FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO; DESCEU AO MUNDO DOS MORTOS.
Em várias religiões, a pessoa é levada a reconciliar-se com seu Deus através de esforços e sacrifícios próprios. No cristianismo, cremos que Deus vem a nosso encontro. Na pessoa de Jesus de Nazaré, Deus assume a condição de ser humano. Vive como nós vivemos, desde o nascimento até à morte.
Após ser julgado e torturado com crueldade, o caminho que Jesus percorreu foi de extremo sofrimento. Morrer na cruz era algo terrível. O condenado, pregado à cruz, sentia a morte chegar de forma lenta. Aos poucos, perdia sangue. Minuto a minuto o corpo pesava mais sobre si mesmo. E a respiração se tornava cada vez mais difícil.
Pregado à cruz, enquanto a morte se aproximava lentamente, Jesus teve várias reações, descritas nos Evangelhos. Viu os soldados disputarem a sua roupa. Deu orientações à sua mãe e ao seu discípulo amado. Ouviu risos, insultos e palavras de zombaria de quem foi assistir àquele espetáculo (Lc 23.48). Teve compaixão do ladrão que, a seu lado, também era crucificado. Com sede, pediu água, recebendo vinho amargo. E quando sua morte chegou, gritou para Deus sua dor, com palavras de um salmo: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?. Suas últimas palavras, no Evangelho de Lucas, foram: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!.
No sofrimento e na morte de Jesus, Deus vive os caminhos mais amargos pelos quais um ser humano pode passar. Desta forma, Deus quer mudar radicalmente toda a nossa postura em relação a sofrimento e morte. Passamos por momentos que causam sofrimento? Jesus conhece nossa dor. Acusações injustas nos angustiam? Jesus passou pela mesma situação. Vivemos o caminho lento e sofrido que leva à morte? Jesus caminha conosco, lado a lado. Quando, no maior desespero, gritamos a Deus nosso sentimento de abandono: Jesus compreende nossas palavras.
Jesus desceu ao mundo dos mortos. Enfrentou o maior medo que temos em vida: o medo da morte. Como é decisivo saber que também lá Jesus esteve! Quando nós estivermos lá, no mais profundo abismo, saibamos que não estamos sozinhos Como é importante saber que Jesus não permaneceu no mundo dos mortos, mas foi ressuscitado. Isto nos leva a crer e a confessar que também nós seremos ressuscitados. A força da vida derrotou, derrota e sempre derrotará o poder da morte. A morte, que é o momento mais solitário, passa a ser um momento solidário, de Deus conosco. As palavras do salmista o expressam bem: Se eu subir ao céu, tu lá estás; se descer ao mundo dos mortos, lá estás também. (Salmo 139.8)
P. Ms. Edson Edilio Streck – Pastor Sinodal do Sínodo Rio dos Sinos
Oração: Graças te damos, bondoso Deus, que estás conosco e nos fortaleces em todos os momentos em que andamos pelo vale da sombra da morte. Dá-nos, em sofrimento e dor, a certeza da tua presença. Dá-nos a esperança de que a vida não termina com a morte. Fortalecidos pela fé na ressurreição, ajuda-nos a derrotar os sinais de morte que querem instalar-se em nossa realidade. Amém.
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