Proclamar Libertação – Volume 34
Prédica: Lucas 15.1-3, 11b-32
Leituras: Josué 5.9-12 e 2 Coríntios 5.16-21
Autora: Ângela Zitzke
Data Litúrgica: 4º Domingo na Quaresma
Data da Pregação: 14/03/2010
O texto da prédica, referente à parábola do filho pródigo, bem como o texto do AT, onde se celebra a Páscoa, têm estreita ligação com o tema da reconciliação, abordado na leitura de 2 Coríntios.
O tema reconciliação está presente quando Jesus narra a parábola. Ele afirma que o pai tem amor incondicional e que aceita seu filho independentemente do que esse fez de mal ou do que faz para se regenerar; o pai o aguarda ansioso e está disposto a ajudá-lo. O pai não pode impedi-lo de ir embora, uma vez que lhe deu o livre-arbítrio, mas pode recebê-lo de braços abertos sempre que esse se abrir e aceitar o seu abraço gracioso e acolhedor.
A celebração da Páscoa é muito significativa para as pessoas cristãs, pois remete à entrega de Cristo feita em favor da humanidade. Esse gesto de amor, experimentado de forma radical, serve para mostrar ao ser humano até que ponto a autodoação pode chegar; pretende ser, além de um modelo, um ato salvífico, no qual a humanidade recebe seu amor e passa a vivê-lo em seu coração. Jesus morre, não para ser um pagamento substitutivo, e sim para “ser por nós”, para mudar a situação humana e mostrar que há perdão tanto para os que “comem com os porcos” como para os que “fazem tudo direito”, verdadeiros “irmãos irrepreensíveis”, como ilustra a parábola.
Afinal de contas, Jesus Cristo passa da dor para a resplandecente alegria, da morte para a vida, do sofrimento para a plenitude, das trevas humanas para a
luz divina. O perdão e a reconciliação são ofertados incondicionalmente e atemporalmente para todo ser humano que estiver disposto a aceitar a fé, romper o afastamento e abrir-se para a reconciliação com Deus em unidade com Cristo.
Para falar da reconciliação entre Deus e a humanidade, é preciso observar cinco passos em um processo no qual um passo dá seguimento a outro:1 (1) o ser humano reconhece que está afastado de Deus; (2) o pecado aliena o ser humano; (3) Cristo age em seu favor; (4) a morte é manifestação suprema de amor e (5) a nova relação de igualdade.
Primeiro processo: O ser humano reconhece que está afastado de Deus!
A reconciliação só é necessária quando duas partes reconhecem que estão separadas. No caso da linguagem bíblica, Deus é santo e o ser humano é pecador, portanto precisam de algo que os vincule novamente. Por causa dessa diferença, dessa hostilidade, o ser humano vive em estado de queda, um brusco afastamento do amor, do divino, do ser e da santidade de Deus. Enfim, ele está só.
Segundo processo: O pecado aliena o ser humano!
Como Deus não pode abrir mão de sua santidade, o ser humano tenta chegar até ele, mas não consegue. Vive uma ilusão, característica da natureza humana. Ao tomar o controle, movido pelo seu pecado, o ser humano acha que pode fazer algo por si e pelo mundo, mas sem o amor divino não consegue. Ele jamais conseguirá gerar obras de gratidão que não tenham um interesse secundário de vanglória, autopromoção ou benefício próprio. É a “boa intenção” que espera sempre por algo em troca.
Terceiro processo: Cristo age em favor da humanidade!
A reconciliação só é possível porque Deus age primeiro, mostrando o que é o amor incondicional. Todas as trevas que rodeiam o ser humano caído podem ser afastadas, e esse ser humano é preenchido pela luz e pela presença divina através de Cristo, que é o sujeito primordial da reconciliação. Se dependesse do ser humano, ele continuaria vivendo e atuando de forma má, pois é fraco diante dessa força natural em si. Mas graças ao Cristo, que está definitivamente presente e ao lado do ser humano, há sempre a oportunidade desse humano ser reconciliado com o que há de divino e não mais com o que há de mal em seu ser (dual).
Aceitar essa proposta de crescimento e de transformação, generosamente oferecida por Deus, só é possível através da fé. A fé, fator que vincula a humanidade maculada ao Deus que é santo, não vem da condição humana em se arrepender e pedir perdão. Essa fé, que representa o novo vínculo reconciliatório com Deus, vem de algo maior do que ele mesmo; é dada por Cristo através de sua entrega amorosa. Basta deixar que a fé o leve novamente até a casa do Pai, cada vez menos conivente com o mal em si e mais transformado pela ação de Cristo.
