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Prédica: Zacarias 7.9-10
Leituras: hebreus 13.1-8 e Lucas 14.1,7-14
Autor: Arteno Ilson Spellmeier
Data Litúrgica: 15º. Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 16/09/2001
Proclamar Libertação – Volume: XXVI


1. Um olhar para trás e ao redor

587 a.C. – o povo judeu é subjugado pelo Império da Babilônia. A perda é grande: o templo está destruído – Jerusalém está em ruínas – o povo da terra de Judá está aos pedaços: os líderes políticos e religiosos, os trabalhadores qualificados, a mão-de-obra mais jovem são levados ao exílio na Babilónia. Em Judá, destruída e dominada, fica um povo remanescente com as suas organizações comunitárias, sociais, econômicas, religiosas e políticas destroçadas e desarticuladas. Os líderes e os trabalhadores qualificados faltam em todos os cantos: sem líderes religiosos a vida religiosa deixa a desejar, as leis perdem sua força. Sem líderes políticos e comunitários a articulação política pára, a organização social começa a apresentar problemas, a vida comunitária se esvazia, a relação entre as pessoas remanescentes complicam-se, o controle social exercido pelo grupo afrouxa-se, perdem-se os costumes. Parte das terras é abandonada. Faltam ferreiros, carpinteiros, seleiros… A economia começa a se desarticular por falta de dinheiro, por falta de mão-de-obra qualificada, por falta da força de trabalho jovem. Por falta de pessoal e de material, a cidade de Jerusalém continua em ruínas. Os lavradores estão endividados. A economia entra em colapso. Os impostos pagos ao Império Babilônico pesam. O dinheiro que seria necessário para reativar a economia e reconstruir o país é pago como dívida externa. Aos poucos, agricultores de outras origens vão se apossando das terras. Aumentam a pobreza e o número de casamentos fora do grupo étnico e das tradições grupais (Zc 8.10-12).

Chora o povo remanescente a perda dos vizinhos, da identidade, da tradição, do trabalho, da terra, do templo, da certeza de que Javé tem poder… As famílias choram a destruição de suas casas, a perda de seus parentes.

Chora o povo levado à Babilônia a perda da pai na, da casa, da roca, do templo, da identidade, da tradição, dos parentes que ficaram, da fé no Deus dos pais, do templo…

Como explicar a perda da guerra? Como explicar a destruição da cidade sagrada e do templo? Como continuar a acreditar que o Deus dos pais não abandonou seu povo, que ele não é mais fraco que os deuses dos babilônios?

Assim fala Javé dos exércitos: Fazei um julgamento verdadeiro, praticai a solidariedade e a compaixão, cada um com o seu irmão. Não oprimais a viúva, o órfão, o estrangeiro e o pobre, não tramais o mal em vossos corações, um contra o outro. Mas eles recusaram ouvir e deram uma costa arredia, e os ouvidos endureceram para não ouvir. De seus corações fizeram um diamante, para não ouvir a lei e as palavras que Javé dos Exércitos enviara por meio de seu Espírito, por intermédio dos antigos profetas. E houve uma grande ira, por parte de Javé dos Exércitos (Zc 7.9-12).

A resposta dos profetas antigos e do profeta Zacarias é:

a) Não foi Javé aquele que falhou, mas o povo de Judá por adorar falsos deuses, por não obedecer à lei do Deus verdadeiro, por não praticar a justiça e o direito do pobre;

b) Não foi Javé aquele que perdeu a guerra, mas o povo de Judá devido à sua desobediência. A destruição, a devastação, a dispersão e o exílio não têm a sua causa última na máquina de guerra dos babilônios, mas na ira de Deus. Esta ira precisa ser aplacada. Ela só o será quando o povo de Judá se converter, deixando de seguir os falsos deuses, obedecendo à lei e vontade do Deus de seus pais, praticando a justiça.

Passaram 50 anos. Ciro, o imperador persa, derrota o Império da Babilônia e inicia uma nova relação estratégica com os povos dominados: dá uma autonomia relativa aos povos dominados e às suas províncias, não as esvazia, forçando os seus líderes e trabalhadores qualificados ao exílio e, inclusive, permite que continuem a cultivar a sua religião e a manter os laços culturais e sociais existentes. A unidade do Império é mantida através da arrecadação do tributo e do imposto, que sufocam os povos dominados (Ne 5.1-5).

