Com muita alegria representantes dos povos Arara, de Rondônia, e Kaingang, do Rio Grande do Sul, participaram do Congresso Nacional da Juventude, ocorrido entre os dias 20 a 25 de julho, em Espigão do Oeste, Rondônia. A interação com os jovens luteranos foi uma surpresa agradável para esses povos.
Com a coordenação de assessores do Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN), Sandro Luckmann, Walter Sass e Jandira Keppi e a estudante de teologia Sabrina Senger, os representantes dos povos Arara e Kaingang ministraram as oficinas sobre povos indígenas, que aconteceram nas tardes dos dias 21 e 22 de julho. As oficinas ocorreram com a participação aproximada de cem jovens, nas duas tardes. As conversas entre os indígenas e os jovens oportunizaram aos Arara e ao Kaingang a exposição de suas realidades socioculturais, linguísticas, territoriais e sobre a política indigenista. Os jovens luteranos também fizeram perguntas e colocações das mais variadas, mas que demonstravam um profundo respeito por esses povos. No final, um ritual Arara, dançado por todos e todas, coroou o encerramento de cada oficina.
Os indígenas destacaram a importância desse tipo de evento para uma maior interação com os não-indígenas. Para eles é importante o contato pessoal. Isso favorece uma relação mais próxima com os não indígenas, quebra preconceitos e estimula o conhecimento e o diálogo sobre a diversidade etno-cultural e linguística do nosso país, tanto em relação aos povos indígenas como em relação a outros grupos étnicos, existentes também no âmbito da IECLB. Inclusive, nas oficinas houve a participação de jovens da Bolívia e da Alemanha, que participavam do Congrenaje e Fest’art. Essa diversidade e intercâmbio deve ser vista como nossa riqueza e assim valorizada pela Igreja e por toda a sociedade.
Além das oficinas, os jovens puderam conhecer o artesanato produzido pelas mulheres Arara. A venda desses produtos foi surpreendente. Trata-se, na verdade, de um público diferenciado, que valoriza produtos artesanais, que quer ter um contato pessoal com os expositores/as e que pergunta pela história do povo, que está por detrás de cada peça artesanal. Além disso, muitos jovens luteranos puderam ser “tatuados” com tintura de jenipapo feito por jovens Arara e outras tinturas feitas pelo jovem Kaingang.
Uma tenda foi montada pelo PROASA (Projeto de Agroecologia do Sínodo da Amazônia) e COMIN, com exposição de banners, fotos e materiais didáticos que possibilitaram aos jovens maiores conhecimentos sobre os povos indígenas e a agroecologia.
Paralelo ao Congrenaje também se oportunizou um momento de intercâmbio entre representantes Kaingang e Arara, que assessoraram as oficinas, através da visita do jovem Kaingang à Comunidade Arara do Pajgap, na Terra Indígena Igarapé Lourdes, município de JI-Paraná/RO. Apesar de breve, houve intercâmbio de saberes e realidades entre a comunidade indígena do norte e do sul do Brasil. A visita entre Kaingang e Arara despertou o interesse em dar continuidade ao intercâmbio, de acordo a possibilidades futuras.
O sentimento que ficou para os Arara, para o jovem Kaingang e para nós do COMIN é de alegria e satisfação por termos participado desse evento e do diálogo intercultural entre Kaingang, Arara e jovens luteranos e luteranas.
Jandira Keppi-COMIN/Projeto de Assessoria a Povos Indígenas de Rondônia
Sandro Luckmann – COMIN/ASKAGUARU-ESOI