|

Já vivemos 45 dias do ano novo, e o que realmente mudou? Já se tornaram realidades as felicitações e desejos de vida nova, vida boa, tranqüila, saudável, com sucesso e endinheirada? Na verdade o que sempre muda com o ano novo, é o calendário da parede. As demais coisas apenas “continuam”, a menos que NÓS mudemos.

Um tema interessante lançado pela OASE (Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas) chamou-me a atenção; “Ser humano é ser amoroso”. Reflito com o texto da presidente da Associação Nacional dos grupos da OASE, Sra. Elza Müller Janssen. Segundo a Sra. Elza, o tema lembra da essência da Criação divina. Deus é amor (1 Jo 4:8b), e ao criar o ser humano – homem e mulher, destacado entre todas as demais formas de vida, Deus deu-lhe a capacidade de amar. Não nos faltam exemplos bíblicos que demonstram a dimensão do amor manifesto em atitudes e ações entre pessoas, assim como as conseqüências desastrosas nestas relações por falta de amor.

Hoje fala-se em humanização. Humanizar o que? Por quê? Para quê? Um homem chamado Plauto (254-184 a.C) afirmou: “O homem é lobo do homem”. Mais tarde, essa afirmação foi popularizada por Thomas Hobbes, filósofo inglês do século XVII. A frase até foi transcrita e destacada em um importante livro de Pedagogia da década de 60, no curso de magistério. Um manual que continha ótimos princípios educacionais. Mas como é possível comparar um ser humano a um “animal irracional”, de quem a gente tem medo? Nas histórias infantis, o lobo sempre é apresentado como um animal mau, perigoso, traiçoeiro, que ataca sem esperar. Nós adultos, sabemos que uma matilha faminta representa uma fatalidade a qualquer ser humano.

A mais de 2.000 anos, inclusive na “vida moderna”, o homem continua lobo do homem. Plauto tinha razão. Cada vez mais vemos pessoas ganhando a vida à custa dos outros. Vivemos cercados por progressos e inovações, porém sufocados em meio a angústias e medos. Ansiamos por um refúgio ou uma saída quando ao nosso redor triplicam os roubos, assassinatos, barbáries nas relações de amor e respeito em família e nas comunidades. É gente que ataca gente assemelhando-se a lobo faminto, que desconhece e ignora os limites da ética, da moral, fundamentais para a preservação e convívio da humanidade. O processo de mercantilização da vida é assustador! A falta do genuíno amor é duramente percebida. Diante da irracionalidade que presenciamos em nossa geração, o que nos reserva o futuro? A continuar assim, caminhamos para a destruição de nós mesmos. Mas como impedir ou mudar essa realidade?

Quem pensou no ano novo, como efeito mágico de mudança, com certeza já se desencantou. Pois a única forma de humanizar a humanidade, é transformando o instinto selvagem que habita dentro dela. O único jeito é matar o lobo. Deixar de ser lobo pra ser gente.

O ser humano, criado por Deus continua amado por Ele. Jesus manteve a capacidade de amar e ensinou isso a nós da forma mais plena ao entregar-se à morte de cruz. “Amar não é curtir o outro”, mas “doar-se por ele”. Assim é que se mata o lobo. A Sra. Elza sugere “humaniza-ação”. Como fazer isso? Somente com o poder e sabedoria concedidos através da fé firmada em Cristo. Jesus disse: “importa-vos nascer de novo”. Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia, tome a sua cruz e siga-me”. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a salvará” (João 3 e Lucas 9:23-24). Eis a mudança necessária, capaz de transformar e fazer “o homem ser anjo do homem”.