Em 538 a.C., formam-se as primeiras caravanas de exilados e seus descendentes que voltam da Babilônia à terra de Judá, às quais seguiram muitas outras nos anos seguintes. Naquele mesmo ano, iniciou a restauração do altar de sacrifícios e, no ano seguinte, a fundação do templo (Ed 3.8).

Judéia, 520 a.C., época em que atuam os profetas Ageu e Zacarias. Passaram os tempos difíceis, de exílio e de desarticulação do povo. Foram os tempos de perda e vazio, de sofrimento e desesperança, os dias sem futuro e sem perspectiva. É tempo de reconstrução da cidade sagrada e do templo, símbolos da unidade e da identidade! A ira de Deus foi aplacada, aparentemente. Ele confessa todo o seu amor pelo seu povo: Assim disse Javé dos Exércitos: Experimento por Sião um grande amor ardente, e em seu favor um grande ardor… (Zc 8.2).

Mas… será possível simplesmente continuar a vida, onde ela parou há 50 anos? Será que as pessoas e o seu jeito de pensar e sentir mudaram tão profundamente, que a ira de Deus foi aplacada? Ou terá Deus ficado menos rigoroso na aplicação de sua lei? Ou será que o longo sofrimento tornou o povo mais bondoso, unido, justo e obediente a Deus?

Será que dá para baixar a guarda, parando com as lamentações e o jejum em memória da destruição do templo, já que ele está sendo reconstruído?

A resposta de Zacarias é: Quando jejuais e fazeis lamentações, no quinto e no sétimo meses, e isto há setenta anos, é para mim, de fato para mim, que jejuais? Quando comeis e quando bebeis, não é para vós que comeis e bebeis? (Zc 7.5-6). Assim fala Javé dos exércitos: Fazei um julgamento verdadeiro, praticai a solidariedade e a compaixão, cada um com o seu irmão. Não oprimais a viúva, o órfão, o estrangeiro e o pobre, não tramais o mal em vossos corações, um contra o outro. Mas eles recusaram ouvir e deram uma costa arredia, e os ouvidos endureceram para não ouvir (Zc 7.9-11).
A resposta, portanto, é: Deus não é menos rigoroso em sua lei, e o povo de Judá não aprendeu a lição. Basta a situação melhorar um pouco que eleja deixa de praticar solidariedade, compaixão e justiça e quer parar de jejuar.

A promessa maravilhosa Eu os farei vir e eles habitarão no meio de Jerusalém, eles serão meu povo para mim, e eu serei o Deus deles para eles, na verdade e na justiça (Zc 8.8) não é dada às custas da lei, da verdade e da justiça de Deus, nem às custas do julgamento verdadeiro, do direito do pobre e da solidariedade com ele.

Deus não pára de amar seu povo, quando este se volta contra ele. O amor de Deus independe da vontade e do agir do povo, mas não da sua justiça e lei, a favor de toda a sua criação, em especial, a favor da parte mais ameaçada, das viúvas, dos órfãos, estrangeiros e pobres. A morte e ressurreição de Cristo não mudaram este jeito de Deus se relacionar com seu povo, esta sua vontade paterna, esta ordem de coisas, mas a confirmaram e a tornam possível. A morte e ressurreição de Cristo não esvaziaram, nem revogaram a lei, pelo contrário, radicalizaram-na e, ao mesmo tempo, a desqualificaram como instrumento de salvação.

Mas… será que também é possível ao povo continuar a vida em sua dimensão social e política, onde ela parou há 50, há 70 anos? Será que não há grupos com interesses e projetos de restauração divergentes?

