Todos nós, também eu e você, sabemos que falar de dinheiro na Igreja Luterana – IECLB é assunto complicado. Porém, é indispensável e imprescindível que reflitamos sobre isso na vida em comunidade.
O PAMI (Plano de Ação Missionária da IECLB) nos mostra que para colocar em prática o 3º Artigo da Constituição da IECLB é preciso saber cuidar de maneira criativa dos recursos financeiros da Igreja. Precisamos administrar de modo sustentável nossa vida comunitária. Isso nós já sabemos de longa data. Contudo, de maneira recorrente, precisamos instruir as Comunidades e Paróquias, com seus membros, lideranças e presbíteros acerca da responsabilidade financeira com a vida da Igreja.
Prover recursos financeiros e zelar pelo patrimônio faz parte da vida em comunidade. Podemos ver este assunto como um “problema” que incomoda negativamente ou como uma “necessidade” que, sendo bem trabalhada, torna-se uma experiência gratificante.
Nós, da Paróquia Luterana Caminho da Fé em Alta Floresta, Rondônia, no Sínodo da Amazônia, temos muitas histórias para compartilhar. Segundo os presbíteros e lideranças houve momentos tristes, desesperadores e até mesmo, sem expectativa de solução para a crise financeira nas Comunidades e, automaticamente, na Paróquia. No entanto, queremos destacar o aspecto positivo da caminhada que temos feito como igreja em termos de contribuição, ofertas e campanhas.
O colega de Ministério que esteve como Pároco antes de mim (P. Edson Plaster) iniciou um belo trabalho de conscientização dos membros para que pudessem entender melhor o organograma da Igreja, isto é: qual a tarefa de cada membro para com a Comunidade, da Comunidade para com a Paróquia, da Paróquia para com o Sínodo e deste para com a IECLB em âmbito nacional.
Desde 2014 estamos continuamente fazendo estudos temáticos, bíblicos e reflexões com comunidades, grupos, presbitérios e lideranças para que possam entender qual a necessidade de contribuir regularmente para a manutenção da estrutura paroquial e o bom funcionamento das atividades comunitárias.
Nesse sentido, temos percebido um belo testemunho de fé, gratidão e compromisso com a causa do Evangelho. Foi constatado que as ofertas em culto têm aumentado em valor monetário. As famílias estão contribuindo com maior assiduidade e proporcionalidade para a manutenção das atividades na Paróquia. Os Tesoureiros das Comunidades tem conseguido cumprir com suas funções com mais facilidade. A Paróquia tem conseguido arcar com suas responsabilidades ante o Sínodo e demais instâncias.
Este trabalho de estudo e conscientização para melhor entendimento da responsabilidade financeira do membro para com a vida em comunidade, tem levado em consideração alguns fatores históricos que precisam ser vencidos. Por exemplo:
1) Existe entre nós uma expectativa da ajuda externa para os momentos de crise, porque no passado os problemas financeiros foram resolvidos desta forma. Atualmente, procuramos conscientizar que devemos ser responsáveis pela Igreja no local onde vivemos;
2) Também é comum haver uma preocupação apenas com a Comunidade local (congregacionalismo) ou somente com os problemas do nosso próprio ambiente (exclusivismo). Para isto temos procurado conscientizar as comunidades sobre a importância das ofertas em cultos, da Campanha para a Missão Vai-Vem, para o projeto Ação Confirmandos e outras tantas iniciativas que pensam além da vida comunitária local;
3) Nos primeiros estudos realizados em 2014 algumas pessoas acharam não ser conveniente falar em dinheiro dentro do templo. Isso se deve à compreensão de que o assunto “finanças” não se mistura com assuntos espirituais. Por meio de encontros bíblicos conseguimos elucidar que desde as comunidades apostólicas se falava e lidava sobre dinheiro e necessidades financeiras sem problemas de pudor. A questão financeira é um elemento crucial para o sustento diário de nossa vida. Para tanto, necessitamos aprender a lidar com tal tema também por meio da oração, leitura da Bíblia e amor ao próximo;
4) Nossas comunidades estão sendo conscientizadas de que não “pagamos” nada na Igreja. Não somos “obrigados” a dar dinheiro. Quando se fala em recursos financeiros na IECLB, sempre devemos entender como um gesto de GRATIDÃO e COMPROMISSO com a causa do Evangelho a partir do olhar da FÉ em Cristo. Contribuir e ofertar tem como princípio a gratidão a Deus por tudo o que Ele tem feito em nossa vida;
5) Em Rondônia vivemos num ambiente religioso muito plural. Há uma diversidade incontável de denominações religiosas. E, nem todas são coerentes com a pregação do Evangelho. De tal modo, acontecem abusos na área financeira. As atitudes desonestas de algumas entidades, tidas por religiosas, acabam criando um clima desagradável também entre os membros da IECLB. Por isso, os estudos realizados também procuram discernir entre comunidades comprometidas com o testemunho do Evangelho e instituições que não fazem jus ao nome “Igreja”. As Comunidades estão entendendo as palavras do apóstolo Paulo, que disse: “O que nos preocupa é procedermos honestamente, não só perante o Senhor, como também diante dos homens” (2Co 8.21)
Nesta caminhada com as oito (8) Comunidades e quatro (4) Pontos de Pregação da Paróquia Luterana Caminho da Fé em Alta Floresta, Rondônia, no Sínodo da Amazônia, temos aprendido, a cada dia, com o testemunho bíblico que nos ensina: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2Co 9.7).
Pastor Marcelo Peter
Alta Floresta – Rondônia
Sínodo da Amazônia – IECLB