Quarto processo: A morte como manifestação suprema de amor!
Para Paulo, a morte tem papel central (Rm 5.6-10; Ef 2.13; Cl 1.20), pois é essa que efetua a reconciliação. A morte de Cristo não quer ser entendida como punição ou castigo, mas antes como uma prova do amor divino à humanidade ainda pecadora e ímpia. Ao se entregar até a morte, Jesus mostra a sua não-conivência com a maldade humana. Ele poderia ter reagido com violência diante da violência de atos desprovidos de amor, atos pecaminosos, mas optou por agir com amor em resposta à vontade humana de agredi-lo.
A morte de Cristo foi um ato de fé e de confiança no Deus de amor. Jesus morre para “ser por nós”, para mudar a situação humana graças à iniciativa divina. Sua morte é dádiva, é exemplo de perdão até mesmo diante da injustiça. É sinônimo de recomeço e oferta de nova vida. Pode-se concluir que a morte de Jesus deixa clara a opção de Deus em ser um Deus de misericórdia.
Quinto processo: A nova relação de igualdade!
A entrega doadora e amorosa de Cristo significa que sua dor foi real, pois a humanidade padecia na dor; seu sacrifício foi real, pois representava a maldade humana em seu estado de pecado e desligamento de Deus. O divino irrompe na história da humanidade para lhe oferecer a reconciliação mediante a fé. Essa é uma proposta tremenda que desafia a humanidade justamente a parar de sentir ou gerar dor e iniciar uma nova trajetória regida e guiada pelo amor.
A proposta de Cristo pede para que se pare com a produção de atrocidades e que se passe a viver em amizade e unidade. Nessa nova condição, o ser humano é tido como amigo de Deus; visto de forma igual e não-discriminatória ou partidária. O desafio trazido à humanidade é poder olhar uns para os outros sem discriminação, assim como Deus olha para seus/as filhos/as. A perspectiva divina para os relacionamentos humanos e planetários é que a igualdade amorosa se realize em seu meio, estendendo-se, inclusive, para todo o ecossistema – os animais e a natureza que habitam o planeta.
Reconciliação em dimensões pessoais e comunitárias: independente de sistemas religiosos, Jesus vem ofertar, através da reconciliação, o desafio da quebra de barreiras sociais. A inimizade entre judeus e gentios vinha da lei. Ao superá-la, Jesus demonstra que nem judeus (o correto irmão mais velho) tampouco pagãos (o irmão que está perdido no mundo, à procura de um sentido de vida) precisam fazer algo para reconciliar-se com Deus, a não ser amar-se, o verdadeiro caminho da superação. Depois que o pai recebe ambos incondicionalmente, contra qualquer conceito de justiça ou de mérito, cabe aos dois darem o passo seguinte e apertarem as mãos. Enquanto um deve abrir mão do orgulho e do prazer no reconhecimento de sua conduta exemplar, o outro deve abrir mão da vergonha e do prazer na maldade.
A família experimentou uma crise no retorno do filho, mas o amor do pai fez possível uma nova e aprofundada realidade de vida para a família. Ele ensinou o respeito mútuo. Percebe-se que a reconciliação é possível quando as pessoas optam em agir com respeito, reconhecimento de valor, admiração e manifestação de dignidade no relacionamento com o próximo e, inclusive, com a religião do próximo. Assim, judeus (irmão correto) e samaritanos/gregos (irmão perdoado e acolhido) são desafiados a dar as mãos e, num gesto de abraço afetuoso, acolhimento e respeito mútuo, unir-se para conversar sem brigas. O judeu experimentou a crise diante da alegria de salvação oferecida para o gentio. Assim teve a oportunidade de redescobrir qual era o seu próprio sentido de vida (Por que estava trabalhando ao lado do pai até aquele momento? Queria isso ainda? O seu prazer estava apenas em ser um exemplo para os outros? O que gostava e desgostava em sua vida? Como melhorar sem precisar ir embora como seu irmão mais novo e impulsivo…) e onde estava o fator motivacional de sua alegria; sua alegria está na promessa de Deus, que tem uma aliança inquebrável com ele (Lc 15.32: “tu sempre estás comigo, o que é meu é teu”). Todas as nações e religiões são desafiadas a conviver sustentando a reconciliação ofertada como dádiva divina em suas vidas e na vida dos povos deste planeta. Afinal, haverá harmonia no mundo e em toda a natureza quando a salvação ofertada for experimentada através da fé.