A emenda só pode ser feita de forma mediada pelo passado, pois há diversos grupos com interesses diferentes dos antigos (o povo que ficou na terra X povo que está retornando do exílio, a população de Jerusalém X a população das vilas e zonas rurais, levitas X sacerdotes de Jerusalém…) e com diferentes prioridades quanto ao projeto de restauração (reconstrução do templo X renovação da aliança X restauração da herança X defesa da justiça). Nem sempre estes projetos se excluem, muitas vezes complementam-se mutuamente, mas neles se manifestam disputas pela hegemonia, pelo mando, e há chefes interesseiros. Os mecanismos do exercício da justiça praticamente inexistem. As ruínas a serem recuperadas e restauradas não são somente as do templo e da cidade de Jerusalém, mas também as do relacionamento social, jurídico, económico e político. É necessário buscar um modelo no passado, que seja comum, que esteja na memória do povo como sendo vitorioso, exemplar e da vontade de Deus. Por isso, o projeto de restauração de Zacarias baseia-se em dois mediadores históricos, que foram a base do bem-estar dos tempos de ouro do povo de Judá: o templo e a realeza davídica. O projeto realizar-se-á a partir dos seguintes passos: a) o templo será reconstruído; b) o Ramo Novo, como descendente legítimo de Davi, assumirá o poder, restaurará a coroa e irá reinar; c) o sumo sacerdote partilhará o poder com o descendente de Davi, assessorado por um conselho de paz; d) Javé mesmo restabelecerá, desta forma, a aliança com seu povo e fará acontecer tudo isso à medida que este obedecer à sua lei.

Na realização deste projeto de restauração, no restabelecimento da aliança entre Javé e seu povo é imprescindível que seja resgatada a justiça do portão e o direito dos pobres. A ética da aliança consiste, pois, de: a) a verdade e o julgamento verdadeiros são a base da prática da justiça (Zc 7.9a); b) a prática da justiça é mantida através do processo no portão da cidade; c) a solidariedade se manifesta no serviço à família, ao clã e aos fragilizados da sociedade (viúvas, órfãos, estrangeiros, pobres), e a compaixão sustenta e recria os laços de união nas famílias e no povo (Zc 7.9b); d) a defesa do direito dos pobres é a manifestação do julgamento de Deus, pois se há pobres, a sociedade é injusta (Zc 7.10a); e) a defesa da união das famílias, dos clãs e do povo é imprescindível, evitando os planos de destruição e de calúnia (Zc 7.10b).

O projeto de restauração de Zacarias, dirigido às comunidades e ao povo de Judá, é um projeto religioso, social, comunitário e político, a ser articulado conjuntamente pelo altar e trono, pelo templo e palácio.

Aproximadamente 500 anos mais tarde, o povo de Judá é disperso por longos, quase 2.000 anos.

As primeiras comunidades cristãs passaram a entender que o profeta Zacarias, ao falar do Novo Ramo (Lc 1.69), da nova aliança (Mc 14.24; Rm 11.27; I Co 11.25) e da restauração do templo (Mc 14.58) estava se referindo a Cristo. Como podemos interpretar a fala do profeta, hoje, 2.500 anos mais tarde, numa sociedade em que trono e altar estão definitivamente separados, em que sabemos que a cristandade, o poder político exercido pela Igreja, foi tão opressor e assassino como os Impérios Babilônico e Romano? Terá a vinda de Cristo, como aquele que estava sendo esperado para realizar a profecia de Zacarias, tirado dela a sua dimensão política, social, coletiva?

2. Como entender a fala do profeta hoje?

A mensagem do profeta Zacarias Fazei um julgamento verdadeiro, praticai a solidariedade e a compaixão, cada um com o seu irmão. Não oprimais a viúva, o órfão, o estrangeiro e o pobre, não tramais o mal em vossos corações, um contra o outro é mais que uma exortação a pessoas individuais. Ela faz parte de um programa de restauração da vida religiosa (templo), social e política (reinado). Como entendê-la e atualizá-la, se não a quisermos reduzir à vida individual, dentro de um mundo com a tendência preponderante de individualização e privatização?

A nova aliança em Jesus Cristo tem no agir de Deus a nosso favor sua origem, na prática da justiça, solidariedade e compaixão e no respeito ao direito do pobre sua continuidade e na promessa de Deus (Zc 8.8) a sua meta última.

Como articular, nessa nova aliança, a nossa vida na tensão entre o agir de Deus a favor de suas criaturas, a nossa responsabilidade por elas e a promessa de Deus Eles serão meu povo para mim e eu serei o Deus deles para eles? Como falar do projeto de restauração de Zacarias: a) a partir da morte e ressurreição de Cristo; b) para dentro de sociedades e comunidades de fé em crise de identidade, fragmentadas e dilaceradas em muitos sentidos?

