|

Perfil da 1ª. Edição

Rui J. Bender

A efígie de um caboclo nordestino contrastando com a imagem da metrópole São Paulo – assim é a capa da primeira edição do Anuário Evangélico, que circulou em 1972. No prefácio, o então Pastor Presidente da IECLB, Karl Gottschald, reconhece que fazia falta uma publicação assim e acrescenta que o Anuário quer ser ¨um bom amigo do nosso lar e oferecer a pais e filhos literatura interessante, variada, instrutiva e, sobretudo, baseada na libertadora mensagem evangélica do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo¨.

Junto à ficha técnica da primeira edição, onde constam o pastor Heinz Ehlert como diretor responsável e o pastor Friedrich Gierus como redator-chefe, é mencionado que ¨com a publicação deste Anuário inicia nova sequência do antigo almanaque ‘Seleções Evangélicas—. Em suas 232 páginas, o Anuário de 1972 tem um calendário, o prontuário da IECLB, 38 artigos e 167 anúncios comerciais, além de passatempos e piadas ilustradas (como, por exemplo, o salto da bênção¨, que em 1992 virou capa de um livro de anedotas).

Um dos principais textos da primeira edição do Anuário Evangélico é o famoso ¨Manifesto de Curitiba¨, que nasceu no 7° Concilio Geral da IECLB em Curitiba (PR), em outubro de 1970. Este documento importante na época e um marco na história da IECLB apresenta teses sobre as relações entre a Igreja e o Estado e assuntos que preocupavam a IECLB naquele período difícil da história do Brasil (por exemplo, os direitos humanos). A manifestação foi entregue pessoalmente pelos pastores Gottschald, Kunert e Schlieper à presidência da República no Palácio do Planalto, com posterior audiência com o presidente da República.

Também mereceram destaque naquela edição os 25 anos da Faculdade de Teologia através de breve artigo de um estudante de teologia (Amoldo Mädche) e da alocução do então reitor da Faculdade, Dr. Joachim Fischer. Curiosamente, quando agora o Anuário comemora 25 anos, a Faculdade de Teologia festeja seu cinquentenário.

Preocupado em informar sobre o que acontece no mundo, o primeiro Anuário traz um artigo sobre os Jogos Olímpicos, assinado pelo pastor Meinrad Piske, com vistas à Olimpíada de Munique em 1972. O autor diz no seu artigo que ¨os jogos olímpicos, como confraternização universal, podem colaborar para um estreitamento das relações entre os povos, visando à edificação da paz¨. Infelizmente, aquele evento foi manchado com o sangue de vários atletas israelenses num ataque terrorista. Aquele ataque provocou retaliações nos anos seguintes.

Porém, o Anuário também buscou informar sobre a realidade brasileira. Apresentou um relatório sobre as implicações da seca no Nordeste e uma matéria sobre o controvertido assunto da Educação Moral e Cívica. E um pastor relata sua viagem pelo Mato Grosso. Para mostrar o caráter ecumênico da IECLB, o Anuário apresenta a Igreja Metodista e o Serviço Interconfessional de Aconselhamento, além de um relato sobre a umbanda.

Enfim, o periódico não poderia deixar de ter alguns artigos de reflexão. Neste sentido, cabem ser citados Criação e evolução – dois conceitos que se excluem?, ¨O futuro das pessoas humanas¨, ¨Consolo no desespero¨, ¨Jesus Cristo – poder e sabedoria de Deus¨ e outros.

No intuito de resgatar um pouco a história da IECLB, o primeiro Anuário ainda traz artigos sobre dois pastores eméritos (J. Begrich e Th. Dietschi) e apresenta instituições da IECLB.


 

O autor é jornalista e reside em Novo Hamburgo, RS


Voltar para índice Anuário Evangélico 1996