Enquanto não se encontrar através da fé, o ser humano também não saberá como aceitar a reconciliação oferecida a ele por Deus, que tanto lhe quer bem e quer bem às criaturas que vivem ao seu redor. É justamente nessa entrega e através dessa disposição em servir a Deus, ao próximo e à natureza que o ser humano se deixa reconciliar e transforma-se em servo: um verdadeiro instrumento nas mãos de Deus, filho amado e amoroso, que se entrega abnegadamente, respeitando-se e respeitando a vida ao seu redor. Isso não vem dele, mas é dom de Deus.
Reconciliação em dimensões sociais e globais: a reconciliação já foi irrompida por Cristo, mas agora desafia igualmente o ser humano a praticá-la e assim reconciliar-se com o mundo ao seu redor. Ele é convidado a parar de machucar ou parar de desconsiderar a natureza, num ato de desrespeito ou indiferença, e passar a lutar por ela, numa atitude de coragem, determinação e fé.
Nessa busca por uma solução ecológica para o mal que assola o planeta, seguramente o amor é a possível resposta para a união entre indivíduos, céus e terra. Somente através da reconciliação com Deus os seres humanos poderão existir em plenitude. Quando a pessoa é guiada não mais por seus instintos ambiciosos, que visam tão-somente o lucro através da exploração da natureza, e sim pela integração e manutenção da vida, com respeito e carinho pela vida no planeta, então estará pronta para experimentar a verdadeira libertação. Até hoje, a humanidade ainda insiste em viver o castigo, pois desrespeita e mata (foge da casa do Pai numa atitude egoísta e rebelde). A partir do momento em que essa unidade benéfica com Deus e as criaturas ao seu redor for uma realidade (readaptação do filho pródigo no lar que o acolhe novamente), a humanidade estará pronta para viver em favor da criação divina. Estará pronta para viver em unidade com a mesma, querendo para a vida no planeta o próprio bem que hoje quer para si. O filho mais novo fará as mesmas atividades que antes, mas com um novo sentido, uma realização que antes não tinha. Agora finalmente ele se sente em casa, em paz com sua vida e muito grato pelo lar que o acolhe. O lar possui agora uma “nova cara”, um “novo jeito”, um “novo sabor”. O filho mais novo redescobriu o brilho/sentido/ alegria de viver ao lado do Pai/Deus, que antes não conseguia ver.
A nova criação já começou através da entrega de Cristo. Isso significa que a transitoriedade de nossa situação presente é uma transição que vai em direção a algo melhor para este planeta. Através da fé, essa transitoriedade torna-se uma possibilidade real para toda a humanidade. Jesus iniciou uma nova vida. Imitando-o, a humanidade descobre que não precisa mais pensar no progresso como acumulação de bens materiais (a aparente beleza de usufruir da herança). A ênfase está justamente na qualidade de vida interior, bem como na realização enquanto ser familiar e habitante deste planeta (atividades que envolverão o filho mais novo depois do retorno ao lar). O seu sentido de vida é o que mais importa, e não o acúmulo financeiro que o faz destruir a vida do planeta e dos irmãos que trabalham ao seu redor. Essa mudança de atitude garantirá a manutenção da vida, pois o ser que habita este planeta é um ser dotado de sentido, de amor e de alegria (acolhido e sustentado pelo Pai).
A salvação da humanidade está no respeito entre irmãos diferentes, na abertura para o afeto incondicional do Pai e na nova conduta depois do aprendizado de retorno ao lar. O ato reconciliatório gera a verdadeira comunhão entre natureza e seres humanos diante do desvelamento da divindade, onde Deus está em tudo e tudo está em Deus. Desse modo, a reconciliação divina transmitida através da palavra de Deus e do gesto doador e amoroso de Jesus Cristo romperá fronteiras, não só entre nações e gênero humano, mas também para todo o seu ecossistema, e então se tornará verdadeiramente divina, amorosa e reconciliatória.
