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Leia o texto do pastor vice-sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho, Robson Luís Neu, também pastor na Paróquia Dois Irmãos (RS), sobre qual é a verdadeira base da comunidade enquanto sinal do Reino.

Graça e paz! Uma das tantas perguntas que acompanha e por vezes até mesmo angustia o povo de Deus é pelo local do Reino de Deus. Na oração do Pai Nosso, afirmamos que Deus está “nos céus”; ao final desta mesma oração, dizemos: “Pois teu é o Reino, o poder e a glória, para sempre.” No Credo Apostólico, confessamos que Jesus subiu “ao céu”, para estar ao lado do Pai. Frente a tais afirmações, o “Reino de Deus” pode parecer algo distante de nós, como se Deus estivesse numa extremidade e nós em outra.

Carlos Mesters, frade carmelita, biblista do Centro de Estudos Bíblicos, afirma que o Reino de Deus não pode ser procurado num espaço determinado. O Reino de Deus é experimentado no dia-a-dia de nossa vida, à medida que pequenos sinais seus são vividos. E toda comunidade cristã tem a tarefa de ser amostra do Reino. Em seu livro “Jesus Formando e Formador”, Mesters afirma: “Eis alguns aspectos do estilo de vida da comunidade ao redor de Jesus que a caracterizavam como amostra do Reino e que marcavam a formação dos discípulos ao longo dos três anos de convivência com Jesus e que até hoje servem de critério de revisão e de formação para nós: todos irmãos, igualdade homem e mulher, partilha dos bens, amigos e não empregados, poder é serviço, poder de perdoar e reconciliar, oração em comum, alegria” (p. 50-3).

Com base nessa reflexão, pode-se afirmar que a base da comunidade enquanto sinal do Reino não é o número de membros, nem a quantidade de saber, nem a hierarquia e muito menos o poder, mas sim a sua capacidade de viver a fraternidade. Este é um exercício diário e permanente. Muitas vezes, infelizmente, a realidade mostra algo diferente: disputas de poder, ranços, mágoas, hipocrisia…

Por isso mesmo nenhuma Igreja, denominação religiosa ou comunidade cristã pode se considerar o Reino. No dia-a-dia da vivência cristã, precisamos nos contentar com pequenos sinais do Reino. E isto é experimentado quando vivemos como irmãos e irmãs, superando preconceitos, partilhando do que temos, aprendendo a servir com alegria e sem interesses próprios, confiando na ação e no cuidado de Deus, colocando nossos dons e nosso tempo a serviço do bem. Oxalá Deus faça crescer os sinais do seu Reino também entre nós como IECLB e Sínodo Nordeste Gaúcho.

Pastor Robson Luís Neu, Paróquia Dois Irmãos
Pastor vice-sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho

Foto: http://ultradownloads.com.br