Hoje estivemos (P. Jair e Pa. Clarise) na Ilha Redonda e em Pratas (São Carlos) conversando e olhando o que aconteceu nestes últimos dias. A chuva torrencial e a abertura (ou rompimento) de barragens que foram construídas no Rio Uruguai deixaram um rastro de destruição ao longo de suas margens. Conforme as fotos que estão em anexo, observamos que as casas do Balneário de Ilha Redonda que estavam na região mais baixa foram todas atingidas. A maioria dos móveis e utensílios de cozinha foram todos perdidos. Geladeiras, congeladores, colchões, cobertores e tudo o que se pode imaginar necessário para uma casa estão inutilizados. Num dos campings, os 13 Quiosques da família todos foram perdidos, restando o seu fundamento e nada mais. Todas as piscinas do Balneário da Ilha Redonda estiveram com pelo menos 4 metros de água. No dia da maior alta do Rio só restaram fora da água a parte alta da cobertura das piscinas.
Hoje o rio já tinha voltado para o leito. Tinha muito barro pelas ruas, caminhões da prefeitura juntando lixo e muitos tratores buscando água para lavar o que restou das casas. Muitos proprietários de casas não sabem o que fazer porque tem 15 a 20cm de lama sobre o forro das casas. Algumas pessoas tiraram os telhados, quando ainda tinham e estão lavando o lodo para ver se é possível recuperá-las.
Conversando com alguns moradores, percebemos que apesar da situação poucas pessoas perderam casas de moradia. A maioria das casas eram casas de veraneio e estabelecimentos comerciais. A senhora Ilse Timm, proprietária do Hotel Brasil e Presidente da Comunidade Evangélica de Ilha Redonda, compartilhou que esta enchente foi maior do que a de 1983. Ainda contou que não há pessoas de nossa comunidade entre as pessoas que foram desalojadas por causa da cheia. Ela disse “a gente se acostuma quando mora perto do Rio Uruguai.”
Já no Balneário de Pratas também houve perdas semelhantes aos de Ilha Redonda. Igualmente houveram perdas dos bens que molharam com a cheia. Em Pratas, a Pousada da Nena, membros de nossa igreja que hospeda os haitianos que trabalham na Aurora, a água chegou no segundo andar, inutilizando todos os colchões e muita roupa das alojados. A Aurora está dando apoio aos donos da Pousada e acompanhando os seus funcionários ali alojados.
Resumindo, as perdas materiais foram grandes, mas nenhuma vítima fatal foi registrada nesta cheia. A Prefeitura Municipal de Palmitos, bem como muitas pessoas voluntárias estão auxiliando na limpeza. Outra frente foi a arrecadação de roupa e outros materiais que aconteceram e já foram distribuídos entre os mais necessitados. Tanto quanto sabemos, não temos membros de nossas comunidades entre pessoas que perderam sua casa de moradia. Encontramos uma família que perdeu o telhado da casa em que moravam, mas já foram acolhidos por vizinhos. Esta senhora disse: “Fazer o que? Vamos comprar de novo o que a gente precisa para viver.
A solidariedade é grande. Pessoas que nem se conhecem estão se ajudando. É o amor que Cristo ensinou sendo vivido nesta tragédia. Rogamos que Deus continue fortalecendo com ânimo e força para que as pessoas reconstruam suas vidas e que esta enchente seja mais um aprendizado de que o Rio Uruguai tem margens e que estas devem ser respeitadas. Outro aprendizado é que nenhuma barragem pode evitar enchentes como foi dito aos ribeirinhos quando da construção, aliás, agravaram a situação quando foram abertas suas comportas ou estouraram, como a de Arvoredo. A natureza continua nos ensinando e nós insistimos em não aprender. Sabedoria a discernimento é o que precisamos.