No judaísmo do primeiro século, as cidades do Oriente Médio ofereciam diversas oportunidades de diversão, muito mais do que a Palestina em questão. O processo de Pax romana implantou nas cidades todos os prazeres e luxos para encantar seus cidadãos (mais ou menos como o atual american way of life), tornando-os, tão-somente, reféns nas mãos de seus dominadores.2
Para o judeu, tornar-se “porqueiro” ou “cobrador de impostos” era virar gentio. Assumir esse “jeito de ser romano” significava ser conivente com o dominador. A essa altura, o filho já estava morto para seu pai, e qualquer judeu o teria desprezado se tivesse voltado depois de contatar com tamanha miséria. Atualmente essa situação de desentendimento narrada nos relatos bíblicos repete-se quando um grupo opta por excluir o outro, gerando exclusivismo e rejeição. O diálogo com o mundo no sentido reconciliatório não pode ficar fechado apenas entre confessionalidades cristãs. Pode expandir-se e reconciliar cristãos separa- dos, judeus, culturas negas, indígenas e asiáticas.3
Deve-se continuar lutando para manter essa reconciliação ativa, nunca apenas por parte de Deus, mas sempre por parte do ser humano, que ora aprende o amor e o manifesta, ora prefere o ódio e deixa que seus instintos naturais e corrompidos o guiem. Não só Deus nem apenas a humanidade são responsáveis pela vida no planeta, mas ambos a representam e juntos podem cumprir com o seu papel. Se o ser humano passar a contribuir unido com Deus em harmonia e entrega, então o planeta estará salvo.
Oração de coleta:
Amado Deus, agradecemos-te, pois em Cristo Jesus nos reconciliaste contigo. Já estiveste presente com teu povo na celebração da Páscoa, e esse rejubilou por celebrar tão importante marco de unidade e vínculo a ti. Hoje, através do teu gesto de vir até nós, temos o privilégio de retornar à casa do Pai sempre que nos conscientizamos do afastamento gerado pelo pecado em nós. Graças a teu amor incondicional, sabemos que manténs e sustentas o planeta e que, através de nosso coração disposto, nos usas para dar continuidade a teu ato reconciliatório entre todos os irmãos, povos, natureza e o planeta como um todo. Usa-nos, Senhor, até que a humanidade esteja totalmente reconciliada em ti na unidade com Deus através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.
Oração de intercessão:
Diante de tua atitude divina e amorosa, em que estendes tuas mãos para oferecer reconciliação, queremos humildemente aceitá-la e nos dispor a ser agentes de amor e de união entre os seres humanos e a natureza ao nosso redor. Por isso te pedimos para que abençoes todas as igrejas luteranas que se reúnem hoje e que, neste momento, celebram culto a ti. Pedimos por seus membros, presbitérios e obreiros/as. Cuida de suas famílias e auxilie-os para que atuem em seus postos de trabalho com responsabilidade e amor.
Também por nossos governantes pedimos que, diante do poder que lhes é outorgado pela sociedade, aprendam a administrar com sabedoria os desafios que lhes são propostos. Sabemos que, frente a grandes problemas, é preciso atuar com muito amor. Que tua proposta de reconciliação os alcance e transforme, bem como os seres pelos quais são responsáveis. Fortalece-os e guia-os por tua graça.
Por nossa paróquia/comunidade também intercedemos, pedindo que tu te manifestes transformando realidades. Abrimo-nos para teu poder de unir-se ao que é humano e assim reverter más situações em momentos de graça e carinho incondicional. Assim como o Pai acolhe o filho e lhe concede novo sentido de vida, pedimos-te que venhas até nós e nos ensines a gratidão e a alegria de te termos ao nosso lado. Faze de nós membros atuantes, que, assim como o filho mais velho, trabalham com empenho para o bem e a implantação do teu reino na terra.
Oração eucarística:
(Prefácio) L: É digno, justo e do nosso dever que em todos os tempos e lugares rendamos graças a ti, Deus eterno e todo-poderoso, por Jesus Cristo, nosso Senhor. Pois ele, em seu ato amoroso incondicional, entregou-se para nos reconciliar consigo e com o mundo ao nosso redor e nos aguarda ansioso, como um pai à espera de seu filho. Por isso, com toda a tua igreja e os coros celestiais, adoramos teu glorioso nome, cantando: (Com.) Santo, Santo, Santo (Em tua casa, n°43).
(Anamnese) L: Damos-te graças, Deus Pai Santo, pois é por causa do teu amor que podemos nos reunir ao redor desta mesa comum e partilhar do corpo e do sangue de Cristo. Ele nasceu, viveu e ofertou a unidade com Deus através do retorno à casa do Pai. Isso custou-lhe a vida e, graças a essa vida entregue, podemos retornar à unidade contigo, perdoados e reconciliados. Ele foi ressuscitado por ti, está contigo e no final dos tempos acolherá tanto a vivos como a mortos.
(Narrativa da instituição): Portanto todas as vezes em que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos a morte do Senhor até que ele venha e em completa integração reconciliatória com nossa comunidade/paróquia, nosso planeta, todos os povos e todo o ecossistema.
