo da parte de Deus e tornou-se peregrino entre nós e permanece conosco a caminho: Jesus Cristo.