2.1.

Falar do falso jejum hoje é uma coisa sem sentido, porque para a maioria das pessoas o jejum nada mais significa. Fome é atual, mas não jejum. Falar do jejum em memória da época em que o templo e a cidade de Jerusalém foram destruídos (em julho-agosto de 587 a. C.), em que o povo de Judá foi estraçalhado, líderes e pessoas qualificadas arrastadas para a Babilónia, para o exílio, nada significa para as pessoas de hoje. Refletir sobre o jejum forçado, a fome, falar sobre a situação das famílias, da sociedade e vidas dilaceradas faz sentido e é necessário.

O que está mais próximo, talvez, do jejuar em memória da época de Zacarias é o participar da Santa Ceia em memória da morte e ressurreição de Cristo. Será que o relacionamento dos cristãos e das cristãs não se parece, muitas vezes, com a prática dos judeus?

1. A prática em memória, muitas vezes, não acontece nem em função da morte e ressurreição de Cristo, nem em memória de sua presença entre nós na ceia e nem como início de uma prática de justiça. O que a ceia do Senhor tem a ver com a prática da justiça e da defesa do direito dos pobres num mundo em que anualmente milhares de pessoas morrem de fome? Fazei um julgamento verdadeiro, praticai a solidariedade e a compaixão, cada um com o seu irmão… (Zc 7.9-10).

2. Quando comeis e quando bebeis, não é para vós que comeis e bebeis? (Zc 7.6) A acusação é contra um ritualismo vazio, desvinculado da vontade de Deus, desvinculado da prática da justiça e da defesa do direito do pobre (ICo 11.19-22).

Ainda comemoramos a Santa Ceia como a dádiva suprema de Deus, recebida gratuitamente, sem nenhum mérito de nossa parte, ou já a transformamos em condição para entrar no céu, em ritual que nada mais tem a ver com a morte e ressurreição de Cristo e a prática concreta de sua justiça na política, economia e sociedade?
Ainda comemoramos a ceia e a presença do Senhor em nosso meio, como filhos e filhas, como cidadãos e cidadãs para renovar sua aliança conosco, para fortalecer-nos para o exercício diário da solidariedade e compaixão, para a vivência radical de sua justiça e do direito dos pobres?

2.2.

Na história da humanidade, governos que exerceram o poder em nome da fé cristã não ficaram devendo nada a outros no que diz respeito a crueldade, injustiças, fanatismo, concentração de riquezas e poder. Basta que nos lembremos dos milhares de pessoas mortas em nome de Cristo nas Cruzadas, pela Inquisição, no decorrer da conquista das Américas. Se no tempo em que o poder político estava nas mãos da Igreja cristã, esta não conseguiu realizar a proposta de renovação social, política e religiosa de Zacarias, será que é possível realizá-la dentro de outro modelo de governo, por exemplo, a partir do modelo democrático?

Fazei um julgamento verdadeiro, praticai a solidariedade e a compaixão, cada um com o seu irmão. Não oprimais a viúva, o órfão, o estrangeiro e o pobre, não tramais o mal em vossos corações, um contra o outro deveria ser o critério mínimo para a escolha do partido político a quem queremos dar a nossa confiança na administração de nosso município, estado e país. Para tanto, analisemos criteriosamente o programa e a prática do partido político com que nos envolvemos, tendo como critério a justiça e o direito do pobre.

Talvez não consigamos desta forma realizar a profecia de Zacarias em sua plenitude, mas estaremos dando um testemunho mais conforme com o evangelho e negando legitimação a um monte de picaretas que fazem uso da Bíblia para legitimar os interesses do grupo que representam em detrimento do direito à vida dos pobres e grupos fragilizados em nossa sociedade. O nosso agir político em nossa sociedade deve orientar-se pela proposta de Zacarias.

2.3.

