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Uma professora de pequena estatura e grande determinação começou a freqüentar as reuniões de senhoras ainda solteira, em 1932, quando era professora em Picada Hartz, hoje Nova Hartz, RS. Em 1936 lecionava na escola da paróquia Martin Luther, de Porto Alegre e frequentava a OASE como única solteira. Casou se em 1942 e foi morar no Rio de Janeiro. Tinha se tornado então a dona Liselotte Zander (nascida Rotermund), esposa do Pastor Friedrich Zander. Ela lembra que era época da Segunda Guerra e as mulheres intercediam pelos maridos alemães ou de origem alemã presos na Ilha Grande.

 De 1945 a 1954 participou do reerguimento da OASE em Três Passos,RS, pois assumiu a coordenação dos grupos, inclusive nas filiais, distantes seis quilômetros uma da outra. “Quantas vezes fiz este percurso a pé”, escreveu mais tarde. Foi membro da diretoria da OASE do Sínodo Riograndense de 1948 a 1954, quando se transferiu para São Paulo, onde não demorou a fazer parte da diretoria do grupo local.

 O principal trabalho de Liselotte Zander a partir de 1965 foi reunir os grupos dispersos do então Sínodo Evangélico Brasil Central (SEBC) para um trabalho integrado. Conseguiu a presença de 70 mulheres de 15 grupos num primeiro encontro em Santo Amaro, SP, em 1965. Em 1968 promoveu o primeiro congresso no SEBC, com presença de cem participantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Logo seu campo era a Região I, para a qual organizou muitos eventos no Seminário de Pregadores em Araras, RJ. Programas e correspondências eram formulados em alemão e português. Ajudou a estruturar a OASE em nível nacional, na década de 70. Viajava muito de ônibus, inclusive para o Espírito Santo e Minas Gerais, por estradas ruins, até comunidades muito afastadas. Contava com bom humor as dificuldades que passava. Acostumou-se a dormir pouco. Quando deixou de presidir a OASE da Região I, em 1978, existiam ali 80 grupos.

 Liselotte lembrou Amós 5.4, quando entregou o cargo: “Assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei!” Mãe de três filhos e uma filha, orientada e apoiada pelo marido, sabia da responsabilidade de preparar-se bem desde as primeiras reuniões que coordenou: “É muito importante que as mulheres saiam de casa, e estas duas horas que passam na OASE devem trazer-lhes enriquecimento e comunhão”.

Em 18 de janeiro de 2009, Liselotte faleceu em São Paulo.

 Extraído do livro
 Retalhos no Tempo