(Epiclese) L: Envia-nos, Senhor, o teu Santo Espírito unificador, que nos proporciona completa integração com o Pai, o Espírito do Cristo ressurreto, para que, partilhando o pão da vida e o cálice da salvação, nos tornemos, em Cristo, um só corpo, que anuncia a tua ressurreição.
(Mementos) L: Lembra-te de todas as pessoas que nos antecederam e que foram, por tua graça e acolhimento incondicionais, comunidade unida a ti. Guia- nos, pois, à festa da alegria, preparada para todo o teu povo, em tua presença, a qual esperamos na certeza de que essa unidade reconciliatória contigo, com os irmãos e com a natureza já faz efeito através de nós e em nosso lares. (Com.) Por Cristo, com Cristo e em Cristo (Em tua casa, n° 12).
Litania:
Este responsório pode ser feito com a comunidade. Ela começa lendo um versículo de cada vez do texto de 2 Coríntios 5.17-21 e o/a celebrante/a fala o trecho orado como resposta. Esses trechos podem ser mudados segundo a interpretação e oração que o/a obreiro/a achar mais adequadas.
17 (Comunidade lê o v. 17) L: Ajuda-nos, Senhor, a permanecer sempre vinculados em Jesus Cristo e em seu amor. Ensina-nos o significado e a verdadeira alegria de ser novas criaturas (leitura do/a liturgo/a).
18 (C: leitura do v. 18) L: Revela o prazer de vivermos segundo as coisas novas que ofereces a toda pessoa que está reconciliada contigo e vive pela fé, em profunda gratidão ao Altíssimo.
19 (C: leitura do v. 19) L: Teu perdão nos inunda e transforma. Agradecemos pela oportunidade de acessar pela fé teu amor, experimentando-o vivo em nossos corações.
20 (C: leitura do v. 20) L: Aceitamos o desafio de viver o amor e, em unidade contigo, transmitir esse amor a toda a humanidade.
21 (C: leitura do v. 21) L: Tua vontade justa é que toda a humanidade se reconcilie contigo. Aceitamos o desafio e nos dispomos a servir, trabalhando pelo bem e, cada vez mais unidos contigo, unindo o mundo com teu amor incondicional e entregue. Amém.
Notas:
1 Processo observado na tese de doutorado que venho produzindo no primeiro semestre de 2009. Possui base, principalmente, na observação de teologias e dicionários do Novo Testamento, como George E. LADD, J. D. DOUGLAS, Alan RICHARDSON, Lothar COENEN e Colin BROWN.
2 A romanização dos territórios era visível em toda parte com a construção de ginásios, fontes, pórticos, templos, oficinas e escolas. Esses eram tidos como presentes, que fluíam de Roma para seus súditos, mas o que os “súditos” ignoravam é que o pressuposto desse fluir era muito maior e corria para o sentido contrário. “Camponeses do interior ansiavam pelos luxos da cidade; extravagâncias de outrora pareciam necessidades de agora; e o feitiço da excitação e das facilidades arrastava para as cidades filhos e filhas de lavradores” (SAVELLE, 1971, p. 301).
Até mesmo os africanos, asiáticos e europeus queriam desfrutar dos prazeres, negócios e educação proporcionados pelas urbes, e, assim, iam se entregando “à influência amolecedora do vício: pórticos, banhos e seletos banquetes. E isso chamava-se, para os ingênuos, modo de viver (humanitas), quando, na verdade, era apenas um elemento de escravização” (WENGST, 1991, p. 63).
3 Por muito tempo, o evangelho foi tido como impositor e civilizador, isto é, onde era recebido, fazia surgir uma nova civilização e uma nova cultura. Hoje em dia, sabe-se que asiáticos, indígenas e o povo de origem africana têm o direito de recuperar tudo o que simboliza o divino para eles, de acordo com sua própria língua e cultura, e assim libertar-se do discurso colonial (cristianismo de conversão) (GIBELLINI, 1998, p. 457).
GIBELLINI, Rosino. A teologia do século XX. São Paulo: Loyola, 1998. SAVELLE, Max. História da Civilização Mundial; as primeiras culturas humanas. Minas Gerais (BH): Itatiaia Limitada, 1971, v. 1.
WENGST, Klaus. Pax Romana, pretensão e realidade; Experiências e percepções da paz em Jesus e no cristianismo primitivo. São Paulo: Paulinas, 1991.
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).