Em Jesus Cristo ficou claro que Deus não abre mão de seu mundo. Cabe a cristãos e cristãs colocarem sinais deste senhorio, praticando a justiça, a solidariedade, a compaixão, o direito do pobre. Exercitemo-nos, pois, na prática da justiça e do direito, da solidariedade e da compaixão e da verdade, também em nossa comunidade de fé. Esta prática deveria ser o critério ético mínimo de nossa convivência. Em Cristo, no Novo Ramo, no Templo destruído e reedificado, no penhor da nova aliança estão dadas as bases da nova vida. A justiça de Deus não é menor que a justiça dos seres humanos. Ela é maior e, por isso, abarca e inclui a justiça exigida na convivência de seres humanos e natureza. A comunidade participativa, terapêutica, acolhedora e justa que queremos ser tem na graça da justificação a sua base e na prática da justiça a sua consequência lógica.

2.4.

A proposta de renovação de Zacarias é, antes de mais nada, política, social, religiosa, coletiva e programática, e está dirigida às comunidades e ao povo de Judá. Nada impede, no entanto, que cada pessoa a adote como critério de vida pessoal e modelo de relacionamento com Deus e a sua criação. Ela se articulará na comunhão dos crentes, sem que sejam suprimidas as dimensões política, coletiva e profética.

3. Subsídios litúrgicos

Confissão de pecados: Ontem eu vi, Senhor, uma criança maltrapilha e assustei-me; não por ela estar mal-vestida e suja, mas por me ter flagrado pensando que ela, em si, não deveria estar lá, pois, segundo os governantes nacionais, a pobreza está sendo combatida com sucesso e, segundo os países ricos, o desenvolvimento está atingindo os países de todo o mundo. Quando, no entanto, olhamos os índices de desenvolvimento, descobrimos que os países ricos estão ficando mais ricos e os pobres, mais pobres, que as pessoas pobres estão ficando cada vez mais pobres e as ricas, cada vez mais ricas.
Perdoa-nos por preferir, muitas vezes, seguir o canto de sereia dos propagandistas com interesses escusos e vergonhosos a encarar a realidade sofrida das viúvas, órfãos, estrangeiros, pobres.

Dá-nos disposição e coragem para pleitear a prática da justiça, solidariedade e compaixão e pela não-opressão da viúva, do órfão, do estrangeiro e do pobre em nossa sociedade e comunidade. Amém!

Oração de coleta: Deus de nossos pais, que nos amas sem exigir nada de nós:

Livra-nos de nossos traumas que nos aprisionam a nós mesmos, ao nosso passado e nos machucam. Queremos deixar-nos curar e libertar por ti, ó Deus Pai e Mãe.

Liberta-nos de nossos medos, que nos imobilizam e nos tornam covardes. Queremos escutar a tua voz confortadora e praticar a justiça e o direito do pobre.

Queremos celebrar a justiça por ti conquistada, Senhor, com aquele espanto dos que sabem que não a merecem e vivê-la, colocando-nos a serviço do teu projeto de vida e da libertação de tua criação de todas as formas de opressão e exclusão. Amém!

Intercessão: Agradecemos pelo teu inesgotável amor, por não abrires mão de tua criação, Senhor e Salvador. Agradecemos-te por nos convidares para ser o teu povo para ti e porque queres ser o nosso Deus para nós.

Pedimos pelas pessoas doentes, perseguidas, dependentes, desaparecidas, pelas que acham que podem manipular-te a favor de seus interesses, pelas pessoas desenganadas, idosas, jovens, crianças, desempregadas e desesperadas. Pedimos por todas as pessoas que têm responsabilidade na política, economia, educação…

Torna-nos capazes de viver de acordo com a nova aliança que fizeste conosco em Jesus Cristo: capazes de sonhar com uma sociedade justa como no modelo do profeta Zacarias; aptos a dar os passos necessários na política, comunidade e família para torná-la realidade; capazes de orientar os nossos passos na prática da justiça e do direito do pobre, no exercício da solidariedade e compaixão; aptos a viver o ministério da reconciliação.

Queremos comemorar a tua presença na tua ceia, Senhor, como filhos e filhas, como cidadãos e cidadãs, e viver de acordo com a tua vontade. Amém!

Bibliografia

GORGULHO, Gilberto. Zacarias : a vida do Messias pobre. Petrópolis : Vozes / Metodista / Sinodal, 1985.
RUDOLPH, Wilhelm. Haggai – Sacharja – Maleachi. Gütersloh, 1976. (Kommentar zum AT).